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Abri os olhos devagar e vi um teto extremamente branco acima de mim. E tinham umas luzes também. Luzes piscando. Será que eu morri? Não, a luz do além era branca e não piscava.

Minha cabeça estava doendo,mas mesmo assim eu me esforcei para olhar ao meu redor. Olhei para o lado e ainda assim só vi itens brancos. Uma poltrona, algo como escrivaninha, cômoda e uma mesa de canto.

Eu também estava com roupas brancas e tinha uma máquina. E uma coisa estranha, como uma agulha. Tinha um acesso no meu braço.

Era um hospital. Eu estava num hospital. Me sentei na cama com certa dificuldade e olhei para a porta,mas não tinha ninguém. Tirei o acesso de mim e quando pisei no chão frio senti uma dor forte na minha perna. Foi então que puxei um pouco a camisola que eu estava e vi um curativo perto do meu joelho.

Me apoiei na cama, tentando chegar até a porta e procurar Millie.

Mas tão tive muito sucesso, já que uma enfermeira abriu a porta e me viu de pé.

— Não pode sair agora.

— Eu preciso encontrar uma pessoa, ela estava comigo na hora que aconteceu e não sei como ela está,eu quero vê-la.

— Só que você precisa se recuperar primeiro.

— Eu não quero me recuperar, merda. Só quero saber se ela está bem.

A bandeja que a mulher segurava foi colocada no balcão e então ela fechou a porta.

— Me ajude a te ajudar,ok? Mais tarde eu darei notícias a você. Só que agora, preciso que você se deite para eu trocar seu curativo.

Assenti e deitei na maca novamente, deixando ela colocar o acesso no meu braço. Quando o curativo foi puxado, vi que tinha bastante sangue naquela região, não tinha como eu ficar calma. Se isso aconteceu comigo,eu não quero imaginar o que aconteceu com ela.

— Vai receber alta em breve, só precisa ficar de observação. Esses arranhões no seu rosto não devem ser a sua maior preocupação.

— Eu não sou minha maior preocupação.

Pensei que estaria livre dela e finalmente poder ir até Millie. Mas antes de sair, a enfermeira me deixou anestesiada.

Merda, lá vamos nós.

[...]

Não sei quanto tempo se passou,mas já deveria ser o suficiente para que a enfermeira voltasse.

As persianas não me deixavam ver o mundo lá fora,eu perdi a noção do tempo aqui.

Levantei mais uma vez e nesse momento eu desejei ver um rosto conhecido.

Assim que abri a porta vi o corredor quase vazio. O janelão no fim do corredor me permitia ver a escuridão que fazia lá fora e a televisão na sala de espera me entregou as horas quando um jornal local a falou.

Sai andando pelo corredor,olhando de quarto em quarto,mas em nenhum deles estava Millie. Corri com dificuldade até o elevador e assim que entrei vi a quantidade de andares existentes naquele prédio. Eu estava no 7.

A enfermeira saiu de uma sala e assim que me viu correu para pegar o elevador,me fazendo apertar em qualquer botão.

Apertei no 13,mas minha tentativa de fuga falhou, já que o elevador foi chamado de volta ao andar que eu estava.

Assim que a porta se abriu e eu vi o mesmo rosto, me sentei no canto do elevador e abracei minhas pernas, sentindo um pouco de dor na direita. E era exatamente isso que eu tinha dúvida. Se era só a dor na perna que estava me fazendo chorar.

A enfermeira estendeu as mãos para eu me levantar,mas recusei e fui sozinha até o quarto.

— Esse é o errado.

Então parei na porta de cada um, até perceber que o meu era o primeiro.

— Uhum.

Me deitei na cama com o rosto virado para baixo e esperei ela sair,mas aparentemente estava na hora de trocar aquele maldito curativo.

— Amanhã você pode ir embora, não se preocupe.

— Eu não quero ir embora, quero ver uma pessoa.

— Posso ligar a televisão. -Ela pega o controle e coloca num canal onde está passando o jornal local. — Se gostar de novela, daqui a pouco começa.

NÃO QUERO VER NOVELA, NÃO QUERO ASSISTIR TELEVISÃO. EU QUERO VER A MILLIE.

Mas não adiantava,eu não poderia vê-la tão cedo.

Talvez eu nunca mais pudesse ver seu rosto.

— Vou trazer seu jantar. -A enfermeira saiu do quarto e fiquei sozinha com meus pensamentos de novo.

E a televisão.

Foi tudo minha culpa. Se eu não tivesse gritado,talvez ela não teria perdido atenção.

Talvez Millie ainda estivesse aqui, comigo.

Eu não sabia o que pensar. A cada minuto que passava sem receber notícias era como se minhas esperanças sumissem.

Estava com medo.

The art of love • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora