Capítulo 41

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                                   Júlia
 
Eu tomava o café da manhã muito ansiosa. Essas três semanas foram intensas para mim, porque Diogo, meu namorado, amor da minha vida, estava lidando com um problema estrondoso. A mídia não parava de destilar todo o seu sensacionalismo e veneno de uma maneira absurda, me deixando atordoada. Eu já tinha sentido o gostinho da imprensa martelando na minha cabeça quando repercutiu o beijo na revista “Conte Mais”, deixando-me louca. Infelizmente, até nesse meio havia pessoas que gostavam de se aproveitar do sofrimento alheio e fazer daquilo um prêmio a ser compartilhado e visto por todos. Os limites eram ultrapassados sem ter uma empatia para aquele ser que era noticiado em revistas, jornais, na internet e nas redes sociais.
         
Durante esse período horrível que Diogo estava passando, liguei para ele várias vezes, preocupada, dando palavras de conforto. Ele ficava grato, dizendo que eu era a única que o compreendia e não estava o acusando de coisas horríveis. Uma comoção passou dentro de mim, com uma compaixão e um carinho especial. O tempo que ficamos juntos e construímos o nosso relacionamento, ele provou ser um homem maravilhoso, mudando todo o seu jeito arrogante, machista e dominador, se tornando uma pessoa incrível. Achei que o ser humano não pudesse mudar, agindo sempre da mesma maneira. Não que eu não cogitasse que uma pessoa pudesse se transformar, mas acreditava que isso era quase impossível, ainda mais o que sofri com o meu pai, um ser que quanto mais o tempo passava, fica pior do que antes.
         
Sem perceber, o modelo arrogante que acampou em Paranapiacaba, trouxe mudanças e transformações consideráveis na minha vida que me mudou para sempre.
         
Tudo começou por sua insistência implicante de conquistar uma garota que não dava a mínima se se ele era famoso ou não, causando tantas confusões que desencadearam coisas boas, como encontrar os meus avós que eram ricos e ganhar um programa de TV. Jamais concordarei com o que ele fez comigo, me coagido  a amá-lo graças a uma aposta besta, tudo apenas pelo ego. A minha resistência contra as suas investidas foram as semelhanças das ações que encontrei  parecidas com a do meu pai, um cara dominador, arrogante e que se achava o centro do universo. Através disso, entendi que tinha traumas guardados que precisavam ser curados, mas ainda não conseguia me libertar. Toda dor que senti vendo a minha mãe sendo agredida, e que culminou em seu coma devido a pancada que ela sofreu na cabeça com um objeto pesado, só fez o poço de minha angústia transbordar.
         
Estava grata por conseguir cuidar de dona Lúcia com dignidade, com ajuda de meus familiares ricos que almejavam reparar os erros do passado. Enquanto há pessoas que mudam, há pessoas que insistem em continuar nos seus erros, fazendo o seu próximo sofrer de uma maneira terrível, ocasionando numa vida de desilusões e amarguras. Se Diogo não tivesse me beijado, não teria tido a oportunidade de conhecer os pais da minha mãe que eram tão legais comigo.
         
Eu estava grata que as coisas boas aconteceram comigo, dando uma oportunidade de crescer e seguir em frente.
         
Enquanto essas três semanas eram agitadas, comecei o meu treinamento com a apresentadora Samanta Oliveira que me treinou para poder apresentar o meu futuro programa chamado “Vida Mulher”. Confesso que tive dificuldade para aprender, eu era uma moça tímida, não sendo aberta para falar com os outros. Nesses treinamentos, aprendi a lidar comigo mesma e enfrentar o medo de falar em público.
         
Assinei o contrato e os preparativos para o programa deram início, deixando-me empolgada. Pude participar de cada etapa, dando a minha opinião e aprendendo bastante com a equipe que estaria comigo todos os dias, tocando o programa.
         
Eu estava tão feliz que a minha vida estava engrenando, mudando para algo melhor. Em breve, as pessoas pelo Brasil afora conheceriam Júlia Mendonça, uma porta voz para as mulheres que precisavam ser representadas, que sofriam em silêncio e, muitas das vezes, tinham que lutar por sua própria felicidade. Eu me sentia honrada em fazer parte disso. Mas nos meses que se seguiram, passei por um sofrimento muito grande, e tudo isso envolvia Diogo. Fiquei transtornada, sem reação, permitindo que vários sentimentos fluíssem confusos, acabando comigo. Mas tive que encontrar forças para continuar com a minha vida e o futuro cheio de estrelismo que me esperava.

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