Capítulo 2

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Saio do quarto quase tropeçando com a minha mochila para encontrar Kendra. Não nos vemos desde sexta-feira. E mesmo sendo só poucos dias, já sinto saudades. Kendra é como uma irmã pra mim. Foi durante nossos três anos de amizade. Por mais que minha mãe não goste muito da amizade louca que nós temos.

Passo pela cozinha como um tornado, já esperando vê-la com um sorriso radiante nos lábios pregado de orelha a orelha como em todas as manhãs. Mas vejo apenas minha mãe. Ela está falando com alguém na porta.

Me aproximo de curiosidade e... Ah. É só o carteiro. Aonde Kendra se meteu? Ela nunca demora... Nós vamos nos atrasar!

Minha mãe fecha a porta e vem em minha direção, com os brilhantes cabelos castanhos caídos em ondas nos seus ombros. Ela tem uma beleza incrível. E mesmo sendo minha mãe, devo admitir que não parece ter a idade que tem.

— E seu café, vai querer agora? — ela pergunta animada, não parecendo nenhum pouco com o bicho de sete cabeças de minutos atrás.

Estou morrendo de fome e louca para saber o que ela preparou. Mas quando estou prestes a responder, alguém bate à porta novamente. Deve ser ela...

Mamãe olha para a porta com o rosto já emburrado de novo, como se soubesse que com a chegada de Kendra irei perder total interesse em seu café. E ela está certa.

— Mãe, eu sinto muito, mas agora eu não posso. Eu compro alguma coisa na escola, tudo bem?

— Bom, se rejeita o meu café, é o mínimo que você pode fazer né... — diz carrancuda seguindo para a cozinha.

Alguém não acordou de bom humor hoje... Balanço a cabeça.

Eu abro a porta, e desta vez, Kendra está a minha espera. Com uma carinha como se quisesse dizer: “me desculpe, por favor?”

— Oi... Fui encher o tanque do carro, demorei?

Se você demorou? Me esforço pra conter uma risada.

— Kendra.

— Sim? — ela responde com um sorriso idiota.

— Já são 7h21! Vamos logo, garota! — quase berro.

— Ei! Calminha aí. O portão fecha 7h45, ainda temos muito tempo.

Minha empolgação para ir para ao colégio me assusta. Acho que nunca estive assim. Espero que exista um motivo especial para se estar desse jeito hoje. E lembrar que o portão não fecha tão cedo me acalma um pouco. Sorrio para ela.

— É, tudo bem. O tanque de um carro não se enche só em cinco minutos, não é? — digo a ela, que ri e concorda maneando a cabeça. — Mãe, já estamos indo! — grito. Acho que ela pode me ouvir da cozinha...

— Tudo bem, querida. Vão logo antes que se atrasem — ela grita de volta.

Me viro para Kendra.

— Então, Kendra Atrasada Sanford, vamos indo?

— Depois de você, Emma Reclamona Jones.

Fecho a porta e sigo com ela até seu carro. O carro é um Volvo que ela ganhou do pai. E mesmo parecendo um carro um pouco antigo para uma adolescente, é bem espaçoso. Só não é muito a cara dela. Porque, quem a vê, com toda a sua beleza, a imagina andando num conversível. Não num simples Volvo como esse.

Kendra é bem bonita. Morena, os olhos escuros, tem um longo cabelo castanho claro como o meu e seu jeito de se vestir é totalmente incrível, embora exagerado. Ela tem o típico visual de uma garota popular. Somos completamente diferentes nesse quesito visto que, eu ao seu lado sou só uma esquisita de calças largas com uma camiseta que parece ter sido usada por um homem algum dia. Mas fora isso, temos alguns gostos iguais.

O Inesperado Para Emma [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora