Believer

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Deidara, 19 anos.

Dor!

Você me fez, você me fez crente, crente

Dor!

Você me destrói e me reconstrói, crente, crente

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Eu não tenho muitas memórias dos anos que precederam meu aniversário de 13 anos.

Lembro vagamente que eu tive uma infância normal, não tive irmãos, então eu era um pouco solitário. Meus pais compensavam essa solidão com atenção e carinho. Apesar de trabalharem o dia todo e às vezes até no fim de semana, eles sempre me davam atenção. Pensando bem, acho que eu tive uma infância feliz.

Nós morávamos em uma casa grande e confortável, num bairro bom e seguro. Nossa casa tinha um quintal com uma grama bem aparada, o muro baixo era cheio de pequenos vasos do lado de dentro, minha mãe amava cuidar de plantas no tempo livre.

Não consigo me lembrar da cor da casa, só lembro que era uma cor feliz. Eu tinha meu próprio quarto decorado com pôsteres dos meus desenhos favoritos e com várias decorações de argila - sempre gostei muito de esculturas.

No quarto ao lado do meu ficava um ateliê onde eu podia criar minha esculturas de argila, tinha até um forninho para secar minhas peças. O quarto foi um presente no meu aniversário de dez anos, e era de longe o cômodo que eu mais amava de toda a minha casa, as prateleiras estavam sempre cheias de vasos e esculturas pequenas e médias.

Meu aniversário de treze anos foi um dia normal, monótono. Não fez nem frio nem calor e eu não fiquei nem feliz nem triste com a festa surpresa que meus pais organizaram. Meus colegas de escola estavam presentes, mas para mim é como se eles não estivessem lá. Nunca fiz questão de falar com eles na escola e não fiz questão de falar com eles na minha festa.

Me recordo do bolo. Foi de massa de chocolate amargo com cobertura de leite ninho, o doce da cobertura anulado pelo amargo da massa. Lembro que eu tirei os pedaços de morangos que estavam dentro do recheio, comi apenas a massa e a cobertura.

Não lembro quais presentes eu ganhei, só lembro de subir as escadas com algumas caixas decoradas com papel colorido. 

Eu fiquei agitado e não consegui dormir, acho que a insônia salvou minha vida naquele dia e eu não sei se sou grato por isso.

Peguei meu fone e meu celular e fui para o ateliê. Preparei a argila para trabalhar e dar a forma a uma escultura, ainda não tinha decidido sobre o que seria, na realidade queria sentir o frio da argila e sua textura na minha mão. 

A primeira coisa que eu senti foi o cheiro de fumaça, forte e sufocante. Chequei o meu forninho mas ele nem estava ligado. Me virei para ver os interruptores e então eu vi a fumaça cinza entrando por baixo da porta do meu ateliê.

Lembrei de uma aula sobre incêndios que tivemos, então eu molhei minha blusa do pijama e cobri minha boca. Tomei coragem para abri a porta e me arrependi no mesmo instante.

O calor intenso fez minha pele arder, meus pulmões pareciam queimar apesar do tecido de flanela molhado no meu rosto. As chamas pareciam cortinas nos corredores, eu ouvi a madeira estalando sob meus pés, o piso estava sendo consumido aos poucos.

Eu congelei, fiquei atônito. Eu não consegui deixar de encarar aquele incêndio. Em algum lugar bem no fundo da minha cabeça eu ouvi uma vozinha dizendo para correr, que ali era perigoso, mas não consegui.

O Vazio das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora