06 - "Cachorra"

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Heitor

— Não vai subir no palco hoje, Hanna Montana? — Romeo perguntou para Andrew, que forçou uma risada e depois revirou os olhos.

Romeo gostava de provocar, mas Andrew não se importava, simplesmente porque ele sabia que era bom. Quando chegasse, Celaena se juntaria ao Romeo para tentar tirar Andrew do sério, provavelmente ela é a única pessoa que consegue fazer isso.

— Você está quieto hoje — Romeu comentou, agora olhando para mim.

— Bom saber que além da voz do Andrew, você também sente falta da minha — Levantei as sobrancelhas, Andrew bufou uma risada e Romeo revirou os olhos, indo até o balcão do bar para buscar bebidas.

— Encontrou com a Isis hoje? — Andrew me perguntou com cara de quem sabia de mais alguma coisa.

— Você que contou da trilha para ela, não foi? — Eu sabia que ele estava concertando alguma coisa na casa dela e que poucas pessoas conheciam aquela trilha.

— Ela queria correr, eu sugeri o lugar — Deu de ombros com um sorriso. Andrew sabia que eu ia para lá com Ayla todos os dias.

— Apostamos uma corrida e eu ganhei dela, agora a mulher deve me odiar ainda mais — Ele tentou segurar uma risada e eu percebi que também estava sorrindo.

— O que há entre vocês dois? — Perguntou com divertimento e eu neguei com a cabeça.

— Nada, alguma coisa nela me irrita — Falei sem dar importância e Andrew me observou por alguns segundos.

— Isso, meu amigo, é tensão sexual — Ótimo, agora parecia que eu estava conversando com o Romeo, que mete sexo em qualquer assunto, principalmente quando envolve mulheres bonitas como a Isis.

— E você entende muito bem disso, né Andrew? — Fiz questão de falar com duplo sentido e olhar para a Celaena, que tinha acabado de entrar no Jack's e estava andando em direção ao balcão do bar.

— Cala a boca — Murmurou e eu sabia que a alfinetada tinha sido bem recebida.

Andrew tem o costume de fazer muitas perguntas ou sugestões quando pensa que um de nós está com problemas. Talvez a culpa seja do cérebro detetive/delegado que ele tem, mas mesmo não gostando muito de policiais reconheço que Andrew Farley é um dos melhores, em todos os sentidos. E isso não significa que eu queira seus conselhos agora.

Além disso, eu não estava com problemas. No entanto, tenho que reconhecer que eu passei mais do que alguns minutos do meu dia pensando na cicatriz que eu vi na perna da Isis nessa manhã. Eu não sei explicar o motivo, eu odeio quando as pessoas olham para a minha e fazem perguntas, mas com certeza não era só um ferimento por acidente. Só que não era da minha conta.

Falando no diabo, senti uma sensação de formigamento na nuca, como se alguém estivesse me observando, e quando me virei Isis Clay estava passando pela porta do bar, olhando diretamente para nossa mesa com aquele olhar de sempre, levemente irritado.

Isis usava uma blusa de lã vinho simples, mas que ficava muito bem nela, é claro, a mulher é linda. Linda de um jeito confiante e intensa. Qualquer uma das pessoas do bar que estavam olhando para ela nesse momento poderiam confirmar isso. Não pude deixar de dar um meio sorriso quando ela jogou o cabelo loiro para trás do ombro, ela sabia que as pessoas olhavam para ela, e Isis não se importava. Ela gostava.

— Ela é tão... — Andrew comentou baixo ao meu lado, olhando para Isis e perdendo as palavras.

— Eu sei, Andrew — Cortei antes que ele perdesse muito tempo pensando em um adjetivo para descrever alguém que era... indescritível.

Monstros do EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora