Shots

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Deidara

Oh, eu vou arruinar tudo
Oh, isso é apenas minha sorte
De novo, de novo e de novo

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Eu tive um amigo, Hayato. Nos conhecemos no primeiro ano da faculdade e logo nos entendemos, apesar das nossas diferenças.

Sasori e eu já estávamos juntos há uns três meses quando formei uma dupla com Hayato para um trabalho escrito a mão, já o professor em questão tinha raízes chinesas e encarava a caligrafia como uma forma de arte. O tema foi os movimentos artísticos mais importantes do século XX. Hayato cuidou do movimento abstrato e eu do fauvismo. Precisamos pesquisar sobre os artistas mais famosos e como a sua influência permanece nos nossos dias, além de claro, apresentarmos uma obra influenciada pelo movimento que pesquisamos.

Hayato e eu nos reunimos no café para pesquisamos e passamos a tarde de domingo pesquisando e planejando nossas obras. Estávamos tão focados que eu não vi a hora passar.

-Eu não sei como alguém considera isso arte.

Falei ao analisar uma imagem do quadro A dança de Henri Matisse.

-As obras les fauves também não são minhas favoritas, mas até que tem sua beleza - Hayato comentou, fazendo até biquinho nas palavras francesas.

-Para mim elas são feias demais.

-É que você está focado só na estética, mas tente pensar sobre o contexto - Hayato deixou de lado seu notebook para falar comigo - Você tem que pensar em tudo o que sabe sobre o assunto antes de chegar a uma conclusão.

-Hã?

-Por exemplo, sabia que a França sediou uma Olimpíada caótica em 1900? Três décadas antes a França perdeu a guerra Franco-Prussiana, mas o país se reergueu com louvor e rapidamente, voltando a ser uma potência em poucos anos. A Olimpíada foi o marco do seu renascer e por isso muitos problemas internos foram deixados em segundo plano e muitos da elite francesa passaram a viver só para impressionar o mundo afora.

-E o que tem isso a ver com essas artes?

-Ora, tem tudo! - Hayato falou animado - Essas artes são animalescas, usam cores agressivas e não se importam com a estética, mas sim com o impacto que causaria. Cores fortes e simples, pinceladas largas e espontâneas…. Para mim esses artistas só se importavam com a expressão e a impressão que suas obras causaram, sem medo de questionamento, assim como a França nos anos de 1900.

-Eles eram bem impetuosos.

-Sim! Para mim, a arte é mais do que beleza, é uma expressão de cultura, de julgamento, de história e até de moral.

-Você é mais adequado para isso do que eu - Comentei desanimado.

-Claro que não! Você é um escultor habilidoso, Dei. Por que essa insegurança do nada?

Hayato era uma pessoa fácil de conversar, pois a sua visão do mundo é simples e objetiva. Veio dele a ideia de sair atrasado para a faculdade em dias aleatórios quando Sasori começou a me seguir, desde então confio mais ainda no seu julgamento.

-Eu só estava pensando, nada demais. Sasori, por exemplo. Está se formando em medicina e vai trabalhar todos os dias salvando vidas. O que eu posso fazer com minhas esculturas?

Hayato balançou a cabeça negativamente e logo em seguida jogou a sua borracha em mim - Que decepção, Dei.

-O que foi?

O Vazio das ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora