Estava no escritório do meu pai, enquanto ele mostrava-me todas as medidas que tinha tomado para prevenir os possíveis estragos da minha burrice. Percebi que apesar de tudo, ele só tinha feito aquilo para mostrar-me que estava tudo bem, e francamente agradeci por isso.
O Hunter bateu à porta e entrou com uma cara de quem tinha más notícias.
-Senhor, menina, tenho o desprazer de informar que estamos com problemas no Japão.
Os Montenegro têm negócios com um fornecedor japonês há décadas, foi um dos poucos fornecedores que não nos abandonaram após a rebelião. E sim, eu tinha o número deles no meu telemóvel, já que quando estive no Japão com alguns membros da família, o meu pai pediu-me o telemóvel emprestado para fazer um telefonema e eu (estúpida) guardei o número.
"Para o caso de ser preciso", burra!
-Que problemas? -Questionou o meu pai alarmado.
-A base que tinha o novo fornecimento das nossas armas foi explodida, e o fornecedor tem medo do que pode vir por aí. Ele exige que lhe demos uma certeza que isto não volta a acontecer, ou ele cancelará qualquer negócio futuro. -O meu pai travou o maxilar. -Ele consegue ver que se avizinha uma guerra e não quer estar de maneira nenhuma envolvido.
Passei o meu olhar entre o Hunter e o meu pai. Vendo a nuvem negra que se começava a formar por cima das suas cabeças.
-Não podemos cancelar! -Disse. -É o nosso melhor fornecedor, é leal, e o equipamento é de qualidade. -O Helion assentiu levantando-se da sua cadeira.
-Parece que nós temos de fazer uma visita ao Japão.
-Vou fazer a mala. -Apressei-me a levantar, mas o Hunter fez um gesto para ter calma. Voltei a encarar o meu pai.
-Calma ai, mocinha. Tu não estás incluída no "nós".
-O quê? Eu sou a tua melhor agente de campo!
-Por isso mesmo, vais ter de ficar para trás e resolver a trapalhada que criaste. Tu, o Lorenzo e o Hunter, vão proteger a casa, o casino, os negócios e tudo o que eu não conseguir à distância.
-Vais levar o Davi e a Kim? Não entendas mal, são ótimos ladrões e têm uma técnica de luta impecável, mas tens a certeza que é boa ideia levá-los para uma cidade nova, onde eles têm tantas coisas para distraí-los? É foco não é a melhor qualidade deles.
-Por isso levo a Âmbar, ela vai ser a ama, e desse modo eles também não vão atrapalhar-te aqui.
-Então troca o Lorenzo com o Valério ou a Âmbar, trabalho melhor com eles. -Sugeri.
-O Lorenzo não ia conseguir fazer nada dos teus irmãos e só estamos nesta situação por causa da tua parceria com o teu gêmeo. Além disso, pensei que davas-te bem com o Lorenzo, até o Val achou que vocês tinham alguma coisa. -Lançou-me um olhar intrigado, silenciando-me quase de imediato.
Essa era a razão de eu não querer ficar sozinha numa casa com o meu irmão, que eu acho um gato, mas a Melissa aconselhou-me a ficar longe.
"Sem dizer que ias perder outra pessoa de quem gostas".
***
O crepúsculo tingiu o céu de azul escuro e roxo. O meu pai e os meus irmãos partiram apressadamente, deixando-me apenas com o Lorenzo para companhia no jantar. Não trocámos uma única palavra, e quando os nossos olhares se cruzaram, fui a primeira a desviar. Tomei um banho gelado e enfiei-me na cama cedo.
A manhã seguinte amanheceu gelada, apesar de ser verão, e o céu estava coberto de nevoeiro. O Hunter bateu à porta como sempre às seis, mas permitiu-me tomar o pequeno-almoço na cama. Sentei-me no parapeito da janela, por volta das oito, a observar o mundo a acontecer do outro lado dos muros altos da minha casa. Uma batida suave na porta sobressaltou-me;
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Teen FictionGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...