Capítulo 7

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A famosa cantora Marina Schneider não sabia do perigo que a cercava ao trazer o seu amante para um motel, apenas estava focada no lindo corpo e no rosto do rapaz que saía do carro junto com ela às 17:00 horas da tarde. Ambos de braços dados, caminhavam em direção à entrada daquele ninho de amor sem notar o clarão que surgira de repente. Ao desaparecerem em um dos quartos para fazerem sexo, um homem escondido atrás do Fiat Punto se revelou para o estacionamento com uma máquina fotográfica e sorrindo satisfeito diante do flagra que dera.

Ao distanciar-se das imediações do motel, ele foi para o seu veículo que estava parado do outro lado da rua, entrando, ligou a máquina e verificou o prêmio que conquistara, uma traição. Aquela foto renderia uma boa quantia em dinheiro pela bomba que descobrira. Amanhã de manhã os tabloides pegariam fogo com essa revelação arrasadora.

Ele ligou o motor, indo embora.

Enquanto dirigia, a mente dele já pensava nas próximas vítimas que faria no dia seguinte. Não havia remorso em seus sentimentos, apenas sabia que a função de paparazzi, no caso do estilo dele, era pegar algo comprometedor de um artista. Alguns poderiam achar que era falta de respeito invadir a privacidade alheia, mas esses moralistas não sabiam como uma boa imagem poderia render uma grana mais que gostosa.

O trânsito de São Paulo estava iniciando o horário de pico, muita gente começando a retornar para casa depois de um longo dia, criando já aquele movimento lento na Avenida da Consolação. Carlos não se incomodava com isso, só esperava o momento certo de chegar à redação da revista para entregar sua mina de outro, enquanto isso, ligou o rádio e conectou o celular ao cabo USB e pondo a música We don't Talk Anymore num volume que o agradava e curtiu o som.

Com a música rolando à solta dentro do automóvel, pareceu que o tempo passara mais rápido, assim como o trânsito, ajudando-o a finalmente a se aproximar do enorme prédio da Editora Cores que ficava na Avenida Faria Lima.

Carlos desligou o motor, pegando a câmera fotográfica que estava no banco do passageiro, sorrindo.

Como era uma figura conhecida, não precisava de apresentações. Simplesmente pegou o elevador e indo ao andar respectivo.

A redação da Revista Conte Mais estava agitada de jornalistas que corriam de lá para cá e outros que permaneciam nos seus computadores escrevendo ou mexendo no celular.

O paparazzi avistou o alvo, a sala do redator-chefe. A porta estava semi-aberta, não sendo nenhum empecilho.

- Mas que droga, Ana! A matéria precisa está pronta hoje para a impressão da revista amanhã nas bancas! - O redor-chefe berrava ao telefone. - Não me interessa se está doente, quero essa reportagem na minha mesa pra agora! Entendeu? - Ele desligou o telefone com brutalidade.

Demorou alguns segundos até ele constatar a presença do fotógrafo, pois a sua raiva não havia passado quando estava gritando com a jornalista.

- Carlos, que prazer tê-lo aqui - falou numa falsa bajulação que beirava a nojo. - Espero que tenha um material bom desta vez.

- Eu sempre tenho um material de qualidade - rebateu de modo educado -, se não você não teria as melhores fofocas do país.

- Tá bom, tá bom. Me expressei mal - disse falando por falar. - Por favor, sente-se.

Ele tomou o assento.

- Trouxe algo que fará sua revista fervilhar, Emanuel.

- E o que seria? - perguntou aguçando o interesse.

- Flagra de traição - respondeu de modo vitorioso.

- Assim que eu gosto - falou empolgado. - De quem?

Pedaço de Mau CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora