(Teodoro)
Agora eram sete da manhã e eu mal preguei olho o resto da noite. A culpa corroía-me por dentro pelo que fiz à Morgan. Ela tinha preparado uma surpresa tão fofa para ajudar-me a superar aquelas memórias dolorosas, e até tinha mandado fazer dois anéis para nós. E a forma como eu lhe paguei foi beijando-a antes de dar-lhe um fora. Sentia-me um idiota.
Eu devia ir pedir desculpa. Ela merece.
Levantei-me, sentindo o peso da noite mal dormida nos meus ombros, e fui até ao seu quarto. Quando cheguei à porta do seu quarto, hesitei por um momento antes de bater levemente.
-Morgan?
Ela estava encolhida no meio das mantas, mas percebi que estava acordada. Os seus olhos estavam abertos, fixos no teto.
-Sim? -Respondeu sem me encarar.
-Eu quero pedir desculpa por ontem. -Disse, tentando manter a voz firme. Ela virou-se e encarou-me confusa, mas os seus olhos não encontraram os meus.
-Porque?
-Por te ter deixando sozinha e...
-Teodoro, eu não me lembro de nada depois do champanhe... acho que devo ter bebido demais. -Ela ofereceu-me um sorriso reconfortante, embora os seus olhos mostrassem uma leve sombra. -Por isso, o que quer que tenha acontecido, esquece. Eu já esqueci.
-De certeza? -Perguntei, ainda meio receoso.
-Sim. -Assentiu com firmeza. -Não é hoje que temos de ir para a mansão?
-Sim, eu vou fazer agora as minhas malas.
-Ok, vou fazer as minhas também.
Sai do seu quarto e voltei para o meu, sentindo-me um pouco mais leve, mas ainda com um peso no peito.
Enquanto arrumava as minhas coisas, não conseguia parar de pensar na Morgan. Eu não tinha ficado completamente confiante de que ela tinha esquecido a noite anterior, até porque eu próprio não o conseguia fazer. O beijo, a forma como os seus lábios se moldaram aos meus, a intensidade do momento... tudo isso estava gravado na minha mente.
Depois de terminar de arrumar as minhas malas, sentei-me na cama e passei as mãos pelo rosto, tentando afastar os pensamentos. Precisava focar-me no que estava por vir. A viagem para a mansão seria longa, e tínhamos muito a discutir e planear.
Eu ainda tinha um noivado para terminar...
***
O Lucas veio nos buscar à hora de almoço, e o Tiago e o Henrique seguiram-nos em outro carro. Já tinha sido avisado de que eles estavam hospedados no hotel, e que eram chamados sempre que a Morga precisava sair, o que fazia-me estranhar atitude do meu pai. Ele nunca tinha sido um homem protetor, o que significava que ele estava mais preocupado em controlar a Morgan do que em garantir a sua segurança.
Isso deixava-me frustrado, ver que ele a tratava como um objeto.
Gostava de saber se isso a estava a incomodar também, mas durante todo o caminho, a Morgan não falou comigo, e quase não me olhou. Pela primeira vez, senti-me desconfortável perto dela. A culpa do que aconteceu na noite anterior ainda pesava sobre mim, e a sua distância só aumentava a minha ansiedade.
Quando finalmente chegámos à mansão, senti um alívio momentâneo ao sair do carro. O ar fresco ajudou a clarear a minha mente. Mas antes que pudesse processar tudo, a porta de entrada foi aberta e uma figura familiar surgiu.
-Theo! -Ouvi um guincho entusiasmado e encarei-a incrédulo.
A primeira coisa que reparei foram nos seus cabelos ruivos a reluzirem ao sol, e a segunda foi no sorriso radiante no rosto.
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Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Ficțiune adolescențiGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...