Na manhã seguinte, o Hunter trouxe -escondido- uma bandeja com o pequeno almoço dos dois e alguns remédios para o Val. Eu aceitei tudo e ajudei-o a sentar-se na cama e a comer.
As dores estavam piores, e mal conseguia mexer-se. Então hoje eu seria a sua enfermeira pessoal, papel que eu adorava desempenhar. Ele passava a vida a cuidar de mim e das minhas inseguranças, e dava-me muito amor, por isso estes momentos eram perfeitos para retribuir o carinho e o cuidado.
-Tens sorte, não tens de treinar. -Brinquei enquanto o ajudava a levar o copo do sumo até aos lábios.
-Não acho, adoro dar uma tareia ao Lorenzo.
-Reza para o Hunter voltar a pôr-nos juntos, e eu dou por ti. -Ele riu-se com algum desconforto.
-E estás a pensar em cuidar de mim o resto do dia?
-É a ideia, sim, algo contra?
-Ouvi a Âmbar dizer que ia sair logo à tarde, vocês costumam sempre ir juntas. -O Valério acabou de comer e eu posei a sua bandeja ao lado da cama e comecei a petiscar a minha comida.
-Ela vai com o Lorenzo. -Olhamo-nos ao mesmo tempo.
-Não entendo o que ela vê nele. -Dei de ombros.
Passamos o dia a conversar, e a rir. Ele fez-me carregá-lo até à sala de treino para ver-nos a treinar, depois para a sala de refeições para comer connosco, e de novo para a sala de treino. Não me queixei, ele já fez mais por mim, além disso tive-o para mim o dia quase todo -exceto quando a gêmea dele aparecia.
Só houve um momento do dia em que não estive com ele. Foi enquanto ele dormia. Durante esse tempo, fui ter com a Âmbar tentar fazer o meu papel de irmã.
Sentei-me na sua cama, vendo-a a arranjar-se sentada em frente à sua penteadeira. Ela estava a usar um vestido branco justo, curto, caí-caí, com mangas compridas e bufantes. O seu longo cabelo moreno, que chegava ao fim das suas costas, estava solto de uma forma delicada.
O seu estilo sempre foi romântico-chique, mas algo estava a destoar no seu look... e foi então que notei a coleira no seu pescoço. Uma gargantilha feita de diamantes.
-Não gosto da coleira. -Atirei. O seu olhar encontrou o meu através do espelho.
-Foi um presente de aniversário.
-Um dia precisas de te enxergar. -As suas mãos fecharam-se em punhos, e ela rodou o seu corpo para olhar-me nos olhos.
-Eu preciso? E tu? -Olhou-me de cima abaixo. -Consegues ser uma verdadeira vaca quando queres. -E voltou a maquilhar-se.
-Esse vestido tão curto é para ele? -Mal consegui desviar-me a tempo do pincel de maquilhagem que ela me lançou.
-Saí! -Gritou com fúria.
-Tu não és assim, Âmbar! Não deixes que te mudem! -Permaneceu em silêncio. -Fazes o que quiseres com a tua vida... não me interessa. Só não envolvas cadelas inocentes.
-A única cadela aqui és tu. -Atirou de volta.
Revirei os olhos e saí, sabendo que pelo menos já tinha feito o meu trabalho.
***
No dia seguinte, o Valério já conseguia andar apesar das dores.
E no dia após esse, já estava praticamente curado.
Durante essas duas noites dormimos separados, para o caso de alguém querer ir ver como ele estava. Mas na noite seguinte eu voltei para a cama dele. Dormi como um anjinho agarradinha a ele.
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Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Teen FictionGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...