Capítulo 31

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— Meu menino! Faz tanto tempo que não te vejo. Que bom que não perdeu a preferência. — o velhinho abre um largo sorriso — Mas então, vai querer o mesmo de sempre?

Mesmo de sempre? Franzo a testa por um momento, confusa.

Mas aí entendo. Sorveteria! Ele vinha aqui quando criança. Essa era a sorveteria. Por isso não queria entrar.

Quando saio dos meus devaneios, percebo que Jackson não está mais aqui. Foi para o lado de fora.

— Compreendo a saída dele. — Nolan murmura baixo. — Uma coisa dessas não é fácil esquecer... — acrescenta tristemente.

— Você pode me dar um de chocolate também? — pergunto distraída.

— Claro.

Eu coloco o dinheiro no balcão e pego a casquinha que ele acaba de preparar. E antes que eu pudesse ir, ele pergunta:

— Você é amiga dele?

— Namorada — sorrio gentilmente para ele.

— Oh, isso é bom. Isso é muito bom. — ele sorri — Cuide bem dele. Ele precisa de muito carinho depois do que aconteceu.

— Estou cuidando — digo carinhosamente — Bem, obrigada.

— De nada. Voltem aqui mais vezes.

— Vamos voltar.

Assim que saio da sorveteria, encontro Jackson sentado em uma das cadeiras da faixada. Vou até ele.

— Aqui. Pega — coloco o sorvete na sua frente e me sento também.

— Achei que tinha dito que compraria para você.

— Mas também comprei para você. Vai, pega.

— Não. Tira isso de perto de mim, eu não quero.

— Vai me deixar comer sozinha?

Ele dá uma bufada e pega o sorvete da minha mão.

— Obrigado — diz, e logo arranca um pedaço usando os lábios. — Maldito sabor da infância — ele me olha com os olhos marejados. — Ainda tem o mesmo gosto. Não consigo comer isso sem lembrar dela.

Chego perto dele e o envolvo num abraço.

— Me desculpa por te fazer entrar aqui.

— Você nem sabia que essa era a sorveteria, não precisa se desculpar.

— Quer ir para casa?

— Não... Vamos terminar os sorvetes primeiro.

***

Quando chegamos, Jackson bate a porta e larga as bolsas no chão. Ainda parece triste com o que aconteceu.

— Jackson?

— O que?

— Está tudo bem?

— Está. Por que não estaria? — ele franze a testa e força um sorriso — E essas coisas? Vai deixar no seu...

Eu não o espero acabar de falar e chego perto, puxando ele para um abraço.

— Quarto? — acrescenta.

— Depois.

Ele precisava de um abraço. Não disse com palavras, mas expressou com o olhar. E não demora muito para ele me apertar forte contra o seu peito.

— Eu sei que você está triste, não precisa esconder isso de mim. Ninguém é tão forte.

— Emma...

O Inesperado Para Emma [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora