34 - "Calma"

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Isis

As luzes azuis e vermelhas piscavam rápido, gerando uma atmosfera irritante e caótica. As armas apontadas para nós contribuíam, é claro. Heitor levantou as mãos, se rendendo.

— O que está acontecendo? — Perguntei baixo, só para ele.

— Eu não faço a menor ideia. Pegue a chave do carro no meu bolso — Eu obedeci, enfiando a mão no bolso de trás dele, discretamente.

— Ferrara, se afaste da moça! — Um policial gritou e Heitor obedeceu, com toda calma do mundo, dando três passos para frente.  Meu coração estava disparado, mas eu sabia que precisava manter a calma, um escândalo só nos complicaria.

— Heitor Ferrara, você está preso pelo assassinato de Paul Mecbeck e sua esposa, Mary Meckbeck. Você tem o direito de permanecer calado, tudo o que você disser poderá ser usado contra você no tribunal — Um policial mais velho se aproximou, guardando a arma na cintura e pegando uma algema.

— O que? — Perguntei indignada. Isso é um absurdo, o que caralhos está acontecendo?

— Eu não fiz isso, Isis — Heitor me olhou por cima do ombro e eu quis bater nele por sequer pensar que eu cogitaria que ele poderia ter feito isso.

— Óbvio que não! — Respondi — Isso é absurdo.

O policial desceu os braços do Heitor e o algemou, com força. Ele não expressou dor, mas eu sabia que o cara estava forçando a barra. Precisei de todo meu autocontrole para não voar no pescoço dele. Enquanto o policial empurrava Heitor para a viatura, eu os segui.

— Faça exatamente o que eu disser, Clay — Heitor falou, de costas para mim, enquanto caminhava — Entre no carro, pegue minha carteira e ligue para o meu advogado.

— Heitor, eu conheço advogados ótimos, eu posso... — Ele me interrompeu.

— Ligue para ele, para Miguel — Heitor me olhou, ele estava calmo, com um olhar significativo — Você pode confiar nele, com tudo. Vai ficar tudo bem, Clay.

Com essas últimas palavras, o policial o empurrou para dentro da viatura. Eu queria gritar para que ele tirasse suas mãos do Heitor, mas me contive. Eu tinha que permanecer calma, pelo bem do Heitor. Isso era um grande mal-entendido.

Uma policial um pouco mais velha do que eu se aproximou de mim. Ela tinha um sorrisinho irritante.

— Confie em mim querida, eu sei que todas temos uma fase de paixonite por badboys, mas você precisa sair da vida desse cara — Eu a encarei, sentindo raiva borbulhar no meu sangue.

— Vocês estão cometendo um erro — Respondi com toda a calma que eu conseguia e ela me olhou com pena.

— Não, querida. Você é que está.

Contive a minha vontade de mandar essa mulher para o inferno e apenas a ignorei. Antes deles saírem, perguntei para qual delegacia Heitor seria levado. Após conseguir a resposta, corri até o carro do Heitor.

Hoje ele estava com uma Mercedez cinza-escuro, blindada, é claro. Assim que eu me sentei no banco do motoristas, tranquei as portas e peguei a carteira do Heitor no porta-luvas. O cartão do Miguel Lima foi fácil de encontrar, e eu disquei seu número no meu celular.

— Alô? — Sua voz era forte e calma ao mesmo tempo, e pelo barulho eu percebi que ele estava dirigindo.

— Miguel?

— Sim, sou eu.

— Oi, eu sou Isis. Isis Clay.

Calma "Isis", tipo A Isis Clay? — Eu sentia que ele estava sorrindo.

Monstros do EspelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora