Cap. 59 Isso nunca irá mudar

235 18 87
                                    

É muito fácil descobrir quando uma pessoa está mentindo.

Ou quando está tentando te contar algo que escondeu por algum tempo.

As pessoas transpiram, os olhos não param quietos, o corpo não para quieto, está sempre tenso e as palavras não saem tão firmes como gostariam. Existem aquelas pessoas que aprendem a mentir com facilidade, descobre quais são seus pontos fracos quando mentem e os elimina. Eu fiz isso por muito, muito tempo, treinei o meu corpo a se adaptar a mentir, mentir para os meus pais, mentir para os seguranças sobre a minha idade, mentir em jogos, mentir para os meus amigos, mentir até mesmo para mim mesma dizendo que estou feliz.

Mas hoje não é mais a mesma coisa.

Minha perna está tremendo desde o momento em me sentei nessa cadeira, já estralei todos os dedos das minhas mãos, de diversas formas diferentes, meus olhos não focam em nenhum ponto em especifico, apesar da paisagem maravilhosa que me rodeia.

Estou na cobertura do apartamento, terceiro andar, minha sogra fez um jardim aqui em cima, com uma grande e extensa variedade de flores, uma mesa decorativa para, provavelmente para tomar chá, a vista maravilhosa de Mahatma me rodeia nessa noite que não é possível ver uma única estrela, em compensação se vê o brilho da cidade, mas nada disso tirava a minha tensão.

Maxon pediu para preparem alguns petiscos para podermos comer e juro que só não agarrei o prato e o devorei inteiro, para não passar mal antes da hora. Ele está lá embaixo terminando de se arrumar, que se tudo ocorrer bem, quem sabe não saímos para comemorar em algum lugar.

É quase inacreditável como eu mudei no decorrer do tempo, o quanto ele me ajudou a me tornar uma pessoa melhor, e o quanto eu o ajudei a se tornar uma pessoa melhor. Eu vivia de mentiras e dinheiro, ele de curtição e prazer. Aprendemos a nos respeitar, a ter uma vida fora dos holofotes, a viver sendo felizes e não procurar a felicidade em coisas que só nos darão essa alegria por algum tempo.

Ouvi vozes da escada. Bebi todo o meu copo de suco de abacaxi com hortelã de uma vez, devia ter pedido de maracujá, mas agora já era.

Esse é o momento.

É só não surtar.

— Oiii. — Diz a morena me agarrando em um abraço apertado. — Senti tantas saudades de você, e como foram suas férias?

— Eu também senti saudades Cel, e as minhas férias foram ótimas e as suas? — Me desvencilhei dela indo até o seu namorado. — Oi Aspen.

— As minhas férias foram ruins, já que minha namorada, que convidei para curtir um tempo comigo, me abonou e me trocou pelas minhas irmãs. — Diz Aspen um pouco indignado.

— Entra pro clube, nem dormir no meu quarto essa daí dormia. — Diz meu namorado apontando para mim com a cabeça e tom de voz de desgosto.

— Se eu soubesse que você também estava nessa situação, teria vindo para Nova York antes, pelo menos poderíamos fazer alguma coisa juntos.

— Aí parem de drama, vocês já convivem com a gente durante nove meses, deixa a gente respirar longe dessa testosterona toda aí. — Diz a morena. — Mas o que era de tão importante que vocês queriam conversar? — Indaga.

PORRA.

É agora.

Só seja sincera.

É isso que você precisa ser.

— Vem, vamos nos sentar. — Diz Maxon se sentando ao meu lado. Com Celeste e Aspen na nossa frente.

— Bem... — Ele aperta a minha mão me dando força, nós dois mentimos, mas sou eu que tenho que contar a verdade. — Eu meti sobre várias coisas sobre mim para vocês.

Mudando os horizontesOnde histórias criam vida. Descubra agora