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S/N

- É VERDADE, ELA ESTÁ GRÁVIDA. — Emma grita o óbvio, novamente.
- EU JURO, ELA ESTÁ.
- Isso é verdade? — Kiara pergunta, virando do banco de passageiro para olhar em meus olhos.
Respiro fundo, expiro, controlo meus batimentos cardíacos e só então, me pronuncio.
- Estou grávida. — Praticamente sussurro.
- EU DISSE!! POR QUE VOCÊS NUNCA ACREDITAM EM MIM? — Emma festeja.
- Eu não... — Kie tenta balbuciar algo mas já está chorando.
- PARABÉNS, TIA S/N!!! — Matilda joga-se em meus braços.
- É verdade. — Emma desprende-se do cinto de segurança da cadeirinha.
- PARABÉNS, TITIA. VOCÊ VAI TER UMA MINI-EU.
- Por que eu... Por que você não me disse antes? — Kiara parece tão atordoada que nem ao menos consegue raciocinar.
- Sabia? — Pergunto me desvencilhando do abraço das meninas.
- Hum... Não sabia? — Faço cara de lamúria.
- Então agora você está sabendo. — Sorrio, ironicamente.
- Mas será possível... — Kiara tapa os próprios lábios.
- É UM BEBÊ.
- MEU DEUS, É UM BEBÊ. — Ela grita novamente.
- VOCÊ FINALMENTE VAI DÁ UM FILHO AO JJ. — A morena debruça o corpo sob o meu.
Seus braços entrelaçam a minha cintura, suas lágrimas molham meus ombros, suas palavras de felicitações ecoam pelos meus ouvidos e a energia emitida por ela, transparece em mim.
- Meu Deus eu já sou a tia mais realizada do mundo. — Ela afasta-se para secar os olhos e só então me dou conta de que os meus estão tão molhados quanto os dela.
- Bebê, sou eu. — Ela agacha-se e fala diretamente com a minha barriga.
- Eu já te amo tanto, amor... — Funga com força o nariz.
- O meu nome é Kiara Carrera, eu tenho vinte e um anos, sei surfar desde os nove, faço colares de miçanga, adoro passar o dia na praia, apreciar a lua... — Kiara narra toda sua personalidade.
- Isso não é uma entrevista de emprego. — A fala de Emma faz com que todos nós desatemos na risada.
- É a emoção em ser tia. — Ela sorri de nervoso.
- Madrinha. — Conserto-a.
- COMO É? — Seu grito estrala meu ouvido.
- Kiara Carrera, morena, surfista, empresária... — Imito seu jeito de falar.
- Você aceita ser a madrinha do meu filho? — Sorrio de orelha a orelha.
- Repete. — Ela praticamente implora.
- Repete, por favor. — Suas lágrimas escorrem descontroladamente.
- Você aceita ser a madrinha... — Seu grito interrompe meu pronunciamento.
- AI MEU DEUS. — Ela joga-se novamente em meus braços.
- VOCÊ É O VERDADEIRO AMOR DA MINHA VIDA. — Seu grito apesar de latejar minha audição, reconstrói o meu coração.
A maternidade é amedrontador; O início então, é absurdamente temoroso.
O receio cerca, o medo entala, os traumas corrompem.
Ter Kiara aqui e agora, comemorando a chegada de um filho nem um pouco planejado, provindo de um aborto, desencadeando tudo aquilo que guardei a sete chaves, desfazendo as promessas, desfazendo os meus critérios e principalmente magnificar todos os meus antigos ideias, é o incentivo que preciso.
  Definitivamente é uma honra ter a minha melhor amiga como madrinha do meu segundo filho.
- EU ACEITO, EU ACEITO, EU ACEITO, EU ACEITO... — Ela repete incansáveis vezes, distribuindo beijos por todo meu rosto.
- Aceitaria milhares de vezes se fossem necessárias. — O sussurro no meu ouvido faz com que as lágrimas saltem dos meus olhos sem pedir licença.
- Eu... — Sua voz fraqueja.
- Eu daria a vida por você.
- Não, pelo amor de Deus não. Esse lance de dá a vida pelo grupo já foi longe demais. — Faço duas referências e a risada gostosa que escapa de seus lábios, sinalizam de que ela também entendeu.
- Não interessa. — Kiara olha fixamente em meus olhos.
- Eu faria de tudo por vocês. — Suas mãos repousam em cima da minha barriga e acariciam de leve as mesmas.
- Obrigada, Kie. — Falo com a voz manhosa, devido ao choro.
- Para sempre, certo? — Ela pergunta ao mesmo tempo em que estende o dedo mindinho.
- Mesmo que um dia eu me afogue catando conchinhas na praia e eu perca a memória, eu nunca me esqueceria da nossa amizade. — Relembro nosso pacto.
- E nem se um caminhão passasse por cima da minha cabeça e eu virasse purê de batata, ainda assim eu não me esqueceria de você. — Ela conclui.
- Nós somos para sempre, Kiki. — Ponho uma das suas mechas de cachinhos, atrás da orelha.
- Para todo sempre. — Selo nossos dedos.
- Obrigada, S/n. — Seus braços entrelaçam novamente a minha cintura.
- O prazer é todo meu. — Respondo e em questão de segundos, estamos sorrindo felizes da vida, uma para outra.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora