~Prólogo~

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O meu nome é Morgan Montenegro, mas vou começar do início, o meu pai, Helion Montenegro, filho de um mafioso bastante importante, conheceu uma rapariga, a minha mãe-cujo nome já esqueci- e eles apaixonaram-se loucamente um pelo outro. Uma paixão intensa, que os fez sonhar alto demais.

Quando o meu avô paterno descobriu sobre ela ordenou ao meu pai que acabassem tudo, mas cego pelo amor ele foi contra a ordem e enfiou uma lâmina no peito dele. Ele teve de assumir os negócios, porém sozinho visto que grande parte dos seus funcionários decidiram sair e juntar-se a outras máfias -algo que não podia ter acontecido, mas ele ainda era um adolescente quando tudo aconteceu.

Helion conseguiu o impossível, com poucos elementos conseguiu elevar novamente o nome Montenegro ao escalão intocável. Abriu um casino e lentamente foi recuperando tudo, só que tudo isto teve um preço.

Ele foi forçado a deixar a minha mãe em segundo lugar, ela tentou chamá-lo à atenção, mas foi em vão.

Quando ela descobriu que estava grávida de gémeos teve a ideia de enganá-lo. Diria que era apenas um, e quando nascesse dar-lho-ia e encontraria uma maneira de fugir.

E assim foi feito, enganado pela alegria de ter um herdeiro não se apercebeu quando ela fugiu e levou algo mais consigo.

O problema é que ninguém foge da máfia, e depois de cinco anos, numa tarde de outono, ele entrou pelo nosso apartamento a dentro empunhando uma arma, que ele jurava estar descarregada. Eu, uma simples criança que cresceu a ouvir histórias sobre o pai que tinha ido para a guerra e que nunca mais tinha voltado, corri esconder-me a pedido da minha mãe. O som de gritos e coisas a cerem arremessadas durou por vários minutos, antes de serem silenciados pelo som de um disparo. O meu coração galopava rápido. Eu devia ter permanecido escondida, mas a curiosidade infantil falou mais alto. Ao voltar à sala encontrei a minha mãe jogada no chão, coberta de sangue, e o meu pai debruçado sobre o seu corpo, a chorar.

Essa foi a última vez que o vi chorar.

 Então, ele agarrou pela mão e levou-me consigo para a sua mansão em Chicago, onde conheci o Hunter -que era o mordomo, e em tempos foi amigo do meu pai. Ele acabou por se tornar o nosso professor e conselheiro conforme fomos crescendo...

Sim, "nosso". Eu não era única criança naquela casa.

O Valério, o meu irmão gémeo, era um rapaz alto, com olhos verdes e cabelos castanhos como eu, ele parecia simpático e brincalhão.

Para além dele, descobri que o meu pai também havia adotado mais cinco crianças.

O Davi, um rapaz um pouco mais baixo que o meu gémeo, com olhos escuros e cabelos pretos como a noite, ele era coreano, como Kim, que era a mais baixa de todos, mas incrivelmente flexível, e muito linda, com cabelo loiro pelos ombros e olhos escuros.

Lorenzo era do tamanho do meu irmão, e tinha o mesmo estilo que ele, porém era loiro e de olhos azuis.

Âmbar, a mais simpática e sociável na minha opinião, era argentina, mas -como os outros-falava americano na perfeição. Ela era morena, de olhos cor de mel e lábios de um rosa doce.

E, como o pior costuma ficar para o final, temos Melissa, uma francesa -como Lorenzo- metida, chata, irritante, e uma verdadeira piranha que com seis anos já passava o tempo pendurada no pescoço do Valério. E para completar o look, ela era uma morena linda de respeito, que vestia roupas maravilhosas. Não demorei muito a perceber que era a preferida do meu pai, bem, até eu chegar.

Destaquei-me por ser uma ótima estratega, e ter uma ótima pontaria, mas também por ser imprudente. O meu pai era severo e sem grande paciência, o que levou-me a vários castigos.

Precisei apenas de alguns meses para adaptar-me, mas o meu pai -por incrível que pareça- foi bastante tolerante a respeitar o meu luto e a dar-me o meu tempo. Se eu dizia que não queria treinar ou comer com eles, ele insistia mas cedia sempre.

E no fim de um ano tinha jogado tudo para trás das costas, apesar das noites assombrarem-me. Comecei a treinar regularmente e a passar mais tempo com o meu pai.

Acredito que crianças tenham mais facilidade a lidar com a perda e a mudança, do que certos adolescentes ou adultos.

Treinámos todos os dias sem exceção, o Helion ensinou-nos tudo sobre armas e o Hunter ensinou-nos a lutar corpo a corpo. A Kim e o Lorenzo eram os melhores a lutar, e eu e o Val tínhamos uma pontaria infalível. Davi tinha um jogo de mãos impressionante perfeito para roubar, mexer no computador e preparar bebidas deliciosas. Melissa tinha um dom para ler expressões faceais, e provocar.

E assim tornamo-nos uma família e a linha da frente.

Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.Onde histórias criam vida. Descubra agora