IsisAntes mesmo de abrir os olhos eu conseguia senti-lo. Minha cabeça ainda estava entre seu braço e peitoral, o calor que seu corpo proporcionava era familiar, aconchegante. Heitor estava fazendo cafuné em mim, agora e durante a madrugada inteira, mesmo enquanto ele dormia.
Seus olhos ainda estavam fechados, mas eu sabia que ele acordaria em pouco tempo. Me deixei aproveitar por mais um minuto e me levantei. As memórias de Alex, do incêndio e de Howard invadiam a minha mente, mas depois das horas de sono eu conseguia raciocinar com mais clareza.
Obvio que eu estava chateada e atordoada, mas o estado de choque havia passado. Minhas mãos não tremiam, eu não sentia mais o cheiro de queimado, eu estava bem, na medida do possível. Eu decidi direcionar todos os meus sentimentos em um único alvo: Howard. Eu estava com tanta raiva dele, agora mais do que nunca.
Eu não permitiria que o medo me dominasse. Da próxima vez que ele vier atrás de mim, e eu sei que ele vem, eu estarei pronta.
Depois de passar no banheiro, eu fui até a cozinha e liguei a cafeteira para preparar cafés para mim e para Heitor. Essa é minha prioridade agora. Nós dois precisamos conversar. Ele é importante demais para mim, e eu preciso encarar isso de uma vez.
Ouvi seus passos na escada e senti meu coração idiota acelerar. Olhei para trás e Heitor estava de calça de moletom e uma camiseta preta, seu cabelo escuro em contraste com seus olhos claros que sempre captavam minha atenção. Ele é tão...
— Bom dia — Ele disse, me tirando dos meus pensamentos.
— Bom dia — Sorri fraco — Café? — Heitor parecia um pouco surpreso e eu sabia que ele estava me avaliando.
— Sempre — Ele se apoiou no balcão — Como você está se sentindo?
— Melhor — Entreguei o café — Olha, Heitor, sobre eu ter pedido para você passar a noite comigo... — Ele me interrompeu.
— Não se preocupe com isso, Clay. Eu já entendi o que você sente sobre... nós, não significou nada — Tinha mágoa em seu tom de voz, e eu não podia culpá-lo. Droga, ele realmente levou tudo o que eu disse à sério.
— Heitor... o que eu disse antes, o que eu fiz... — Respirei fundo — Eu não quis dizer aquilo.
— Qual parte? — Heitor apoiou o café na bancada e eu engoli em seco, tomando coragem para ser sincera.
— Eu menti. Eu menti sobre tudo. Óbvio que eu sinto algo por você — Heitor abriu e fechou a boca, com cautela.
— Depois de tudo o que você disse, eu vou precisar que você seja mais específica. Mas nós não precisamos fazer isso agora, Clay. Você passou por muita coisa, podemos conversar sobre isso depois — Eu apoiei minha xícara na pia, talvez forte demais, fazendo barulho.
— Não. Me escuta, Ferrara. Eu menti, eu menti porque eu tive a droga de um pesadelo em que Howard te matava e eu não queria mais que você se colocasse em perigo por minha causa! O que claramente não adiantou nada, já que você entrou em um prédio em chamas por mim, mesmo depois de eu ter sido uma verdadeira otária com você — Dei uma risada fraca e desesperada.
— Isis...
— Não, me deixa falar. Além disso, eu estava assustada, ok? Eu admito que o que eu sinto por você me assusta, porque eu nunca senti nada assim por alguém, nem perto disso. Eu acordo pensando em você, eu durmo pensando em você, droga eu não consigo beber uma merda de uma xícara de café sem pensar em você, Ferrara!
Heitor sorriu com humor, mas eu continuei. Eu tinha que colocar para fora. Agora não dava mais para me conter.
— Eu fui covarde, mas eu nunca tive dúvidas do que eu sinto por você. Eu consigo manter minhas emoções e sentimentos guardados com qualquer pessoa, menos com você. O que eu sinto por você é tão intenso que me consome, que não me deixa esconder nada — Minha voz vacilou.
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Monstros do Espelho
Romance[+16] O livro contém linguagem ofensiva e conteúdo sexual Era muito fácil olhar para a loira bonita e confiante nas festas de Nova York e pensar que Isis Clay tinha uma vida perfeita. Ninguém sabia sobre o assassino do seu passado, o monstro que um...