O Inesperado Para Emma [CONCLUÍDO]

Capítulo 3

Todas já devem saber o quanto é desagradável ser perseguida por um cara que você não gosta. E é mais desagradável ainda ser perseguida pelo mesmo cara todos os dias. Steven, é um desses caras.

— Oi, Steven.

Ele é até bonitinho, mas eu simplesmente o detesto. É o tipo de pessoa que não desgruda. Só vive atrás de mim. E eu sinceramente já cansei da sua insistência. É quase todo dia o mesmo papinho de: “vamos sair hoje?”. Se hoje o assunto pelo menos mudar, vou estar agradecendo.

— Oi, Emma — ele sorri, afastando uns fios de seus cabelos loiros do rosto, que quase entram em seus olhos.

Olho para meu braço e em seguida para ele com uma cara que diz: “É melhor soltar a porra do meu braço agora”. E ele solta, parecendo entender, lançando um pedido esfarrapado de desculpas.

— O que quer? — ajeito um pouco minha mochila que quase cai do meu ombro. — Não estou com tempo hoje. — acrescento.

Inventar uma desculpa sempre é bom para se livrar dele. Em quase todas as vezes funciona.

— Puxa, está sem tempo? Outra vez?

— Sim.

— Bem, é que... Eu queria saber se você gostaria de tomar um sorvete comigo hoje.

E esse. Justamente esse. É o meu ponto fraco. Eu adoro sorvete. E faz muito tempo que não tomo. E se for pelo sorvete, eu vou. Mas apenas por ele.

Isso realmente me surpreendeu, por que, em todas as vezes que ele insistiu, nunca foi para uma ida à sorveteria. Mas também penso que ele deve ter perguntado à Kendra ou a outro alguém.

— Eu pago — ele solta, me pegando de surpresa outra vez.

É tentador, mas não estou acostumada a pessoas que mal conheço pagando coisas para mim. Sinto que, quem olhar esse tipo de cena na rua vai pensar: ou o amigo está sendo muito gentil, ou ela é uma grande pão dura. Já consigo imaginar olhares me reprovando.

— Eu tenho dinheiro aqui também.

— Mas eu vou pagar. — ele diz — Para nós dois. Eu insisto.

Insistir. Essa palavra combina mesmo com ele, mas nunca o ouvi dizer. E agora, como está praticamente admitindo que, sim, ele é mesmo um insistente, eu cedo. Mas não completamente.

— Tudo bem, se você quer pagar, você vai pagar. Mas depois eu vou devolver seu dinheiro.

Ele faz uma cara de horror.

— Ei, o que é isso? Eu estou te chamando para sair, Emma. Estou te convidando. Não precisa devolver meu dinheiro depois e nem nunca.

— Não, eu faço questão de devolver depois. Esse mundo já está cercado de gente intereseira, não quero que pensem que sou apenas mais uma.

Seus olhos se estreitam um pouco. Penso que ele deve estar achando meu pensamento um pouco infantil, mas não diz nada.

— Bem, já vou logo avisando, se você devolver, eu não vou aceitar. Podemos ir agora?

Não vai aceitar? Fique sabendo que se você não aceitar, eu vou pegar a sua mochila e colocar o dinheiro nela!

— Vamos — digo finalmente.

E só tenho tempo de ver seu sorriso se abrir até as orelhas e ver meu braço sendo puxado pelo corredor.

Então descemos as escadas e saímos da escola. E essa é a primeira vez que ele parece super feliz.

Chegamos ao estacionamento e entramos no carrinho vermelho que ele tem. Um... como é mesmo o nome? Porsche.

Demora um pouco para chegarmos na sorveteria, mas a demora vale a pena. Ela está simplesmente lotada de sabores novos.