~Miúda mimada- 6~

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O Hunter bate à nossa porta todos os dias às 6h em ponto da manhã, a partir desse momento começa a nossa rotina de acordar, fazer as nossas higienes, vestir e sentamo-nos todos à mesa para o pequeno-almoço. Porém, antes dessa hora, é expressamente proibido estar levantado, se não para emergências: como ir à casa de banho, beber água ou fugir de um incêndio. 

Só que com sete adolescentes fechados dentro da mesma casa, é óbvio que essa é a hora perfeita para fazer asneira.

Acordei de um pesadelo horrível, toda transpirada. O sol ainda não tinha nascido. 

Respirei fundo sem conseguir inspirar ar suficiente e liguei o telemóvel para ver as horas; 4h da manhã. Levantei-me e segui na calada da madrugada até à cozinha. Quando passei pela sala, ouvi um ruído estranho e, o que pareceu, risos abafados. 

Liguei a luz do telemóvel e vi a Melissa só de roupa íntima, com um robe de linho preto transparente, deitada no sofá com o Valério em cima dela, só de cuecas box. Eles não estavam a fazer nada de mal... bem, pelo menos ainda não, mesmo assim fiz uma cara de enjoada quando eles se viraram para mim, e -vendo que era eu- não fizeram questão de parecer envergonhados. 

-Fizeram as pazes... Esqueçam, já sei a resposta. 

Desliguei a lanterna do telemóvel e continuei até à cozinha. Enchi um copo com água e debrucei-me na bancada. Do outro lado da janela, que ficava à minha frente, vi, sentados na relva do jardim, a Kim e o Davi a gargalhar enquanto enchiam-se de vinho ou seja lá o que for que estivessem a beber.

-Estão naquilo há três horas. -Virei-me e vi Lorenzo sair das sombras até à luz do luar que passava pela janela. 

-Também costumas sair às três da manhã? -Perguntei.

-Não. Só ainda não consegui pregar olho e resolvi vir comer alguma coisa. -Respondeu indicando a faca e as migalhas de pão em cima da bancada.

-Por quê? -Questionei e ele deu de ombros. 

-Muita coisa na cabeça, eu acho. Então e tu? Porque estás acordada?

-Tive um pesadelo, e acordei com a boca seca. -Ergui o copo, vendo assentir.

-Obrigada pelo que fizeste por mim e pelo Valério, apesar de saber que o fizeste mais por ele.

-Na verdade, fiz pelos dois. -O Lorenzo deu mais dois passos e ficou bastante perto.

-Morgan...

-Lorenzo. -A Melissa interrompeu-o. -Deixa-me falar com a nossa irmã. -Pediu ríspida. -Sai! -Rosnou quando ele hesitou.

-Eu... -Começou, mas ela puxou-o pela camisa, de modo a olhá-la nos olhos. 

-Sai! -Soltou-o e ele deu-me uma última olhada antes de sair.

-Porque? -Perguntei confusa.

-Fizeste uma coisa boa, então vou fazer uma boa por ti, mas não te acostumes. Afasta-te do Lorenzo! -Avisou.

-Eu resolvo as coisas com o meu gêmeo...

-O último dos teus problemas é se ele aceita ou não. O Lorenzo não é um santo, o Val não vai gostar, e o pai jamais vai aceitar, sem dizer que ias perder outra pessoa de quem gostas... Sem esperares vais perder todos de quem gostas por um erro... -Olhou para a porta por onde ele tinha saído. -Um erro estúpido, ignorante e egocêntrico.

-Quem é que eu vou perder?

-Isso não posso dizer, mas confia, afasta-te dele enquanto podes.

***

Pequeno almoço. 

Estávamos todos à mesa, menos o nosso pai; o que era estranho. Eu estava a encarar a Melissa, que encarava o Val, que encarava o Lorenzo, que encarava-me. A Âmbar estava focada na comida enquanto a Kim e o Davi estavam a fazer de tudo para permanecer acordados. O nosso pai entrou e colocou as mãos no topo das costas da sua cadeira.

Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.Onde histórias criam vida. Descubra agora