63 - Uma gostosa não daria bola para uma garotinha irritante

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AMORA

O álcool me atinge como um anestésico, cumprindo sua função com maestria. O lugar estava iluminado com uma espécie de luz negra, e vários funcionários sem uniforme estavam ali. Me passava pela cabeça o questionamento: "será que seus chefes têm alguma noção de que isso tudo está acontecendo por aqui?", mas não me importei, porque de fato não era problema meu.

A música que me atraiu ao lugar de fato não era do estilo favorito do DJ, que fazia questão de deixar tocar eletrônicas. Não que seja de todo ruim, mas de fato não sou fã. Mas, de qualquer fora, qualquer trilha sonora seria bem-vinda, desde que o álcool fizesse seu devido efeito.

Ícaro me acompanha a todo instante, mesmo percebendo que minha pseudo-pretensão por ele tenha se esvaído a partir do momento em que descobri que sua irmã tinha o mínimo interesse por mim. Sim, sou casada, beleza..., mas será que essa porra de fato importou no momento em que Henrique estava fodendo com a ex? Acho que não. Mesmo extremamente magoada, fiz questão de afastar esses pensamentos autodestrutivos, porque sabia que não me levariam para lugar algum.

Sempre amei dançar. A vida acabou me afastando do pole dance, mas nunca deixei de lado o exercício físico que tanto me prende. Os movimentos preenchiam cada parte do meu corpo sem ao menos precisar e esforçar. Soava como algo extremamente natural. Fecho meus olhos e sinto a batida. Até que, por alguns minutos, todo o peso da situação que estava vivendo se esvaiu por completo.

Sentia meu corpo dormente por conta da bebida, e nem reparo alguns olhares que me seguiam. Ícaro fica ao meu lado todo instante, mas nem se atreve a tentar algo, pois havia percebido minha necessidade de colocar para fora a dor que estava sentindo.

Tudo fluía perfeitamente, e era como se a juventude perdida estivesse sendo recuperada. Convenhamos que o fato de ter engravidado e casado cedo foi muito bom por um lado, pois sabia que jamais me sentiria sozinha. Quer dizer, pelo menos é o que eu imaginava. Mas por outro... não vivi nem a metade das loucuras que deveria ter vivido. Tive uma época de surto que sai transando com qualquer um, mas não durou tanto.

Resumidamente, não tenho quase nenhuma experiência.

Minha cintura mexe naturalmente, e, de repente, sinto a porra de um pau duro roçando na minha bunda. A porra de um arrepio percorre cada parte de meu corpo, e lembro-me imediatamente do puto do MC Mike. Homens nojentos do caralho.

Viro para trás bruscamente e encontro um rapaz quase menor que eu, com cabelo oleoso, jogado na testa, quase tapando seus olhos negros. Seu sorriso maldoso preenchia quase todo seu rosto, como se sua investida fosse algo inegável. Até que se tratava de um cara corpulento, mas porra, não tinha dado permissão para que aquilo acontecesse.

Quando percebe meu olhar, ele puxa meu braço um pouco mais forte do que deveria, virando-me em sua direção. Aproxima sua boca de meu ouvido e cochicha.

- Nunca te vi por aqui. É nova na empresa?

Sua voz era muito rouca, mas não de uma forma sexy. Era como se estivesse passando pela puberdade, mas isso não fazia sentido, pois suas feições eram maduras.

Tento não revirar os olhos, mas acaba sendo impossível. Estava querendo aproveitar a porra da minha companhia e jogar para fora todo aquele sentimento ruim. Não estava nem um pouco a fim de lidar com aquilo.

- Sou turista. Meus amigos - aponto para Ícaro - e Lara me trouxeram - forço um sorriso, mas acaba soando um tanto quanto debochado. Não me importo, pois quero afastá-lo o quanto antes.

Lara havia sumido desde o instante em que adentrou o local. Ícaro disse que ela tinha seus rolos e amigos ali dentro, e que, em algum momento voltaria. A garota era basicamente uma pipa avoada, ou seja, ninguém segura. Admiro isso, pois era exatamente como gostaria de lidar com minha vida.

- Isso é interessante. E qual o nome dessa turista maravilhosa? - encara meus seios, sem ao menos disfarçar.

- Olha - sorrio, constrangida -, desculpe-me, mas não estou interessada - sorrio e dou de costas. Ícaro observa a situação silenciosamente, apenas esperando o momento que deveria intervir, caso fosse necessário.

O homem não se contenta e pega no meu braço novamente. Ícaro dá um passo a frente e o peita.

- Yuri, deixe-a! Não percebeu que não quer? - esbraveja, dando um leve empurrão no rapaz.

- Ah, Ícaro..., ela nem me conhece! Não quero forçar nada, sabe que não sou assim, apenas quero que me dê uma oportunidade de conversa! - me encara, com olhar pidão.

Compadeço-me com seu olhar, dou um sorriso e falo.

- Ah, desculpe, mas estou acompanhada! - invento, torcendo para que a informação fosse suficiente para que aquele homem insistente saísse do meu pé.

- Ah, - encara Ícaro - já era de se esperar - dá um sorriso -, esse daí é o encantador de turistas - debocha.

Fico emburrada com a afirmação, e Ícaro se constrange imediatamente. O tal do Yuri era inconveniente para um caralho! Assim que abro a boca para falar algo, sinto um braço fino passar envolta de meus ombros.

Porra, esse povo é muito abusado. Encaro irritadiça o abusado da vez e percebo que era Lara.

- É o sonho dele! - responde Yuri, sorridente - Mas Amora está comigo! - se vangloria.

Ele dá uma gargalhada irritante e sorri.

- Ah, Lara - ri -, não inventa!

A garota sente-se desafiada.

- Por que estaria inventado? - arqueia a sobrancelha.

Pude perceber que os dois tinham muito mais problemas do que deixavam transparecer. Não julgo, pois nos poucos minutos que esteve por perto, o tal do Yuri havia conseguido me deixar extremamente puta.

- Duvido que uma gostosa dessas daria bola para uma garotinha irritante como você. Sério, Lara - dá um sorriso implicante - as pessoas não costumam se interessara por pessoas como você. Por mais que seja linda, a personalidade... porra, deus me livre.

Lara observa as ofensas silenciosamente, com um olhar perigosamente desafiador. As palavras, em minha concepção, foram completamente aleatórias e gratuitas. A garota não merecia tantas ofensas do nada.

Ela encara meu rosto, sorri e dispara um beijo lento e acalorado. Seus lábios eram macios, e se encaixavam perfeitamente aos meus. Até pensei em me afastar, mas o tal do Yuri precisava engolir seu veneno e aquela porra estava gostosa demais.

Ela agarra minha nuca e guia meus movimentos de acordo com sua vontade. Havia bastante tempo que não era beijada com tanto desejo como naquele momento.

Lara desce a mão em direção a minha bunda, puxando-me em sua direção e unindo nossos órgãos e seios. Porra, aquela sensação era excitante. Nossas línguas se entrelaçavam cada vez mais intensamente e porra, minha buceta piscava cada vez mais a cada movimento.

A carência gritava e, por um momento de tesão desacerbado, penso em puxar a sua mão em direção a minha calcinha, mas lembro que não estamos a sós e que, mesmo puta da vida, ainda era casada.

Afasto meu corpo daquela conexão magnética que tinha um grande potencial de me levar a loucura e encaro o Yuri, que olhava o beijo boquiaberto.

- Olha, - aproximo-me dele, com um sorriso no rosto. Porra, eu estava excitada pra caralho - uma gostosa dessas dá bola para uma garotinha irritante como ela sim.

Ele revira os olhos e sai de perto. Lara me encara e sorri, agradecida por ter seguido o roteiro. Sei que foi para jogar na cara do filho da puta, mas caralho, eu queria mais.

Doce como Amora ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora