(Teodoro)
Fui até ao meu quarto, vendo a cama impecavelmente feita, e todas as minhas coisas arrumadas nos lugares certos. A roupa não estava jogada na cadeira, nem havia papeis espalhados na secretária. Tal como a minha mãe gostava, o que significava que a Clara tinha passado aqui.
No entanto, de quem eu estava à procura não havia nem sinal. O que fez a minha preocupação aumentar.
Saí do quarto e comecei a perguntar às pessoas que encontrava pelo caminho. A primeira pessoa, um dos empregados, apenas encolheu os ombros, sem saber do paradeiro dela. A segunda, uma das empregadas da limpeza, disse que a tinha visto mais cedo, mas não sabia onde ela estava agora. A terceira pessoa, o Lucas, sugeriu que ela poderia estar na biblioteca, mas quando lá cheguei, o espaço estava vazio.
A minha frustração crescia a cada passo. Perguntei a mais duas pessoas antes de finalmente encontrar o jardineiro, que já estava de saída. Ele disse que a tinha visto no gazebo de madeira, que ficava perto dos pinheiros.
Agradeci e apressei-me a sair. O jardim estava banhado pela luz suave do final da tarde, e o ar fresco ajudou a acalmar um pouco a minha ansiedade. Caminhei pelo caminho de pedras, os meus olhos procurando por qualquer sinal da Morgan.
Finalmente, encontrei-a sentada no último degrau do gazebo, a mexer num tablet. A luz suave do entardecer filtrava-se pelas árvores, iluminando-a de forma quase etérea, mas a expressão dela era distante. Parecia perdida nos seus próprios pensamentos, alheia ao mundo ao seu redor.
-Morgan, podemos falar? -Perguntei, aproximando-me com cautela.
Ela levantou os olhos do tablet por um segundo, mas depois voltou a olhar para ele, como se a minha presença não fosse importante.
-Gostas mais de vermelho ou preto? -Perguntou com uma voz monótona.
-Pensei que detestasses vermelho.
-É para as rosas decorativas dos convites. -Explicou, ainda sem me olhar diretamente.
-Dourado não seria melhor? -Sugeri sentando-me ao seu lado.
-Não. -Respondeu ríspida, e eu engoli em seco, sentindo a tensão aumentar.
-Preto parece de velório...
-Vermelho então. -Cortou-me sem tirar os olhos do maldito tablet. - Gostei da conversa.
Arranquei-lhe o tablet das mãos, obrigando-a a encarar-me. Os seus olhos encontraram os meus, e pude ver a frustração que ela tentou esconder desde o início do dia.
-Eu sei que te lembras de ontem. E sei que queres que eu saiba disso, porque queres que sofra. - Disse, tentando manter a calma. Ela desviou o olhar para os pinheiros à nossa volta. - Eu entendo-te, mas deixa-me explicar.
-Eu não quero uma explicação, nem quero que sofras. Eu só... - Ela passou as mãos no rosto, visivelmente transtornada. -Tu não podes terminar este casamento.
-Porque não? -Perguntei confuso.
-Porque eu estou a tentar usá-lo para ajudar as minhas irmãs. -A sua voz suou ligeiramente mais aguda e os seus olhos finalmente pararam nos meus. - A Âmbar disse-me uma vez que eu provavelmente poderia casar-me com qualquer homem que eu quisesse, exceto um Blossom, mas que elas não teriam a mesma sorte. Então eu quero quebrar tudo o que elas acham possível.
Fiquei em silêncio, processando as suas palavras.
Ela estava a sacrificar a sua própria felicidade para ajudar as irmãs? E ela achava que o poderia fazer através de um casamento? Comigo? Ela não conseguia ver que este casamento seria a sua ruina e não a salvação das irmãs?
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Filhos da Máfia- Uma família fora do normal.
Novela JuvenilGêmeos separados à nascença por cinco anos. Um erro marca o coração da protagonista e assombra-a para sempre. Ela volta para casa; uma casa um pouco diferente. Lá ela conhece o seu pai, dono da máfia, o seu gêmeo e mais cinco crianças adotadas...