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- Céus...me...espera... -Tentei recuperar o fôlego,apoiando as mãos no joelho.

Millie estava uns 12 metros na minha frente,mas deu alguns passos para trás assim que me viu parada.

- Se cansou rápido, Sadie. -Ela bebe um pouco de água antes de praticamente sair me arrastando pelo braço. - Sabe, hoje eu fiz meu segundo melhor tempo. 

- Quando foi o seu primeiro?

- Há três meses. Estou tentando melhorar, sem julgamento.

- Sem julgamento.

Quando Millie finalmente chegou a um banco,ela apontou para ele,indicando que deveria me sentar. Mas é claro, ela não parou e continuou correndo parada, soltando seu coque mal feito.

Bem, talvez eu quisesse beijá-la nesse momento. Mas só talvez.

Estávamos indo devagar,por que, embora já tivessémos nos beijado antes, as vezes era dificil ler millie. Muito dificil.

Há uma semana eu confessei a ela o que sentia. Há uma semana dúvidas quanto ao nosso "relacionamento" me cercavam.

Perguntas como: "Será que ela conversou com o Finn?", "Porque é tão difícil saber o que ela está expressando?" ,"Você quer algo sério Millie?" ou "Posso te beijar?". Apareciam na minha cabeça o tempo inteiro quando estávamos juntas. Ou quase todo tempo, quando estávamos correndo eu só penso em me sentar.

- Ei! -Millie chama minha atenção. - Tem um carrinho de sorvetes ali... Quer um? -O tom da sua pergunta parecia hesitante,ela me olhava atentamente enquanto passava sua garrafa de uma mão para outra.

Assenti e comecei a segui-la até o lugar.

-Então... -Millie balançou a cabeça lentamente. Estava tentando iniciar uma conversa, mas isso parecia dificil agora. - Qual sabor de sorvete você prefere?

Suas perguntas pareciam aquele típico diálogo que temos assim que conhecemos alguém. Mas tenho que parabenizar seu esforço.

Dei um sorriso tímido.

- Não consegue escolher? Tudo bem, estou próxima de descobrir.

Chegamos ao carrinho e uma mulher baixinha de cabelos num tom avermelhado quase desbotando parou de contar seu dinheiro, se voltando para nós.

- Bom dia? -Definitivamente não era uma pergunta, mas saiu como uma.

- Sorvete, por favor. -Millie assume a palavra.

- Por que outro motivo viria até aqui?

Soltei um sorriso de leve ao ver a expressão indignada/chocada de Millie.

- Perdão?

- Claro, meus filhos dizem que pareço rude as vezes. -Ela ajeitou o avental e então estampou um sorriso forçado. - Acho que vão gostar do stracciatella. - Fomos analisadas,a mulher alternava seu olhar. - Ou querem apenas um de morango? menta?

- Vou querer sorvete de coco.

- Sorvete? -A dona do carrinho se irritou. - Francamente, são gelatos.

- Poderia ter me dito isso 2 minutos atrás - Suspirou. - Certo, quero um gelato de coco.

A mulher apenas balançou a cabeça, sua frustração era nítida.

Enquanto ela servia, analisei seus traços, mas eu era péssima nisso.

- Uma italiana nos Estados unidos tendo que lidar com duas garotas sem cultura alguma,mocinha - Isso foi para mim. Ficou claro quando seu olhar se voltou a mim, mesmo entregando o sorvete para Millie. - As vezes é rude encarar alguém.

- Desculpa. - Falei baixo, mas ela ouviu.

- Parece que só cuspiu as palavras. Enfim, o que vai querer? sua amiga já decidiu.

Amiga. 

Sacudi a cabeça,encarando o chão. 

stracciatella, por favor.

A satisfação cresceu em seu semblante. 

Ela me entregou a tijela com um sorriso tão grande que me perguntei o que fiz de extraordinario.

- Voltem sempre,meninas. -Ela estava acenando quando olhei para trás.

straccia...stra...straccia... -Millie desistiu. - Esse sabor italiano então? 

- Na verdade, eu nunca imaginei que provaria esse sabor. Nem se me perguntassem a coisa mais doida que já passou pela minha mente. -Parei de falar e coloquei a colher na boca.

Era uma explosão de sabor, aparentemente tinha leite em sua mistura e se olhasse para a tijela, ele era recheado com lascas finas e irregulares de chocolate.

- Isso é literalmente um sorvete de flocos. -Ela aponta para minha o que eu estava segurando. 

-É... diferente.

Foi então que sua colher estava no meu sorvete, millie experimentou um pouco.

-Hummm, não. 

- A italiana disse que era diferente.

- Ela nunca disse isso, Sadie.

- Mas parecia importante. -refleti- Ela parecia outra pessoa.

- Talvez não esteja acostumada a ver americanas tão bonitas assim todo dia. 

Dei um leve empurro nela,mas sim, eu senti meu rosto ficar um pouco vermelho.

- Sadie, eu quero te dizer uma coisa. -Ela parecia nervosa, acho que era sério.

Não, eu não quero ouvir sobre o Finn ou qualquer coisa relacionada e ele.

- Ei, que tal apostarmos corrida ate aquela árvore? -Sugeri,mas antes que ela pudesse responder eu sai na frente.

Comecei a correr,mas minhas pernas estvam cansadas em meio segundo. Ah, qual é?

Millie passou na minha frente (obviamente) e assim que chegou na árvore colocou as mãos na cintura e me encarou enquanto novamente tentava me recuperar.

- Certo, agora escuta. -Interrompi levantando as mãos,pedindo um tempo. - Sadie!

- Água. -Ela me entregou a garrafa, impaciente.

- Eu queria dizer qu-

- Senti um pingo de chuva -Menti.- Acho que precisamos ir.

Ela me encarou,apontando para o sol.

- Só deixa eu me sentar um pouco. -Encostei na árvore e escorreguei ate o chão, apoiando minha cabeça nela e estirando os pés.

- Escuta. - Ela sentou ao meu lado e segurou minha mão.

- Oh, isso me lembra que viemos de conversivel. - Levantei rápido e sai um pouco na frente. -Venha, não quero tomar um banho de chuva no caminho.

Millie revirou os olhos e bufou,mas me seguiu até o carro.

O caminho foi silencioso,ela estava cansada de tentar falar.

The art of love • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora