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Samara: Me da esse caralho aí! - peguei a maquininha da mão dela.

Inara: Não faz mais isso não, Samara. Daqui a pouco o bofe descobre os valores altos aí... - eu balancei a cabeça em negativa. - Se o bofe descobrir, cara? Olha o merdelê!

Samara: Vai denunciar a mulher dele? Não vai! Vai fazer o que? - eu rir. - Além do mais ele que me deu e não vai descobrir não, ele nem olha a fatura, boba...relaxa aí! - falei serinha.

Bofe não me dava dinheiro alto não, em dinheiro em espécie era só bobeira mesmo, merreca, mas o cartão dele altíssimo ele deixava comigo.

Sempre gastei e ele nunca reclamou, nem procurou saber... não falava nada. Ele deixava eu me esbaldar mesmo e eu agora estava mais ainda, só que de um jeito diferente!

Passei o cartão pela terceira vez esse mês, mas dessa vez eu meti trezentos direto. Das primeiras coloquei 520 dividido por 5 e da outra 300 de duas vezes...

Eu tava passando o cartão na maquininha da minha prima pra depois ela me dar o dinheiro. Quando ela me dava eu ia e depositava na minha conta!

Na maioria das vezes eu parcelava até porque entrando juros ela ainda ganhava um dinheirinho, né? Faturava junto comigo.

Tava cheia de medo ela, mas eu que não tenho. Ele vai falar o que? Nem se atenta e não tem o que dizer, esquece! Tava segundo meu casamento né? Mas não mais sem proveitos...

Quando falei com a mãe dele e pedi conselhos e solução ela me disse que era pra eu orar, jejunhar e estou orando, ainda tô na igreja!

Chega ser engraçado a lógica, como se safadeza curasse com oração né? Mas ela me garantiu que existem milhares de exemplares que venceram assim, tá? Então estou perseverando.

Vou orar sim, estou orando, mas aplicando o golpe nele também e fazendo meu pé de meia. Posso até me descasar um dia, mas só quando eu sugar bastante!

Inara: Termina, cara! Não deu certo, termina. Você não vai ser a primeira nem a última a fazer isso, não é porquê virou crente que tem que aturar tudo igual muito delas aturam... acho isso doideira!

Samara: Casei na igreja tem quatro meses eu já vou terminar? - neguei. - Não mesmo! Não quero mais um escândalo pra minha conta, não vou... não agora! - falei seríssima.

Inara é a única pessoa da minha família que sabe da minha situação, a real situação mesmo porque ela estava comigo e eu falando tudo pra ela.

Os demais eu não falei não, escondi! Nem pra minha mãe ou minha vó eu abri, nem abriria isso, ainda mais que me falaram bastante... Não contei nada, mas minha mãe parece que sente, sabe?

Só porque eu tava vindo mais aqui na casa de minha vó ela me chamou pra dizer, perguntou se estava acontecendo alguma coisa, mas eu desconversei!

Não estava acontecendo nada, mas nada mesmo! Eu parei com esse bofe, vai fazer um mês que eu parei com ele, não estamos nem mais tendo relação.

Ele tenta, já tentou, já quis me tapear e eu nada, não dou mesmo. Não me achei no lixo, não me troco por ninguém, tá maluco?

Se ele quis casar comigo, aceitou casar pra mãe dele parar de encher a mente e pressionar, muito bem, tá ok. Não casou? Não fiz meu papel? E é somente!

Falei isso pra ele falou que era mentira, que não foi nada disso, mas depois que conversei com a mãe dele o que eu entendi foi isso sim...

Mãe dele queria casar ele pra ver se aquietava, me usar pra ver se eu mudava o filho e ele casou comigo pra ver se ela parava de falar e pressionar e eu casei pensando no dinheiro e beleza, né?

Kkkk última parte eu não falei a ele não, mas pra mim foi exatamente isso! Então já que era assim, viveríamos todos de aparência...

Se ele quiser terminar, terminamos, ainda bem que não assinei nada, foi casamento só na igreja. Mas eu pedir pra separar? Eu não vou, ele que faça isso!

Só que não faz, já me disse várias vezes que gosta de mim, que não foi isso e eu que estou complicando mas só rindo pra ele... já me amostrei.

Antes eu estava fazendo a boba pra ele, mas agora? Já me mostrei pra ele mesmo, já surtei, já xinguei, descaralhei!

Inara: Então tá... você que sabe, nem me meto!

Samara: Ok!

Saímos do quarto e tava meu tio Roberto lá na sala, deu até vontade de voltar, mas nem deu tempo. Eu não falei com ele não, mas ele falou comigo!

Roberto: Você tá aí, Sam?

Samara: Sim... - sorri falsamente. - Bença, Tio! - ele me respondeu.

Sabe quando você sente que a pessoa não vai com a sua cara até na voz? É o caso dele! E o pior que é só comigo, sabe? Só comigo!

Sempre foi assim comigo toda vida, super diferente e eu até já liguei em determinados momentos, mas hoje em dia eu nem ligava mais...

Sei que ele já falou de mim horrores, já fez piada, já me esculachou e eu dou gelo. Só falo quando ele fala comigo, porque se não for assim, finjo que não existo!

Apesar de eu ter me afastado da minha família em dado momento nenhum me tratou com indiferença, nenhuma das minhas tias me trata assim.

Samara: Bora ali no sorvete? - chamei Inara só pra sair daqui.

Nair: Traz pra mim também, Samara!

Samara: Qual sabor?

Minha vó falou, eu esperei Inara e fomos! Aí, chamei só pra sair de lá porque tenho ranço. Ainda mais que ele já começou a falar e até a voz me enoja.

Inara: Você não gosta de meu tio mesmo né?

Samara: E ele gosta de mim? Nem ele e nem a filha me suportam, só toleram, então não gosto. Eu só gosto de quem gosta de mim!

Inara: E nem assim né mana? - eu rir.

Samara: É, nem assim!

Chegamos lá na sorveteria gourmet fiz minha porção, pesei e peguei minha comanda. Inara fez a dela e sentou comigo também!

Minha vó falou a Ingred que estávamos aqui, rapidinho ela veio atrás também. Tava me contando que tava namorando, me pediu segredo.

Samara: E ele tem quantos anos?

Ingred: dezoito.

Samara: Mas já é velho né? Você só tem 14.

Ingred: É, ele é mais velho sim... - calou a boca. - Lá vem minha irmã!

Eu tava sabendo primeiro que a irmã e que todo mundo, me contou o segredo, tem maior confiança em mim porque eu dou a ela...

Inara saiu pra falar com uma cliente que passou aqui, a viu e chamou e ela começou a me contar, né? Mas nem terminou.

Inara: Ta de segredinho com Samara né?

Samara: Ta de ciúmes! - rir.

Ingred: Ela tem ciúmes da gente mesmo! - riu.

Fiquei com elas aqui até as cinco, depois peguei o sorvete de minha vó, paguei e levei pra casa. Cheguei lá só peguei as minhas coisas e pedi um uber!

BANGU CITY 🧨 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora