A meia liberdade (pt. 1 e 2) - Travis

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Notas:
Agora, é hora de complicar as coisas. Se você entender isso: você é incrível!

*

Quanto mais eu corro, mais minha velocidade diminui. Porém, meu pai parece o contrário, quanto mais ele corre, mais velocidade ele ganha. Como um homem da idade dele consegue ser tão rápido? Talvez não seja. Eu estou ferido, ele não. Tem muitas vantagens comparado comigo, principalmente, uma arma.

— Você não pode fugir de mim, Travis! — gritou, correndo ainda mais rápido. Ele está se aproximando.

Estou começando a perder muito sangue, e a ficar zonzo. Um frio sobe pelo meu corpo até a minha cabeça... o que é isso? Essa dor... esses gritos... eu estou morrendo? É assim o verdadeiro inferno?

— Te disse: você não pode fugir, Travis... nunca. — Pegou-me pelo braço e me prendeu,  com a arma apontando para a minha cabeça.

Mas não houve um tiro...

Nem ao menos um puxão no gatilho...

Porque...

Eu... jamais cheguei a correr dele... nem mesmo levei um tiro, ou a Vic... até a madre, ela nunca caiu morta na minha frente.

O motivo? Eu não sai do quarto. Ainda estou aqui, caindo e caindo dentro de mim, gritando e arranhando paredes; estou louco. Aqui, bem do meu lado, está a Vic. Chorando, suplicando por um perdão que eu nem mesmo sei o porquê dela precisar tanto.

É tudo mentira... uma mentira muito bem desenvolvida, ou... uma verdade que não parece verdade. Talvez esses demônios... essas vozes... queiram me mostrar para o que eu nunca quis abrir os olhos.

[...]

— Vic... — chamei, abraçando ela. 

Enfim, um pouco de sanidade.

— Travis... — sorriu, de leve. — C-como você está se sentindo?... — perguntou, enxugando o rosto.

— V-você tem que me escutar... — supliquei. — Fuja daqui... o mais rápido que conseguir! Leve a Karin com você, e o Sal. Se escondam e esperem por mim... — digo, com um pouco de dificuldade.  — Por favor... Não pergunta, só vá o mais longe possível...

— Mas... Travis... — Ela tentou contestar.

— Não se preocupa, eu vou logo atrás de vocês... apenas vão! _ gritei.

Vic correu para fora do quarto e saiu do meu campo de visão. 

[...]

Me forcei a sair pelas portas dos fundos, por algum motivo, não há ninguém na igreja, apenas eu, Vic e Karin. Como no delírio. 

— Travis. — Vic chamou de cantinho. — O que fazemos agora?

Sal e Karin estão conosco, e temos um peso extra também: Larry, sabia que ele não deixaria o irmão sozinho.

— Nós vamos reunir forças fora de Nockfell e depois, acabaremos com essa igreja estúpida — falei, e eles me olharam surpresos.

— O que exatamente você quer fazer? Matar seu pai? — perguntou Sal.

— Não, tem algo muito grande aqui, e meu pai é só uma parte disso.

— O que exatamente? — disse Karin.

— Um culto; um culto de demônios.

A Cor do Pecado é AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora