O Início

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O meu pai tem o maior casino que conheço, também nunca fui a nenhum. Quando completamos os catorze, ele permitiu aos rapazes fazerem alguns trabalhos para ele; ensinou-os a baralhar as cartas, e a viciar os jogos. O Lorenzo é ótimo com jogos de cartas -já o vi uma vez a praticar com o Val e a Âmbar-, já o meu maninho gaba-se de ser um ladrão incrível- não duvido-, e Davi é apenas o bartender que faz bebidas ótimas. Pois é, eu posso roubar, espiar e saber matar uma pessoa de vinte maneiras diferentes, mas não tenho permissão para entrar no maldito cassino. Só que esta noite, eu sou a rainha.

Davi devia-me três favores -um emprestado da Kim que ele disponibilizou-se a pagar- então...

Número um, pôr-me dentro do casino.

Número dois, tirar-me do casino.

Número três, garantir que ninguém ficasse a saber.

Quando ele bateu na porta, eu já estava pronta; coloquei um vestido preto simples, salto agulha, amarrei o cabelo num rabo de cavalo baixo e fiz uma maquilhagem elegante. Nada muito extravagante, afinal, precisava que ninguém reconhecesse a minha pessoa, mas ao mesmo tempo que não me vissem como uma simples criança de quinze anos.

Davi conseguiu convencer o motorista, Dane, que o nosso pai tinha permitido que eu os acompanhasse naquela noite. Ele não deu grande importância, talvez por saber que eu sou a preferida, mas quando chegámos à porta do casino, encontramos um problema inesperado.

A luz ofuscante do letreiro "Morning Star" piscava em tons de vermelho e dourado, atraindo-me como um ímã. Eu não gostava da cor vermelha, mas aquela parecia excitante aos meus olhos. Hesitei na entrada, sentindo o zumbido da excitação no ar. O tapete macio sob meus pés parecia um convite para um mundo desconhecido.

O Davi empurrou-me com a mão, avisando-me para não dar tanto nas vistas, mas eu não conseguia evitar. Quebrar as regras, estar onde não devia, mentir e enganar eram as coisas para as cais eu tinha sido educada, e ainda assim, davam-me um frio da barriga sempre que eu precisava fazê-las.

Avancei mais alguns passos junto com os meus irmãos, enquanto me esforçava para manter uma expressão neutra. No entanto, o segurança rapidamente percebeu e barrou-me a entrada.

-Menina Morgan, tenho ordens para não a deixar entrar.

-O meu pai deu novas ordens. -Disse.

-Não as recebi, então continuo com as mesmas.

-Ligue ao meu pai! -disse Davi. -Ele ia adorar saber que travou a filha dele à entrada porque, simplesmente, não confia na palavra dela...

O meu gémeo e o Lorenzo passaram para dentro enquanto tentavam esconder os seus risos. Eles não acreditavam que eu seria capaz de entrar, o que só me deu mais motivos para querer fazê-lo.

-Não vai enganar-me, menino. E sim, talvez eu deva ligar ao seu pai...

-Não será necessário. -O Hunter apareceu atrás do homem, enquanto ajeitava as lapelas do seu fato perfeitamente engomado. -Acabei de receber as ordens de cima, pode deixar a menina entrar. -O segurança não hesitou nem por um minuto e deu nos passagem. Hunter agarrou-me o braço quando passava por ele e sussurrou ao ouvido. -Nem uma palavra ao seu pai, e tente não ficar muito longe dos seus irmãos. -Assenti e ele fez-nos sinal para continuarmos.

O interior era um espetáculo de luxo e extravagância. Os lustres de cristal pendiam do teto alto, espalhando reflexos prismáticos pelas mesas de jogo. As mesas de blackjack, roleta e pôquer estavam ocupadas por jogadores sérios, alguns com olhares tensos, outros com sorrisos confiantes.

Vi o Lorenzo agarrar um molhe de cartas e ir para uma mesa, cumprimentando os jogadores avarentos que nem faziam ideia que estavam prestes a despejar os seus bolsos por completo. O meu gémeo agarrou uma bandeja de bebidas e começou a distribuir, passando a mão solta por bolsos, malas e pulsos quando as pessoas estavam demasiado concentradas em ganhar dinheiro em vez de pensar em todo o que estavam a perder.

Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.Onde histórias criam vida. Descubra agora