A Cor do Pecado é Azul

Desculpa Travi - Kenneth

Notas:
Capítulo com gatilhos.

*

Sinto que nunca fui um bom pai. Eu tentei, tentei muito ser O Pai. Mas não deu. Porque o culto é muito mais importante do que ele. Vê o rosto de meu amado filho, tão sereno, me dói. Ele cresceu muito, enfim se tornou um homem! Mas, esse homem, esse meu filho, deverá ser só mais um de nós,  que enlouquece com os sons das trevas. Perdoe-me Travi.

(...)

Está me desafiando. Travis Phelps está me desafiando com palavras afiadas. Tudo por causa de um garoto, um bendito imundo. Nós,  os Devoradores de Deus, cumpriremos com o nosso dever, que é fortalecer a nossa irmandade.  Perdoe-me Travi.

(...)

Inspiro fundo, e solto o ar aos poucos. Depois de tanta agitação,  Travis finalmente dormiu, e agora, podemos executar nossas ações. Katherine, a madre, entra no quarto silenciosamente. Depois de tanto exigimos, os médicos deixaram ele vir conosco. 

— Devagar, é apenas para mantê-lo desacordado — digo, ela está pondo um sonífero em um pano e prensando contra o rosto de Travis. 

Com cuidado, algumas freiras entram, e levam o corpo de meu filho para o porão,  onde realizaremos o culto.

(...)

Há sangue no chão. O sague de Travis. Não consigo não chorar, é meu filho. Meu amado e único filho. Mesmo ele sendo quem é, eu ainda o amo. Sei, não fui um bom pai, nunca direi isso, mas espero que ele me perdoe, por isso e por tudo o que já o fiz, porque, isso é para um bem maior; o bem dos Devoradores de Deus.

Me agacho ao lado do corpo, mesmo depois de tanto sofrimento, seu rosto ainda reside uma expressão serena. Abraço-o com o mínimo de cuidado, alisando seus cabelos dourados e seu rosto cansado e, por fim, dou um beijo em sua testa.

— Me perdoe Travi, me perdoe, me perdoe, me perdoe. Nunca serei um bom pai. Nunca aquele que você sempre quis.