I'm So Sorry

192 31 28
                                    

Deidara
Você nunca vai ser amado a menos que faça algo por si mesmo, você tem que enfrentar, você tem que conquistar o seu

✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ✦̐֗ꦿ

Sasori saiu bem cedo de casa, não sem antes deixar uma bandeja do lado da cama com torradas, geléia e suco. Eu fingi ainda estar dormindo quando ele tirou o cabelo do meu rosto, beijou minha têmpora e disse que sentiria saudades. Ouvi ele fechar a porta ainda de olhos fechados, deitado tentando respirar sem sentir dor por um bom tempo até que senti meu temperamento explodir.

Ignorando a sensação de pequenas agulhas rasgando minha pele, me levantei de uma vez e joguei todo o conteúdo da bandeja no lixo e corri para banheiro, a náusea e o asco queimando minha garganta.

Fiquei com raiva por ser um idiota incapaz de reagir, submisso e fraco. Me ergui arfando e com lágrimas nos olhos e uma chama queimando no meu coração. Decidi seguir o último conselho da minha terapeuta: Você tem que se deixar animar, você tem que se deixar levar.

Depois de um banho quente e revigorante busquei no meu guarda roupas alguma peça que cobrisse meus machucados recentes e antigos, por sorte não está tão calor ao ponto de ser desconfortável andar usando um moletom. Eu não sabia pra onde eu iria, só tinha certeza que não poderia ficar aqui, preso e confuso com minha situação. Dei uma última olhada para a cama onde compartilhamos tantos momentos bons e ruins que já nem sei mais os distinguir antes de pegar minha mochila, tomar alguns analgésicos e enfim sair.

Foi meio idiota sair com roupas e dinheiro numa mochila sem um plano, tanto que minha mão tremeu ligeiramente antes de trancar a porta, mas não parei. Sasori pode ter fodido meu corpo e meu coração por quase um ano, hoje não. Não vou deixar ele me assombrar, por hoje eu vou deixar o ar fresco da caminhada me animar, o som das conversas ao meu redor me alegrar e o perfume do desabrochar da primavera me dar esperanças.

Deixei meus passos me guiar e não me surpreendi quando parei em frente ao quartel de bombeiros. Eu já tinha percebido que era isso que eu queria, só não tive coragem de admitir. Obito iria para a minha cidade e eu queria me sentir livre como aquele menino que fui um dia, só não tinha coragem de dar o primeiro passo sozinho. Acho que Obito não ficará irritado se eu o usar como carona e muleta nessa situação, com certeza não. Obito é… educado demais para se deixar abalar com coisas assim.

Me apoiei no poste em frente ao quartel e esperei pacientemente sem pensar em nada até ele sair pela entrada. Obito abriu um sorriso sincero e reluzente quando me viu.

-Não me diga que também se perdeu nessa cidade bagunçada?

Obito parou a alguns passos de mim, longe o bastante para não ser desconfortável e perto o bastante para eu sentir seu perfume frio e marcante.

-Eu acho essa cidade bem artística.

-Você deve conseguir ver coisas que eu não consigo.

-Deve ser isso mesmo.

Ele sorriu mais uma vez e fiquei sem saber o que dizer. Obito não me convidou para ir com ele, nem deu a entender que queria companhia e eu sequer considerei sua vontade no caminho até aqui, outra decisão idiota nesse dia. Eu estava mordendo o interior da minha boca quando ele indicou um carro branco parado alguns metros à minha esquerda.

-Vamos? Eu ainda preciso passar no hotel para pegar minhas coisas, então acho que vamos precisar dormir por lá. Tudo bem por você?

-Você…

-Viajar com uma companhia é sempre melhor, não é?

Revirei os olhos para a piscadinha que ele deu, mas o segui sem me desculpar por esse incômodo. Acho que se ele não quisesse minha companhia não teria comentado seus planos no fim da conta, e talvez ele tenha razão, uma viagem seja melhor feita com alguém do seu lado.

O Vazio das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora