75 - Você pode ter matado ela com esse golpe!

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HENRIQUE

Entro no andar de cima pela janela e é exatamente como me lembro. Paredes vermelhas, cama com colchão d'água e uma iluminação alaranjada. Este era o quarto principal, onde a mãe de Ingrid dormia.

A casa em si era grande. Tinham três quartos no andar de cima, dois banheiros e um enorme corredor. As escadas eram largas e de mármore, com um corremão de pedra. Dava muito bem para me esconder ali enquanto descia, o único problema seria a visão prejudicada. Mas foda-se, que atrapalhasse o quanto pudesse, desde que conseguisse chegar até Amora, estava tudo bem.

O local está barulhento, ouço muitas conversas no andar inferior. Inclusive, a voz de Igor e Lázaro ecoam pelo local, juntamente a de dois homens, que julgo ser Rocha e Ivanov.

Eles estão conversando algo sobre como os idosos da cidade merecem mais respeito, o que soa um tanto quanto confuso. Da onde veio o assunto? Juro que pensei que eles já chegariam estilo ninja. De qualquer forma, seu planejamento era o de menos, desde que desse certo.

Vou andando vagarosa e silenciosamente para fora do quarto, e saio pelo corredor na ponta dos pés. Não sei se está maior do que a última vez que andei ou se realmente estou tomado pelo nervosismo, mas parece que demoro uma eternidade para chegar nas escadas.

Assim que a alcanço, observo todo o local de rabo de olho antes de realmente descer, e a visão realmente é de filme de terror.

Amora estava AMARRADA um uma cadeira, no meio da sala, simplesmente desmaiada. Ingrid estava sentada ao seu lado, observando os detalhes de seu rosto, enquanto Thomas e Rocha estavam conversando com meus amigos à porta. Porra, aquilo realmente era uma loucura.

NARRADOR

Janna estava extremamente nervosa, e consumida por uma raiva que quase não cabia em seu peito. Odiava o fato de sua amiga estar naquela situação, simpelsmente porque uma maluca cismou que a mesma é o motivo de seu ex marido não querer reatar o casamento.

Na verdade, não conseguia entrar em sua cabeça como Henrique já se relacionou com ela em algum momento. Ingrid era doida de pedra, e precisava ser internada em uma clínica psiquiátrica urgentemente. Não antes de levar uma porrada muito bem dada. Janna jamais permitiria que ela escapasse dessa sem ao menos um olho roxo.

A mulher pulou pela janela com um pouco de dificuldade, pois como Henrique mesmo disse, a entrada era muito pequena. Mas depois que entra, depara com uma cozinha enorme.

Uma bancada americana, rodeada de cadeiras. Geladeira de última geração, da cor vermelha, super personalizada. Fogão de luxo, e um lustre de cristal no teto. Janna ficou embasbacada, pois como uma boa cozinheira, aquele lugar era praticamente um sonho.

Mas afastou os pensamentos, pois precisava agir. Amora precisava de sua ajuda, agora mais que nunca.

Rodeou o local, a procura de algo que pudesse ferir. Até cogitou levar um facão, mas achou muito extremo. Sabia que na hora da emoção seria capaz de tudo, e não queria ter sangue em suas mãos.

De qualquer forma, pegou uma pequena, pois corria o risco da mulher estar armada. Melhor ter uma carta na manga do que estar de mãos vazias.

A parede era cheia decorações. Quadros de todos os tipos, com desenhos que aparentavam ser muito caros, mas algo lhe chamou a atenção. Em uma delas, tinha um taco de beisebol, solitário. Janna logo chegou a conclusão de que deveria ser um objeto colecionável, mas pouco se importou. Apenas pegou para se defender, e no mesmo instante já se seguiu mais segura.

Andou silenciosamente até a entrada do recinto, e observou a cena horrorosa em silêncio. Sua melhor amiga estava amarrada à cadeira, desmaiada.

Janna tem um transtorno psicológico da personalidade limítrofe, também conhecido como borderline. Tinha o pavio curto, e era extremamente impulsiva. Ali, sentiu uma grande necessidade de partir para cima daquela mulher maluca sentada ao lado de Amora, mas se segura ao máximo, pois sabia que a atitude poderia estragar tudo.

Doce como Amora ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora