Polaroid

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Obito

Eu sou a cor de um estrondo
Que nunca chega até você
Você é como um aumento de salário
Sempre um toque discreto

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O quarto do hotel pelo menos é bem limpo. Como os quartos são alugados com o dinheiro do governo, nós já nos acostumamos a ficar em hotéis questionáveis que eram tão assustadores quanto cenas de crimes, por isso eu sempre agradeço quando fico em um quarto decente. O cômodo apesar de pequeno, apresentou paredes com tinturas verde pastel quase intactas, janelas de alumínio e uma cama box espaçosa com lençóis também verde claro. O piso com padrões de madeira estava bem limpo e os poucos móveis em bom estado. Parece que tive sorte dessa vez.

Deidara entrou depois de mim com passos hesitantes, analisou o quarto até seus olhos focarem na cama de casal. Como ele presenciou a conversa com o gerente do hotel e suas desculpas fúteis para não nos trocar de quarto, acho desnecessário pedir desculpa novamente.

Eu já dividi o quarto com Itachi e Yahiko várias vezes, uma certa ocasião tivemos que dormir os três numa mesma cama, então estou tranquilo quanto a essa noite.

-Qual lado você prefere?

Deidara pareceu despertar dos seus devaneios e só deu de ombros - Pode escolher você.

-Pode escolher. Eu consigo dormir até no chão frio se precisar, então para mim tanto faz.

Ele mordeu a unha do polegar direito para enfim ir para o lado esquerdo da cama e começar a organizar as poucas coisas da sua mochila no pequeno criado mudo. Eu fiz o mesmo do meu lado, mais focado em arrumar meus documentos do que minhas roupas. Preciso organizar e rever tudo mais uma vez antes de ir enfrentar a burocracia amanhã, busquei uma tomada para carregar meu notebook e só achei uma, na parede em frente a cama.

-Você precisa carregar seu celular? Eu preciso carregar o meu e o notebook, mas se você quiser pode carregar o seu primeiro.

-Eu não trouxe celular - Deidara levantou com algumas coisas nos braços e caminhou até a porta do banheiro - Eu vou tomar banho primeiro, tudo bem?

-Claro, fique à vontade.

Ele fechou a porta sem falar mais nada. Desde que o levei para o campo de nemophilas ele parece um pouco distante, pensativo. Não é comum irmos ao mercado sem celular, quem dirá fazer uma viagem para o outro lado do estado. Ouvi ele ligar o chuveiro e chacoalhei minha cabeça para me focar, eu tenho muita coisa para rever e não posso me distrair ainda.

Itachi - abençoado seja - mandou e-mail para as pessoas certas e conseguiu uma autorização para que eu levasse comigo a cópia original dos registros dos bombeiros, os laudos médicos e artigos dos jornais sobre aqueles incêndios e outros casos que eu achei suspeito. Graças a ele também vou conseguir obter todos os diários do Jiton, seu histórico como professor e coisas relevantes assim. Preciso lembrar de comprar um presente para Naruto, pois se meu primo não estivesse de bom humor, jamais facilitaria tanto o meu trabalho.

Deidara saiu do banheiro enquanto eu fazia algumas anotações para não perder o rumo nas minhas pesquisas. Todo seu cabelo estava preso em um coque alto. Ele sentou no seu lado da cama, de costas para mim, a gola da camisa grande demais para ele revelando um pouco dos seus ombros e do pescoço claro. Meu coração bateu forte quando vi os hematomas escuros como mancha de tinta na sua pele. Reparei nelas quando ele abaixou o capuz do moletom no começo da nossa viagem, mas agora percebi que elas são piores do que eu imaginei. Deidara soltou o cabelo antes de se sentar melhor na cama, segurando um livro de capa maleável.

O Vazio das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora