Natural

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Deidara

Você precisa ser muito insensível
Para sobreviver nesse mundo

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O cartão do tal agente do FBI está pesando no bolso da minha calça e seu olhar está me irritando. É claro que ele não acreditou quando falei que fui assaltado, mas eu deveria contar a verdade: Que meu namorado me bate sempre que fica irritado?

Eu conheci o Sasori na cafeteria onde eu trabalho meio período. A Akatsuki não é uma cafeteria grande, mas é bem movimentada. Além dos produtos excelentes, o visual dela contribui muito para a sua popularidade.

Seu exterior é decorado com tijolos de cerâmica e janelas francesas de madeiras tingidas de branco. Por dentro, as paredes são revestidas de acácias que combinam com as mesas também rústicas. Apesar de simples, a decoração com quadros e flores compunham um ambiente natural e relaxante.

Eu trabalho ali desde os dezessete anos, foi uma sugestão da terapeuta. Os pesadelos sobre aquela noite e aquele homem não me deixavam em paz e refletiam no meu comportamento. A terapeuta sugeriu que um trabalho, mesmo que meio período, poderia me ajudar a lidar melhor com as pessoas e o estresse.

Sasori sempre pedia um café gelado e dois cookies tradicionais, sempre sorria para mim quando eu ia levar o seu pedido, sempre sentava no mesmo lugar, a última mesa mais afastada do balcão.

Nunca o vi falar com ninguém, mas eu via ele me olhando por cima do livro de medicina que lia, e ele sempre saía depois de mim. Todas as terças e quintas ele caminhava quieto atrás de mim até que eu chegasse na faculdade e me misturava na multidão.

No começo tentei ignorar e me convencer que era apenas uma coincidência, mas na segunda semana, fiquei com medo. Na terceira, só conseguia sentir raiva dele.

Fingi me atrasar no trabalho para não sair no horário de sempre e quando deu a hora, ele deu um breve olhar para mim antes de sair da Akatsuki sem hesitar. Suspirei mais calmo, e por segurança repeti o teste outras duas vezes, todas as noites ele saia no mesmo horário.

Depois disso me convenci que era uma coincidência, talvez ele fosse um aluno do período noturno também. Tentei ignorar mas ele continuou me seguindo. Um dia, aquilo me irritou mais que o normal, então eu o pressionei contra a parede da loja fechada de roupas na rua depois da cafeteria, exigindo uma explicação.

-Por que caralhos você me segue toda noite?

Ele corou, seus olhos castanhos me olhando breves segundos antes de desviar.

-Eu estudo na mesma faculdade que você, só isso.

-Hm, você parece estar no colegial, quantos anos você tem?

-Vinte e oito.

Eu ri, era impossível que ele fosse dez anos mais velho do que eu. Ele sorriu e tirou um documento do bolso de trás do seu jeans. No crachá de identificação preso na cordinha verde, eu chequei seu nome - Sasori Akasuna, residente em medicina no hospital de Iwagakure, e a idade...

-Nem fodendo!

-Eu sei, é que eu entrei tarde na faculdade.

-Desculpe - Eu soltei sua mão e me afastei dele.

-Tudo bem, desculpa te assustar assim.

Sasori ajeitou o cabelo, os fios vermelhos se destacavam na pele clara. Eu descreveria sua beleza como melancólica.

-Desculpe - Ele falou outra vez.

-Por que você me segue?

-Bom, eu gosto desse café, venho aqui desde meu primeiro ano na faculdade. Eu te reconheci do campus, mas um dia vi você chegando sozinho e fiquei preocupado. Esse caminho não é o mais seguro.

O Vazio das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora