Capítulo 37

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Oi. — me viro por um momento para fechar a porta atrás de mim e sinto que seu olhar não deixa de me seguir.

— Não vai me responder? — pergunta ele com calma.

Olho para ele, que semicerra os olhos, de maneira que deixa bem clara a sua curiosidade. Ele parece bem paciente, o que para mim, é completamente estranho.

— Na rua. — respondo baixinho.

— Ah, na rua? — ergue uma sobrancelha. — Na rua é aonde bilhões ficam, Emma.

— Eu sei — olho para as minhas mãos, fugindo do seu olhar que parece estar pregado em mim.

— É claro que sabe — diz secamente — O que estava fazendo na rua? — sua voz ainda é assustadoramente calma, e me faz erguer a cabeça. E com isso, sei que ele não vai aturar enrolação. E sei que nem vai adiantar tentar. Eu preciso contar. Talvez ele mude de ideia. Talvez fique feliz por mim.

— Se eu te falar, você não vai ficar bravo? — arrisco perguntar.

— Depende.

Depende... tudo bem. Respiro fundo.

— Bem, eu... fui em um lugar. E... eu... acho que consegui um trabalho.

Seus olhos se arregalam surpresos.

— Você o que?

— Não fica bravo. — digo rápido.

— Quando você fez isso? Foi agora mesmo?

— Não. Foi quando estávamos discutindo e eu saí. Eu tinha ido resolver isso na casa da Kendra.

Ele pisca e balança a cabeça, sem entender, ou para recordar ao certo em que momento foi isso.

— Por que não me contou? — sua testa está franzida. Dou de ombros e ele suspira — Eu disse que iríamos ver isso.

— Disse, mas...

— Mas você resolveu sem mim. — sua mandíbula está tensa e seus olhos bem abertos — Agora, eu não sei nem onde você trabalha, porque você não me avisou nada. Nada!

Seu grito me faz dar um pulo.

— O-olha, não precisa se preocupar. Não tem área de risco, eles pagam bem e minha chefe vai ser uma mulher.

— Vai ser? E o que ela é agora? Um homem? — ironiza.

Não respondo, e ele volta a balançar a cabeça e fecha os olhos. E por um momento, penso que está achando graça. O pensamento é bem vindo.

— Quando você começa? — pergunta, tornando a abrir os olhos.

— Vai ser um teste. Na segunda-feira.

— Segunda-feira... — concorda com a cabeça e suspira de novo — Você realmente deveria ter me contado — ele soa decepcionado, e sem dizer mais nada, levanta do sofá e segue para a cozinha.

— Jackson. — sigo ele — Ei, ei. — toco seu ombro e ele imediatamente se vira, fugindo do meu toque. Sua cara permanece fechada. — Não pode ficar bravo com isso.

— Posso sim. E vou ficar.

— É só um emprego, droga!

— Que eu disse que iria ver com você. Mas você fez tudo sozinha. Não me contou. Você escondeu de mim, e isso é errado. — diz com certa raiva.

— Eu precisava resolver isso sozinha.

— E você resolveu! Está feliz?

— Não!

O Inesperado Para Emma [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora