Cap. 18 A vítima

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Capítulo revisado.


Amizade é uma coisa complicada, você não sabe quando é realmente amigo de alguém, ou quando uma pessoa deixa de ser um colega para ser um amigo.

É só complicado.

Então...

Cá estou eu arrumando colchões no chão da sala para mim, Marlee e Celeste. A princípio eu não queria, preferia muito mais ficar sozinha, porém elas me convenceram que eu precisava de apoio nesse momento difícil e já havia ficado muito tempo só. Então acabou que resolvi ceder.

Pelo jeito o Maxon falou que eu estava sofrendo pelo luto dos meus pais e quando eu neguei companhia quando elas chegaram na minha porta, quase apanhei, então deixei elas entrarem.

E preferível evitar uma tentativa de assassinato, ainda mais quando é você que é a vítima.

Como na minha cama não cabia nós três peguei o meu colchão de casal e as meninas trouxeram um que ficava guardado na casa delas.

Enquanto eu organizava a cama improvisada, Marlee pedia comida e Celeste escolhia um filme.

Era madrugada, mas quem se importava, foda-se que a gente tem aula amanhã.

Marlee pediu pizza, sorvete, chocolate, milk shake e refrigerante em uma quantidade que eu pensei seriamente se seria só para nós três as responsáveis por comer aquilo tudo. Mas como ela disse "já que hoje é dia para sofrer vamos sofrer com estilo e não a forma melhor do que com muita besteira e filmes", no caso ao invés de uma noite das garotas teríamos uma noite das calorias foi o que pensei.

Sentamos na nossa "cama" junto com a mini lanchonete da Marlee e passamos a comer.

— Não queria tocar nesse assunto, mas dizem que é bom botar pra fora então... — Soou a morena tentando achar as palavras certas. — Como eram seus pais?

Confesso essa pergunta me pegou de jeito.

"Como era meus pais?"

De que forma eu poderia descrevê-los?

Como se descreve algo que você não conhece?

Creio que não sei ao certo responder isso, sempre fui uma filha ausente, a pequena convivência que tínhamos eram brigas, as poucas lembranças boas são da minha infância e isso ainda é bem recluso. Meus pais trabalhavam bastante, sempre tinham algum evento ou reunião em outro país que fazia com que eles não ficassem comigo praticamente toda a semana, eu passava bastante tempo com meu tio Kota. Meu pai tentava o máximo possível estar presente em todos os jantares, para ele era o nosso momento em família, minha mãe já não se importava muito. Quando eu fiquei mais velha entrei para vida das festas e do álcool. O pouco tempo que tínhamos a noite juntos como uma família virou extinto por que era o momento em que eu estava na rua. A minha mãe sempre me acordava cedo aos gritos quando estava em casa porque algum dos seus jornalistas me flagraram em um momento não tão agradável assim, meu pai sempre tentava contornar a situação, mas acabava ficando sem argumentos no final e eu não dava a mínima, e também estava de ressaca, só queria o silêncio.

Bom, resumindo não tínhamos convivência para eu descrever meus pais como eles realmente eram, capaz de qualquer um dos funcionários das empresas saberem falar melhor do que eu, então para não as deixar sem resposta me esforcei para soar melhor possível ressaltando as qualidades com minhas boas lembranças.

— Bom.... minha mãe era a fonte da beleza e da delicadeza, quando era mais nova achava que ela tomava a água da fonte da juventude no café da manhã pelo o seu chá, porque suas fotos só eram velhas as qualidades de resolução e não havia nenhuma maquiagem exagerada ou photoshop incluso, muitas vezes troquei nossas xícaras porque eu queria ser criança para sempre.

Essa era a minha mãe a jornalista de moda que era a moda em pessoa.

— Quem não queria ter uma fonte da juventude em casa, não? — Disse a loira.

— Aah, pois se eu tivesse iria usar e abusar da minha beleza. — Falou a morena jogando seus longos cabelos pretos por trás do ombro. — No máximo mudaria de nome e de país para ninguém descobrir o meu segredo.

Rimos das teorias da maluca da Celeste.

Se for pensar direito não seriam uma ideia tão maluca assim.

— Bom, meu pai já era um poço de calmaria e compreensão. Jamais vi meu pai levantar a voz para uma pessoa em toda a minha vida. Ele sabia como te acalmar em qualquer momento ou situação, mesmo se ele próprio não estivesse calmo. Ele me entendia muito bem, sabia diferenciar cada uma das minhas feições. Sabia até descobrir quando eu estava mentindo, demorei muito para enganá-lo, se é que realmente o enganei. — Rir recordando as caretas do meu pai enquanto me interrogava sobre algum assunto.

Não era fácil enganar o meu pai, quando o mesmo formou em advocacia e ainda interrogava o meu tio a bastante tempo, era uma tarefa quase impossível mentir para ele.

— Sua família parece que era bastante divertida. — Disse Marlee.

Divertida não era bem a palavra certa a ser usada, erámos muito distantes um do outro, como se apenas vivêssemos na mesma casa, nada mais além disso. Erámos estranhos entre nós mesmo.

— Mas, você não tem nenhum irmão, ou primo, sei lá nunca ouvimos você falar de ninguém? — Indagou a morena.

— Eu tenho um tio. — Respondi.

— Mas vocês não têm contato, ou não eram próximos? — Perguntou a loira.

— Nós nos dávamos muito bem quando meus pais eram vivos, aprontamos muitas coisas já que nossa diferença de idade não era tão longa, ele era só três anos mais velho e meu pai gostava que ele cuidasse de mim para tomar responsabilidade, mas de uns tempos pra cá ele não queria nem olhar na minha cara, não sei bem o porquê.

Na verdade, eu sabia exatamente o porquê. Meu pai deixou em testamento que meu tio teria direito a 30% de uma das empresas e o resto seria todo meu, Kota não aceitou direito nada disso, ele sempre fez as coisas para agradar meus pais e de tudo para me prejudicar, para fazer com que as piores coisas aparecessem na frente da minha mãe depois vinha me consolar como o sínico que era para ninguém desconfiar de nada. Depois disso ele surtou saiu de casa como um passe de mágica nenhuma notícia sobre mim apareceu mais, foi quando comecei a desconfiar. Quando meus pais morreram ele tava lá, disse que ia ser o meu apoio já que eu não tinha mais ninguém além dele e fez questão de destacar que eu não tinha ninguém.

Esse era o problema sem mim tudo era dele, foi então que nossa união se ruiu.

Só que jamais iria contar isso para elas.

— Que estranho. — Disse Marlee

— Então nos afastamos e até hoje não nos falamos mais, só conversamos quando meus pais faleceram já que eu não estava em condições. — Expliquei

— Entendo. — Diz a morena.

O restante da noite foi mais tranquila, assistimos vários filmes, comemos bastante e rimos muito das gracinhas que a Celeste fazia.

Não pude deixar de sentir saudade dos meus melhores tempos com Kota, sei que é errado sentir falta dele, mas ele era meu confidente, meu professor, meu cúmplice, a gente formava uma excelente dupla, se meu tio não fosse tão egoísta e ambicioso, eu dividiria tudo com ele sem pensar duas vezes, mas ele tinha que ser interesseiro e querer tudo e estragar tudo.

E tem agora tudo.

Mas por pouco tempo, eu ainda vou te mostrar quem foi que você criou Kota, você pode até me ensinado a dar golpe, mas muitos truques eu aprendi sozinha. 

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OIOIOIOIOIOIOIOIOI MENINAS

Uma pequena revelação sobre um pouco do passada da America. 

Quero ver até aonde a mente de vocês vão para imaginar o que realmente aconteceu para ele mudar de país e como era a convivência com os pais. 

Beijos, se cuidem e até o próximo. 

Mudando os horizontesOnde histórias criam vida. Descubra agora