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JJ

   Desperto com um cheirinho gostoso de melancia invadindo meu nariz sem pedir licença, não que precise; Eu sentiria esse cheiro todos os dias se pudesse.
  S/N está acolhida em meus braços, a respiração calma, dormindo como uma bebê. Não sei como sair daqui sem acordar ela, não quero sair mas ao mesmo tempo não sei o que fazer.
  Essa situação é pior do que a do pós-sexo que você só quer que seja sexo. Não quero olhar pra S/N agora de manhã e ter que agradecer (apesar de ser extremamente grato ao que ela fez essa madrugada por mim) mas não quero responder as perguntas que eu sei que ela tem mas educadamente não fez ontem, não quero encarar a realidade de que alguém além dos meus irmãos viram meu lado vulnerável, não quero que ela sinta pena de mim e por isso abaixe a guarda.
  Tiro delicadamente meus braços de sua cintura e por impulso, vulnerabilidade ou gratidão, deposito um beijo em sua bochecha fofa.
  Caminho até minha casa, antes de entrar me certifico de tirar os sapatos para não fazer barulho e acordar o desgraçado que sei que depois do porre de ontem está dormindo como se nada tivesse acontecido.

* Flashback noite passada - JJ *

    "Você já foi melhor JJ, saiu de uma noite da fogueira com várias mulheres te dando mole sem ficar com ninguém" Minha mente me recorda disso.
  Não sei mesmo que me aconteceu essa noite, acho que os desafios indiretos e os joguinhos da amiga de Kie me nocautearam de jeito.
  Vou pra casa lá pelas 01:30 da manhã e assim que entro em casa sou surpreendido por um enforcada e soco na costela. Meu pai, é claro.
- Por que você não pagou minha dívida com o Barry, seu miserável. — Grita ele depois de me chutar mesmo depois de eu ter caído no chão.
- Anos te aturando, olhando pra essa sua cara de merda. Vendo você crescer e ser nada mais nada menos do que um bosta, um ninguém.— Ele me da outro chute.
- Vendo todos os dias a vadia da sua mãe em você — Outro soco. — E nem assim você é capaz de retribuir tudo o que te fiz?
  TUDO O QUE ELE ME FEZ???? Quero gritar mas não tenho forças, estou cuspindo sangue. Do chão o vejo desabotoar o cinto da calça e enrolando em suas mãos.
- Você é a verdadeira desgraça da minha vida, a vergonha dos Maybank. — Diz e em cada palavra me bate do lado do feche do cinto tirando pedaços da minha pele.
  Chega, levanto segurando o abdômen com uma mão e com a outra soco a cara do miserável. Outro soco, mais um, dois chutes é o que consigo dá antes dele vir pra cima novamente e me jogar pra fora de casa enquanto grita:
- Não volte aqui nunca mais, NUNCA MAIS. — Ele caminha até mim, se abaixa até mim e diz pela primeira vez uma verdade.
- Eu te odeio, seu filho da puta. — Me da outro soco e sai, me deixando lá morto por dentro e arrebentado por fora.

*Fim do flashback*

   Entro em casa com bastante medo de acordar meu pai. Pai. Dou risada da ironia do destino por ter me concedido um miserável como pai.
  Pego minha mochila e jogo nela tudo o que acredito ser de essencial. Uma lágrima me escapa mas a seco tão bruscamente para que não dê tempo de outras se formarem.
  Ele me mandou ir embora, me jogou pra fora a chutes como se eu fosse um lixo. Passo as mãos pelo cabelo numa tosca tentativa de afastar as lembranças, não consigo, fazem parte de quem eu sou.
  Recolho tudo, faço uma cena de adeus antes de sair do meu quarto que por muito tempo foi o meu refúgio e estou indo em direção a porta quando a voz grave me alerta.
- Espero que um dia você precise de mim só pra eu ter o prazer de lhe dizer não. — O desgraçado acordou e se achou no direito de dirigir a palavra a mim.
  Respiro fundo e pego o chaveiro tirando as chaves da casa dele e as posiciono em cima da mesa.
- Espero que você nunca precise de mim também e ache um jeito de pagar sua dívida com Barry. — Digo olhando em seus olhos antes de lhe dar as costas.
- Você vai pagar, garoto. Nem que seja com a vida. - Ele grita e mesmo eu já estando afastado, consigo ouvir.
Por um segundo essa frase me trás um aperto no peito e massageio o mesmo para a dor se dissipar.
  Caminho até a casa de John B torcendo para que estejam todos acordados e que ele possa me abrigar no palácio pela vida inteira.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora