Capítulo 47

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Meio zonza, consigo ouvir alguns ruídos. Barulhos, vozes... a voz do Jackson: desesperada, alarmada...

— Abre, por favor! — implora ele, choramingando — Por favor. — sua voz sai mais fraca e enfática.

Sinto a porta do carona ser forçada ao meu lado.

— Rapaz! Saia de perto do carro!

— Não! Sai você de perto de mim! É minha namorada aqui dentro, eu não vou sair daqui sem ela!

A porta é puxada mais uma vez, e eu ouço um grunhido estridente vir de Jackson.

— Precisa de ajuda? — ouço outra voz anuviada.

— Sim, preciso, eu... preciso. — ele ofega. — Eu bati meu carro e-e bateram nele. Ele... ele está com muita fumaça. Eu preciso tirar ela daí, ele vai explodir. Meu carro vai explodir!

Fumaça? Ah, sim, posso sentir o cheiro...

— Fique calmo, rapaz...

Meus olhos se fecham outra vez, antes de eu poder ouvir mais alguma coisa.

***

— Ok, é Jackson seu nome, certo?

— É. É sim — a voz de Jackson vacila. Ele parece perdido.

— Tudo bem, Jackson. Eu preciso que você tente tirar ela pela sua porta. Consegue fazer isso?

— Não dá! O cinto dela emperrou. Eu não consigo!

— Então venha aqui. Me ajude segurando a porta do carona e nós puxamos no três. Um, dois...

E eu apago de novo.

***

— Quando você acha que ela pode acordar?

— Não sei ao certo, Sr. Rhodes. Tinha muita fumaça...

Ouço seu reconhecível suspiro, longo e pesado. E a escuridão me puxa novamente.

***

Demoro um pouco para perceber que estou com a cabeça no colo de Jackson quando desperto outra vez. Não abro os meus olhos, mas posso sentir.

O lugar em que estou é bastante calmo, silencioso... E sou distraída enquanto tento identificar que lugar é este, por ouvir Jackson, chorar e fungar, e fazer barulhos desconhecidos dos quais nunca ouvi.

— Não... — sua voz surge baixa e fraca — Não faz isso comigo, você é a única coisa que eu tenho — sinto seus dedos passearem trêmulos pelo meu cabelo — A única coisa boa que me aconteceu foi você. Não vá embora.

Não...  Eu não vou deixar você, Jackson. Não vou...

— Eu não quero que você morra... Não faz isso comigo, por favor, não faz.

Ah... eu quero tanto falar com você para que saiba que eu estou bem, mas não consigo. Me vejo incapaz de sequer mexer minha cabeça.

— Você disse que nunca iria me deixar, você lembra? Nós... nós temos que ficar juntos. — ele toca meu rosto — Eu amo você, menina, não me deixe. Por favor, acorde. Acorde pra ficar comigo.

É tão bom sentir seu toque... Eu queria poder esticar meu braço para poder tocar sua mão agora. Ou qualquer parte do seu corpo.
Eu estou aqui, Jackson. Ainda estou aqui.

— Isso foi minha culpa. Tudo é sempre por minha culpa. Tudo minha culpa...

Não... Por que diz isso? Não foi sua culpa, e você sabe!

O Inesperado Para Emma [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora