(Morgan)
Talvez tivesse sido uma coincidência o "Engatilhador" ser o Adam. O certo era que o Teodoro tinha-me trazido consigo por dois motivos, o primeiro era que este seria o primeiro passo de uma aliança, e o segundo era testar a minha lealdade. Na calmaria todos gostam de sentar-se para apreciar uma boa refeição, e partilhar uma boa conversa. No entanto, quando as balas começam a voar, só o fieis e os loucos é que permanecem ao nosso lado.
De repente senti uma lâmina na minha garganta e um corpo atrás de mim. Abri um leve sorriso, visto que este era o meu tipo de luta preferida.
Joguei a cabeça para trás acertando-lhe em cheio no nariz, e desequilibrando-o, acertei-lhe um pontapé no joelho fazendo-o grunhir. Não consegui que ele se afasta-se, mas pelo menos consegui que aliviasse o aperto. Agarrei a sua mão e virei-me com rapidez libertando-me do seu ataque. Acertei-lhe com um pontapé em cheio na têmpora derrubando-o no chão. A faca foi projetada pelo chão do armazém perdendo-se entre o fumo.
Corri de volta pelo meio do fumo em busca do Teodoro. Encontrei-o numa troca de tiros com o Adam, que tinha virado a mesa para a usar como barricada, enquanto o Teodoro se escondia atrás de um pilar. Foi então que vi um dos homens do Adam esgueirar-se por trás do Teodoro.
-Atrás de ti! -Gritei com a voz abafada pelo caos ao nosso redor.
Ele conseguiu ouvir-me mesmo a tempo de se virar, e com um disparo limpo, eliminar o homem. Parei aliviada por ele estar bem, e então o seu olhar voltou a cruzar-se com o meu.
-Morgan! -Mal consegui ouvir a sua voz entrecortada pelo som de dois disparos ao mesmo tempo. O Teodoro tinha disparado contra alguém atrás de mim, mas não antes que a bala oposta atravessa-se em cheio o meu peito, atravessando quase de um lado ao outro. Cai de joelhos no chão, a visão turva e um gosto metálico a espalhar-se pela minha boca.
O mundo de um momento para o outro pareceu distante, interrompido pelo som do sangue a pulsar nos meus ouvidos. Encontrei o olhar do Teodoro, o seu rosto estava contorcido de angústia e desespero por não ter conseguido evitar.
-Morgan! -Repetiu o meu nome fazendo menção de vir na minha direção, mas outro tiro forçou-o a esconder-se atrás do pilar outra vez.
Lutei por respirar enquanto calculava a possibilidade da bala ter furado o meu pulmão, se isso tiver acontecido não teria muito tempo. A dor era insuportável, o que só aumentava a possibilidade. Ainda assim arrastei-me até à faca perdida no chão e segurei-a com as mãos trémulas. Precisei controlar o meu sorriso dolorido quando vi o Adam aproximar-se com um sorriso sádico nos lábios, facilitando-me o trabalho de ir até ele.
-Devias saber que de todas as formas, este seria o fim. -Comentou passando a mão pelo meu cabelo, no lugar onde anos atrás perfurou com uma bala. -Ainda tens a cicatriz. -Pareceu surpreso.
-E a bala! -Respondi cravando a lâmina fundo na sua coxa. Ouvi-o gritar de dores enquanto recuava dois paços e virei-me para o Teodoro.
-Saí daqui!
Ele hesitou por um momento, mas então assentiu. Com um olhar de despedida afastou-se, com os seus homens a segui-lo. Porque esta era a atitude de um líder, saber pelo que lutar e quando era hora de recuar.
Uma vida não vale o mesmo de cem.
O mundo girou ao meu redor, e eu fraquejei quando o ar parecia não conseguir entrar nos meus pulmões. O Adam aproximou-se, a raiva fervilhava nos seus olhos.
-Vais pagar por isto! -Ele ergueu a faca, pronto para dar-me o golpe final.
Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, um estrondo ensurdecedor ecoou. O tiro veio de fora, e o Adam caiu no chão, o sangue espalhou-se ao seu redor formando uma poça. Virei a cabeça vendo o Teodoro de pé, a sua arma ainda a fumegar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Teen FictionGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...