Zero

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Obito, 27 anos

Encontro um equilíbrio no meio do caos

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Sócrates disse uma vez: Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais. Acho que essa frase se encaixa em mim perfeitamente.

Como um perfilador eu viajo o país com minha equipe, mas na maioria das vezes não tenho tempo de parar para admirar as coisas pequenas da vida. Eu não sei dizer quanto tempo faz que eu não vejo um pôr do sol ou cheiro de uma flor, não me lembro qual foi a última vez que eu me deitei na cama e me perdi observando as estrelas brilhar no céu escuro da janela.

Minha vida me lembra o Deus egípcio Rá, a grande serpente que caçava o sol todos os dias. Só que eu estava sempre no encalço de criaturas sombrias. Me pergunto se o Deus Rá conseguia parar um pouco e ver a luz do sol refletida na superfície da água ou atravessando as folhas de uma árvore frondosa.

Assassinos em séries de todos os tipos, sádicos e estupradores, impulsivos e organizados, o mundo está repleto deles, eles estão presentes num número maior do que podemos imaginar, e cabe a mim e aos meus amigos caçá-los.

Sempre que nosso telefone toca, é dado o início de uma corrida para evitar uma nova morte e outra perda.

Quem vê de fora, pode pensar que essa vida agitada é emocionante e estimulante. Talvez fosse no começo, hoje em dia é só um grande vazio. Por causa disso, não temos tempo ou emocional para contemplar a afabilidade das coisas do dia a dia, e só nos resta um grande vazio.

Não, acho que um vazio não é o termo certo. Um buraco negro seria mais justo, já que esse vazio em nós procura puxar qualquer coisa para o saciar. Shizune e Yahiko cuidam um do outro há quatro meses, Itachi encontrou o Naruto e ambos estão carregando os fardos juntos há cinco meses. Eles não parecem mais correr atrás de algo para suprir suas necessidades.

Eu ainda estou na minha busca pelo equilíbrio no meio do caos que é a minha rotina.

Falando no caos que é a minha rotina...

-Isso é totalmente injusto!

Reclamei pela quarta ou sexta vez no banco de trás do meu próprio carro. Itachi só revirou os olhos e Naruto tentou me consolar do banco do passageiro.

-Tobi, tente pensar positivamente. Não vive reclamando não ter tempo para nada e sobre o quanto deseja dormir até tarde no fim de semana?

-Sim, mas não queria que fosse desse jeito! - Continuei irredutível em minha lamentação - Ainda não aceito que eu perdi aquele jogo idiota.

-Não culpe o jogo. Você perdeu honestamente - Itachi comentou antes de estacionar o carro no aeroporto.

-Mas não foi justo! Você também sabe muito bem que a Shizune é melhor nisso do que eu...

-Eu nunca disse que perder no Jo-ken-po é justo, eu disse que foi honesto.

Itachi ressaltou a lógica absurda e eu bati a porta do meu carro com força. Os dois logo se enroscaram e se apoiaram no meu carro.

-Eu odeio minha vida.

-Irei sentir saudades de ti, Tobi.

Naruto falou sinceramente antes de me abraçar forte e brevemente. Eu sei que ainda é difícil para ele enfrentar todos os traumas que sua condição impôs, mas eu invejo sua coragem de sorrir todos os dias apesar de tudo. É por isso que eu não o impeço de me chamar de Tobi, mesmo não tendo gostado tanto do apelido.

O Vazio das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora