Capítulo 21

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Depois disso, fico sem palavras. Eu o observo de cima a baixo. Pela sua aparência, eu diria que ele não dorme a dias, mas não posso afirmar isso. Ele usa a jaqueta de sempre, sua calça jeans preta e uma camisa social branca. Está com grandes sapatos, com os quais eu nunca o vi usando. Está todo molhado, e carrega uma sacola na mão.

Meu Deus, ele está aqui. Depois de um mês ele está aqui! Olho nos seus olhos, que parecem felizes, satisfeitos em me ver novamente.

Ah, droga, não... Não dá, eu não consigo.

Eu não sei exatamente o que dá em mim, mas quero desesperadamente fechar a porta. Tento fazer isso, mas ele segura ela com a mão.

— Emma, não faz isso, por favor. Deixa eu falar com você. — ele me olha quase implorando.

Por um momento fico na indecisão de querer fechar a porta completamente ou soltá-la.

— Por favor — murmura, e é quase uma súplica.

Merda... cedo, soltando a porta.

Me recomponho no meu lugar e pigarreio um pouco.

— O que tem para me dizer? — tento parecer corajosa, me sentindo como se tivesse um metro a mais que ele. As batidas do meu coração são quase erráticas.

— Olha, eu sei, que você não queria me ver nem pintado de ouro. Mas eu quero que agora me escute. — ele faz uma pausa e morde o lábio parecendo pensar — Aquelas mensagens...

— Eu iria acabar lendo de qualquer jeito. — digo rápido.

— Você entendeu tudo errado.

— Não. Eu entendi tudo perfeitamente certo. Só foi um pouco tarde demais.

Me surpreendo vendo o nível da minha coragem ao falar assim. Acho que agora ela meteu as caras.

— Deixa eu me explicar. Deixa eu conversar com você.

— Acho que já conversamos — empurro seu peito quando ele tenta entrar — Agora você pode ir para casa. E vê se pega um táxi dessa vez.

— Eu vim de carro.

— Estando molhado desse jeito?

— Estava procurando lojas. Eu queria comprar algo para você. Hoje é domingo, a maioria delas estão fechadas. — ele levanta a sacola na minha frente. — É chocolate, uma vez você me disse que gostava.

Ah, não. Eu não vou aguentar ver ele aqui mais nenhum minuto. Ainda mais sendo carinhoso desse jeito.

— Eu não lembro disso. Sai daqui.

— Por favor, não seja arrogante. Não comigo — ele pega minha mão e coloca a sacola. Eu sinto um pequeno choque, mas decido ignorar. — Aceita.

Jogo a sacola na mesa ao meu lado e o encaro.

— Obrigada. Agora tchau — me preparo para fechar a porta, mas ele segura ela com a mão outra vez. — O que é agora? Quando eu saí da sua casa te pedi para ficar longe de mim.

— Entenda que se for para você me pedir uma coisa impossível, eu vou me fingir de surdo. — ele torce a boca — A gente precisa conversar.

— Não temos mais nada para conversar.

— Eu quero esclarecer as coisas sobre isso. Eu quero falar sobre nós, eu... eu... — ele trava parecendo um computador em pane.

— Não existe mais nós, entenda. O que tinha já acabou a um mês.

— Não diz isso.

— Digo. E volto a dizer se isso for manter você bem longe de...

— Não. — ele empurra a porta de uma maneira que me faz recuar. — Você não vai dizer mais nada. Eu tentei ser calmo aturando esse e o seu outro showzinho ridículo quando você saiu da minha casa. Agora você vai me ouvir.

O Inesperado Para Emma [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora