• dois •

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Brianna Costello

Brianna Costello

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Resistir. 

Resistir foi sempre a minha sina. Desde os tempos em que eu ainda desfrutava da presença e do amor da minha mãe. Mas chega uma hora em que essa resistência começa a querer se despedir de nós. E o que nos resta é a entrega aos sentimentos mais melancólicos.

Sempre tento canalizar essa resistência antes de qualquer treino ou luta de verdade. Minha mãe me ensinou a resistir e serei eternamente grata por isso. Mas neste momento, ao me olhar no espelho do vestiário da academia, não encontro tal resistência. O que vejo é uma jovem de 21 anos tentando resistir. Minha própria imagem me faz lembrar do sonho que tive noite passada. Eu competia pela academia do meu pai, que por sua vez não parecia estar muito feliz em me ver no ringue; mas ele não contestou. De alguma forma, no sonho, quando caí no ringue senti uma mão sobre meu ombro. Ao olhar para cima tive um breve vislumbre de minha mãe. Ao seu redor havia uma luz branca. Isso pode parecer uma imagem religiosa, mas eu não costumo seguir uma doutrina ou filosofia. No entanto, gosto de acreditar que ela estaria orgulhosa de quem eu venho sendo ou tentando me tornar.

De repente, ainda encarando meu reflexo, sinto meus olhos ardendo por conta das lágrimas e lembro do fatídico dia. O que era para ser a confirmação de como ocorreu a morte de minha mãe, se tornou uma incógnita. Porém eu nunca tive coragem de tentar investigar. Tudo o que sei é que ela teve um infarto. Mas isso é estranho para mim. Afinal, ela era uma mulher saudável e sem qualquer problema de saúde. Praticava esportes e tinha uma alimentação regulada. O maior mistério para mim é o fato de que meu pai começou a odiar Charles ainda mais depois disso. Já ouvi ele o acusando de coisas absurdas e inserindo o nome da minha mãe e de Charles nas mesmas frases. Para mim essa história sempre foi muito mal contada.

Seco minhas lágrimas e termino de enrolar as faixas em meus dedos. Hoje a academia não está muito cheia, mas meu pai tem uma quantidade considerável de alunos. Logo avisto o mesmo garoto bonito de ontem. 

Vinnie

Ele me encara sério, o que acho estranho já que há um dia ele parecia agir com simpatia comigo.

Me posiciono no tatame ao lado de meu irmão e começamos um alongamento que faz minha alma sair do corpo. Eu não sou sedentária, mas também sou humana. E praticar algum esporte não me faz insensível. Afinal, após o alongamento preciso de alguns minutos de descanso devido aos músculos que foram puxados e causam desconforto.

Coloco as caneleiras para proteção e Andrew fica ao lado de um dos sacos de pancadas, o segurando para que eu possa praticar meus chutes. Impulsiono meu corpo para tentar chutar bem no alto.

— Esse seu chute lateral está meio baixo. — a voz de Vinnie me faz parar. — Acho que você precisa se esforçar mais...

Ainda de costas para ele reviro os olhos e então o encaro.

𝐟𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐦𝐞 | 𝐯𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐡𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫 Onde histórias criam vida. Descubra agora