Cap. 24 Quem eu amo

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Capítulo revisado. 


São 03 da manhã.

Madrugada de segunda para terça.

Há quem diga que nessa hora os terrores que estavam presos no inferno envolvem e cobrem a terra assim como nossa mente e coração, trazendo tudo aquilo de ruim para mundo, e para os mais íntimos essa hora é chamada "a hora da abertura dos portões do inferno", quando os pecados entram e alguns demônios saem para procurar almas perdidas, apenas mais uma história de terror para os mais crentes acreditarem mas não sou esse tipo de pessoa, na verdade já houve épocas em que esse seria o horário mais apropriado para chegar em casa ou sair dela, nesse caso o único terror noturno que eu deveria me preocupar era o de ouvir minha mãe berrando atrás de mim enquanto eu desviava de móveis que apareciam na minha frente pela casa, não sei se era por estar cambaleando ou se minha mãe cismou outra vez e redecorou a casa, enquanto minha mente martelava devido altas doses de álcool, energético e gritaria, rezando para chegar na minha cama tentando evitar o máximo de roxo.

Mas nada disso parece tão assustador quando a sensação de impotência e solidão que estou sentindo.

Trata-se de um medo novo.

Ver Maxon acompanhado ontem não deveria significar nada, e eu continuo repetindo infinitas vezes isso para mim, mas depois que se passa noites dividindo a cama com alguém é normal, se torna um hábito constante e a companhia daquela pessoa e tão comum que só o fato dela se atrasar ou não aparecer você já sente falta. É como um vício constante, mas isso vai parar.

Eu acho.

É o caralho de uma situação onde você não tem o menor controle das suas ações e dos seus sentimentos.

Eu sei que estou me consolando com essa ideia e sei que eu ia me declarar ontem mesmo, mas porra, e se na verdade eu estiver me sentindo sozinha ou for tudo porque eu sempre perco quem eu amo e senti que talvez eu queria alguém ali para mim? Alguém só pra mim. Alguém comigo para tirar esse vazio constante que se formou depois da morte dos meus pais. Uma pessoa com quem eu possa contar. Não pedi para acontecer e a culpa é inteiramente dele por ser um bom...

Companheiro?

É isso aí, e eu já não tinha mais ninguém.

Eu já não tenho mais ninguém.

Outra vez.

Já que não conseguia dormir decidi levantar e dar um jeito em tudo.

Ou pelo menos tentar dar um jeito em tudo.

Mas assim que sai do banheiro pareceu que a noite demorava mais a passar. O relógio se movia tão lentamente que estava quase parado. Coloquei um moletom, uma blusinha mais folgada ia passar perfume, mas não tem mais motivos de ficar cheirosa durante a noite e então que eu reparei em uma camisa diferente no chão, praticamente em baixo da cama, estico meu braço até ela e é preta, lisa, e de Maxon, porra, por que caralhos você teve que deixar isso aqui? A depositei próxima ao meu nariz sentindo aquele cheiro delicioso que tanto me faz falta.

Que merda eu estou fazendo?

Eu sei que já fui idiota nessa vida, mas esses dias estou superando as minhas expectativas.

A jogo no chão fingindo indiferença e aproveito para pisar sobre ela elegantemente.

Eu ainda posso ter classe em uma situação como essa.

Acha que me pode magoar e sair impune assim? Ora, não mesmo.

Respirei fundo.

Calma, America.

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