Capítulo 6

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                               Diogo

Seria uma experiência diferente acampar, dormir ao ar livre ou ouvir o som da natureza antes de pegar no sono. Estar longe de problemas era uma bênção. Essa oportunidade caíra como uma luva, porque os dias que antecederam foram muitos agitados entre a minha família e a possível outra família que angariaria de maneira forçada sem eu querer, dando-me uma trégua para pôr a mente em ordem e pensar em como lidar com isso sem perder a cabeça.

Milena estava a par da situação, ficando um pouco chateada ao saber que passaria o feriado sem mim. Fui carinhoso dizendo que ela me tinha o tempo todo e que era um programa só para amigos e, que, não ficasse triste. Prometi que a levaria a um passeio inesquecível quando voltasse, aceitando de imediato.

No dia seguinte, Castro Guedes apareceu na porta do meu apartamento cheio de empolgação.

- Pronto? - Ele perguntou.

- Mas é lógico. É a minha primeira vez que acampo.

- Como já fui várias vezes, te garanto, você vai se amarrar.

- Estou contando com isso.

- Então, vamos?

- Claro!

Peguei as malas que estavam na sala de estar, colocando-as no corredor do prédio e fechando a porta. Depois nos encaminhamos para o elevador.

Na rua, depositei as minhas coisas no carro de Castro e pegamos a estrada.

Durante todo o trajeto, o meu recente amigo-ator pôs o repertório de Michael Jackson inteiro no último volume. Haviam músicas que o empolgavam mais, como, por exemplo, Remember The Time tocado quase explodindo meus tímpanos. Eu gostava das músicas do Rei do Pop, nada contra, tanto que até cantei junto algumas mais conhecidas.

Às vezes eu olhava para estrada e gostava de ver a natureza que brigava com o asfalto que a atravessava, uma luta incansável que, talvez, nunca haveria um fim enquanto existisse o ser humano. Mesmo assim, era possível sentir a liberdade que eu não tinha naqueles enormes prédios da capital de São Paulo. O melhor de tudo foi que eu estava conseguindo, finalmente, esquecer os problemas para dar uma relaxada, pensar com mais coerência os ultimatos que recebi e com um prazo até o fim do feriado.

Algumas horas depois a placa da estrada de cor verde dizia: Paranapiacaba próxima entrada e uma seta indicando o caminho para a direita. Castro girou o volante e adentramos à cidade.

Eu havia feito uma pesquisa sobre esse lugar, achando interessante o modo como fora fundada, tendo pontos turísticos além da reserva que iríamos acampar. Colocaria como um dos meus objetivos, visitar os locais de turismo.

Chegamos ao Simplão de Tudo.

Castro estacionou o carro um pouco antes da casa amarela que havia na entrada da reserva. Descemos e retiramos as nossas coisas.

Quando chegamos perto da casa, uma mulher saiu de lá de dentro dando boas-vindas e instruindo o modo de como nós deveríamos montar a nossa barraca. Ignorei os recados, pois sabia que Castro já era perito nisso, mas ele escutou da mesma forma, sorrindo e sendo solícito com ela.

Dirigimo-nos para um espaço aberto longe das árvores onde as barracas de várias cores já estavam erigidas ali. Encontramos um lugar e a armação teve início. Castro começou a tirar sarro de mim porque eu não sabia como montar, levei na brincadeira e começamos a rir juntos, quando, de repente, fomos interrompidos por duas garotas.

Uma delas transmitia uma ansiedade enorme ao me ver, a outra não estava muito empolgada, sendo nítido em seu semblante, instigando a minha curiosidade. Quem não ficava empolgado perante mim?

Pedaço de Mau CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora