Já se tinha passado mais de um mês quando eu finalmente voltei para casa. O caminho até lá parecia mais longo do que eu me lembrava, mesmo que o Teodoro me tivesse deixado só a duas ruas de distancia. Cada passo que dei estava carregado de uma ansiedade por ver a minha família, e um nervosismo pela incerteza do que isso traria.
Assim que cheguei à minha rua, senti algum alívio. A familiaridade do lugar era reconfortante e eu só queria correr de volta para o meu quarto e para as receitas deliciosas do Hunter. No entanto, ao entrar em casa, não vi lá ninguém. A casa estava estranhamente silenciosa, e a ausência de vozes familiares fez-me sentir um pouco inquieta. As paredes, que antes pareciam acolhedoras, agora pareciam frias e distantes como se lhes faltasse alguma coisa.
Calculei que a minha família estivessem na base a planear uma forma de trazer-me de volta. Então decidi ligar ao Val.
" -Morgan? -A voz dele soou surpresa e aliviada ao mesmo tempo.
-Oi, onde estão?
-Como assim? -Ele pareceu confuso, como se não acreditasse no que estava a ouvir.
-Estou em casa. -Respondi jogando-me no sofá. Os meus olhos encontraram caminho através das revistas novas da Âmbar, o relógio esquecido do Valério em cima da mesa de centro, da nódoa recente de vinho no sofá... todos os vestígios de que o tempo não tinha parado na minha ausência.
Houve um longo silêncio do outro lado da linha, e a voz seguinte que ouvi foi a da Melissa.
-Morgan?
-Sou eu.
-Onde é que estás?
-Em casa, sentada no sofá. Se quiserem podem confirmar com os seguranças que viram-me entrar. -Ouvi-a sussurrar algo para alguém, provavelmente a informar os outros, ou a confirmar alguma coisa.
-Vamos já para ai."
Eles demoraram cerca de quinze minutos a chegar. O som de passos apressados e vozes ansiosas encheu a casa antes mesmo de a porta se abrir. O Valério foi o primeiro a entrar, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele envolveu-me num abraço tão apertado que senti o ar ser expulso dos meus pulmões.
-Estava tão preocupado. -Murmurou mantendo-me prisioneira do seu abraço. -Eu juro que vou matar aquele filho da mãe. -A sua voz estava carregada de emoção e raiva contida.
-Eu estou bem. -Afastei-me. O Valério analisou-me com os olhos por um longo momento. Notei que ele estava quase seguro mas assim que posou uma mão na minha cabeça, eu afastei-o por reflexo.
-O que é que ele te fez? -Rosnou virando-me e analisou as cicatrizes dos pontos.
-Não foi ele, foi um agente que trabalhava para o pai dele. -Desvencilhei-me das suas mãos.
-Se trabalha para o pai, também trabalha para ele, não? -Perguntou a Melissa. Foi só nesse instante que percebi que estavam lá todos... até o Lorenzo.
A Kim e o Davi sorriam na minha direção, os seus rostos iluminados por uma mistura de alívio e felicidade. A Âmbar estava ao lado da Melissa, ambas com expressões confusas, a tentar processar o meu regresso inesperado. Já o Lorenzo, já curado e quase sem vestígios da surra que levou, estava encostado a uma parede, a analisar-me de cima a baixo com um ar julgador. O meu pai estava a tentar não transparecer a mistura de emoções que lhe envolviam o rosto, enquanto o Hunter encarava-me apenas, feliz por eu estar de volta a casa.
-Tinha tantas saudades vossas. -Disse com a intenção de fugir daquele assunto. Vi a Melissa dar um impulso como se estivesse a tentar fugir à vontade de abraçar-me, por isso caminhei até ela e abracei-a. Ela retribui-o o abraço, enquanto tentava parecer que o fazia contra a sua vontade. -Tive saudades até tuas. -A a Kim e o Davi juntaram-se também.
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Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Ficção AdolescenteGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...