Acordei com a luz suave da manhã a entrar pelas cortinas semiabertas do meu quarto. O sol nascente pintava o ambiente com tons dourados e rosados, criando um contraste encantador com as sombras ainda presentes. Espreguicei-me lentamente, sentindo cada músculo do meu corpo protestar levemente, ainda cansado dos eventos intensos dos últimos dias.
Decidi aproveitar o momento de tranquilidade para tomar um banho relaxante. A água quente escorria pelo meu corpo, levando consigo a tensão acumulada. Fechei os olhos e deixei-me envolver pelo vapor, permitindo que a mente vagueasse por entre as memórias recentes. Após o banho, vesti uma roupa confortável, sentindo falta das manhãs de treinos intensivos.
Saí do quarto e, ao virar o corredor, dei de caras com a Clara, que ia a passar.
-Bom dia. - Cumprimentei, tentando soar casual, mas sentindo a hesitação na minha própria voz.
Senti-me sem saber como agir perto dela e do Teodoro depois de tudo o que tinha acontecido. A minha mente estava demasiado confusa, um turbilhão de pensamentos e emoções que ainda não havia conseguido organizar. Mas ela não pareceu ter o mesmo problema, nunca parecia.
A Clara parou e olhou para mim com um sorriso leve nos lábios.
-Dormiste bem? -Assenti, sem saber ao certo o que dizer. -Que bom. O pequeno-almoço está servido, se quiseres comer algo. -Disse ela, apontando na direção do andar debaixo.
-Vou sim... ahm... Viste o Teodoro? Ele já se levantou?
-A avó dele exigiu que ele a acompanhasse durante a manhã para cuidarem de alguns negócios. -Explicou colocando-se de novo em movimento para onde quer que ela pretendia ir.
-Onde vais? - Perguntei, fazendo-a parar de novo.
-Vou até ao sótão da mansão. - Respondeu Clara, com um leve suspiro. - Estou à procura de um berço para a Bia. Acho que os Blossom tinham guardado um lá em cima.
-Os Blossom têm um sótão!? -Indaguei surpreendida. Ela lançou-me um olhar "óbvio", e eu senti um bichinho curioso agitar-se dentro de mim. -Posso ir contigo? Talvez duas pessoas consigam encontrar o berço mais rápido.
A Clara hesitou por um momento, ponderando a minha oferta. Depois, assentiu com um leve sorriso. Sorri entusiasmada, sentindo uma onda de excitação percorrer-me.
Caminhamos até ao fim do corredor, e ela destrancou uma porta que dava acesso a uma escadaria em caracol. Começámos a subir as escadas em direção ao sótão. Cada degrau rangia sob os nossos pés, denunciando a sua idade. A escadaria estreita e mal iluminada parecia estender-se infinitamente, e a minha curiosidade crescia a cada passo.
Quando chegámos ao topo das escadas, Clara empurrou a porta pesada do sótão, que se abriu com um rangido prolongado.
O sótão era surpreendentemente limpo, sem um único grão de pó à vista. Lençóis brancos cobriam todos os móveis, dando ao espaço uma aparência quase fantasmagórica. Este era o único cômodo da casa sem cortinas, permitindo que a luz do sol inundasse o espaço, criando um contraste interessante com as sombras dos móveis cobertos. As vigas de madeira expostas no teto adicionavam um toque rústico, enquanto o chão de madeira polida rangia suavemente sob os nossos passos.
Curiosa, aproximei-me de um dos móveis cobertos e puxei o pano. Debaixo dele, encontrei um piano antigo, com a madeira escura e polida a brilhar sob a luz do sol.
Ao lado do piano, uma caixa cheia de álbuns de fotografias chamou a minha atenção. Agarrei num e comecei a folhear. Vi várias fotos de uma mulher loira de olhos azuis com um sorriso vibrante antes de conseguir reconhecer finalmente alguns dos traços que partilhava com o filho. As fotos capturavam momentos de felicidade e serenidade, com Jude a tocar piano, a sorrir para a câmara e a brincar com um jovem Teodoro.
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Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Teen FictionGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...