A volta de Kenneth pt.2

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A igreja estava decorada de vermelho e dourado; as cores favoritas de Kenneth. Travis estava ansioso, fazia anos que não via seu pai, mas ele também estava preocupado. O que ele faria ou diria após ver Travis? 

— Padre. — Vic chamou, a moça mordia fortemente uma de suas unhas, nervosa. — Eu preciso falar com o senhor.

Travis estava sem paciência naquele momento, tudo ao seu redor o deixava nervoso. Pensar na volta do pai, o deixava assim: assustado, confuso.

— O que você quer falar comigo, Vic? — perguntou ele, assim que sairam para o campo nos fundos da igreja.

— Tem uma coisa, que eu não contei para ninguém daqui, e achei que o senhor precisava saber. — Ela respirou fundo e continuou: — Meu nome de batismo é Luka, eu fui seu colega de quarto...

— Hum? — Travis estava confuso, como assim Luka? — Achei que você estivesse no colégio! — Gritou, assim que notou a situação. 

— Minha tia me ajudou, ela disse que se eu queria tanto assim me tornar uma mulher, que pelo menos eu servisse a palavra — contou.

A madre, sua tia, foi com ela para a igreja.

— Mas... que coisa, nunca pensei na madre desse jeito...

— Você reagiu melhor do que eu esperava — Vic riu.

— Vic... —chamou, colocando as mãos nos ombros dela. — Seja você como Luka ou como Vic, você sempre vai ser minha amiga — Travis sorriu, e os dois se abraçaram. 

— Não pensei que iria chorar... — disse Vic, enxugando o rosto. — Obrigada Travis...

(...)

Antes de seu pai chegar, Travis quis ir novamente a casa de Sal para vê-lo. Foi até lá, caminhando em passos lentos, que logo se tornaram velozes ao avistar a porta entreaberta.

— Sal! — gritou, abrindo a porta devagar. 

A casa parecia estar vazia, nada fazia barulho. Sem enrolar muito, abriu a porta do quarto de Sal, o rapaz estava deitado na cama com o corpo inteiramente coberto. 

— Sal... — chamou, sacudindo de leve o corpo do outro.

Notou que a máscara dele estava na cômoda, junto de um copo e uma caixinha de comprimidos. 

— Ele está tomando remédios para dormir... — Travis se distanciou da cama, achou melhor ir embora e voltar outra hora, mas foi puxado pelo braço. — Mas o quê?

— Padre, fica. — Sal pediu, abraçando o outro fortemente pôr detrás. 

— E-eu não posso, meu pai está chegando e se ele não me encontrar lá vai... — Travis foi interrompido,  Sal havia trocado suas posições e agora estava por cima dele.

— Fica, por favor, pelo menos até eu dormir — pediu.

Travis travou, Sal estava sem a máscara, sem...

— Você... você é lindo... — O padre parecia estar em transe.

O Fisher percebeu o seu erro involuntário, pegando a máscara de volta e a colocando no rosto.

— Não! — Travis exclamou, abaixando a máscara de Sal. — Não coloca, por favor.

Sal pós novamente a máscara no lugar de antes, e virou o rosto na direção de Travis, com o olhar baixo.

— Você me conquistou primeiro com os seus cabelos, e agora me encanta com seu rosto... — Travis disse, acariciando a face de Sal.

— Realmente me acha bonito? — Sal perguntou.

— Muito.

Sem nenhum dos dois notarem, suas bocas já estavam coladas uma na outra. E naquele momento, Travis pensou em guardar aquele sabor de cereja, pra sempre.


A Cor do Pecado é AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora