Monstros do Espelho

22 - "Complicada"

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Isis

Eu saí do carro depois de estacioná-lo em frente a minha casa e Heitor fez o mesmo. Com passos pesados de irritação eu marchei até a porta de entrada, pegando a chave no meu bolso.

— Você está brava comigo? — Heitor perguntou atrás de mim, com aquele tom irritante de divertimento.

— Eu pensei que tinha traçado um limite bem claro entre nós — Respondi sem olhar para ele.

— Você traçou — Ele entrou na casa atrás de mim, se abaixando para acariciar Toddy. Cão traidor.

— Você me beijou — Falei entredentes.

— Acredito que duas pessoas tenham participado desse beijo — Ele sorria e eu poderia esmagar a cara dele.

— Eu já te expliquei como isso tem que funcionar, Ferrara!

Flera: Será que você está brava por causa do beijo ou por que ele fez o que você queria e não tinha coragem?

— Isis, será que nós podemos falar sobre o que realmente importa aqui? — Ele se levantou — Bas está em Traverse, ele nos seguiu até aqui. Ele estava no mesmo restaurante que eu, e isso me faz pensar que provavelmente eu era o alvo desde o começo, não você — Respirei fundo, mudando meu foco.

— Você realmente acha que ele só me seguiu em NY por eu estar com você?

— Eu não sei. Talvez — O celular dele fez um barulho de mensagem chegando — Um segundo — Heitor pegou o celular.

Enquanto isso, eu fui até a cozinha e peguei um copo. Eu precisava de um pouco de água. Na verdade, eu precisava de algo mais forte. Abri o meu armário e peguei uma garrafa de whisky, colocando um pouco para mim e para Heitor.

Quando ele se apoiou no balcão da cozinha, com os olhos grudados no celular, percebi que algo estava errado.

— O que foi, Ferrara?

Heitor apenas virou o celular para mim. Na tela, uma mensagem de um número desconhecido dizia "Ivan Basile", apenas.

— Isso é... — Comecei e ele completou.

— O nome verdadeiro do Bas, provavelmente — Heitor passou o polegar na cicatriz pequena perto do lábio, pensando.

— E quem te mandou isso?

— Boa pergunta. Eu não sei. Talvez ele mesmo tenha mandado e seja uma armadilha, um nome falso para nos despistar. Eu não sei.

Isso tudo estava começando a ser demais para mim. Perseguição, mensagens anônimas, esse homem na nossa cidade... Respirei fundo, eu não posso perder o controle. Enquanto eu me acalmava, Heitor estava pensativo e eu conseguia perceber que seu cérebro estava conectando várias coisas, tentando entender a situação.

— Se Bas realmente estiver atrás de mim, eu estou te colocando em perigo — Heitor deu um gole na bebida e eu neguei.

— Você não está me colocando em merda nenhuma. Se ele estiver atrás de você, eu me aproximei de você porque eu quis, então se eu estou correndo algum risco é por uma escolha minha — Ele olhava nos meus olhos, firme.

— Mesmo assim, se você quiser se afastar por segurança... — Eu interrompi, mas sem levantar a voz.

— Vai se foder, Ferrara — Ele arregalou um pouco os olhos — Não me trate como a garotinha indefesa que eu nunca fui. Você nem sabe se ele está atras de mim ou de você. Independente de qual seja o motivo, nós vamos descobrir e vamos acabar com essa palhaçada juntos. Eu também não sou do tipo que foge, Ferrara — Dei um meio sorriso que não tinha nada de alegria.