Me ame ou me odeie- JJ Maybank

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JJ

- Boa tarde, príncipes. — Digo, enquanto abro a porta do castelo.
- E princesa. — Sorrio para Kie que descasca uma banana dentro da cozinha.
- Você está atrasado. — Rafe faz questão de enfatizar, assim que sai do banheiro com os cabelos molhados e uma toalha amarrada na cintura.
- Eu trabalho. — Respondo a altura, enquanto adentro o cômodo.
- Tudo bem? — Cumprimento Kie com um beijo no topo da sua cabeça e um cheiro no cangote.
- Por que não está com às meninas? — Pergunto logo em seguida.
- Porque fui deixar a Gabi no aero... — Ela para de falar no exato momento em que nota meus olhos arregalados.
- A Gabriella foi embora? — Esbravejo.
- Não, a Matilda foi embora.
Sua mão direita ergue-se no topo das bochechas e enxuga as lágrimas que escorrem de seus olhos.
- Está falando sério? — Sinto meus olhos lacrimejarem tanto quanto.
- Aí, cara... Você sabia que a Matilda já foi embora? — Pergunto para John que esparrama-se no sofá da sala.
- Não, ela foi embora? Sem despedidas? — John B esbraveja, tão estressado quanto.
- Vocês sabem que a Matilda é uma pessoa fria, ela... — Pope tenta contornar a situação assim que se desatenta da partida de futebol que assiste e concentra-se na conversa.
- ELA É UMA CRIANÇA!. — Grito, estressado.
- E VOCÊ ESTÁ AGINDO COMO UMA!. — Kiara revida, aos berros.
- AH, KIE... ME DESCULPE POR TER SENTIMENTOS!.
Reviro os olhos, tão estressado, com uma veia pulsando em meu pescoço que por agora, só preciso está longe desse ciclo e espairecer a cabeça.
Piso forte, em direção ao quarto de visitas e ao abri a porta, dou de cara com Rafe Cameron de frente para o espelho, penteando os cabelos, utilizando somente uma cueca box preta.

- Oh cara, desculpa. — Tapo os olhos e estou prestes a fechar a porta e respeitar sua privacidade, mas o Cameron me interrompe.
- Entra ai, idiota. Acha que não escutei os berros vindos dai de fora? É melhor que fique aqui dentro e se poupe de matar todos os seus amigos e deixe que eu mesmo mate você.
Rafe sorrir ironicamente, no canto dos lábios, o que me impulsiona a sorrir também.
- Porque você não vai a merda? — Digo, enquanto me jogo na cama, ainda estressado.
- Só não lhe digo o mesmo porque sinceramente? Acho que você é o próprio saco de bosta. — Ele dá de ombros.
- Hahaha, muito engraçado. — Reviro os olhos.
- Você sabia que ela iria embora? —Pergunto, completamente magoado.
- Não, não sabia. — Rafe responde na lata e francamente, acredito que esteja sendo sincero.
- O que chega a ser hilário a Kiara está por dentro da situação e nós não, quando nossas mãos pingaram sangue do tanto que esmurramos a porta do camarim para tirá-la de dentro. — Rafe fala, reflexivo.
- Pois é. — Suspiro.
O Cameron veste a camisa polo, azul marinho, a calça jeans escura, o sapatênis preto, amarra o cinto na cintura e admira-se no espelho.
- Uma delícia. — Ele diz, para seu próprio reflexo.
- Você é o puta homem mais gostoso deste mundo. — Permanece com o narcisismo.
- Argh. — Tapo os próprios ouvidos com o travesseiro.
- Você é doente.
Sinto um corpo jogar-se em cima do meu e dentes morderem forte meus ombros e quase não acredito que Rafe Cameron esteja fazendo isso justamente comigo.
- Você é louco, porra? — Grito.
As gargalhadas escapam dos meus lábios no exato momento em que seus dedos futucam a minha costela e distribui cócegas por toda minha barriga.
- RAFE SEU PUTO. — Grito.
- Ah JJ, não aguenta uma cosquinha? — Ele diverte-se com a situação, gargalhando tão alto quanto eu.
Acho graça de como Rafe readaptou sua vida ao ponto de trocar a palavra cócegas por 'cosquinha', somente para enquadrar sua filha em sua vida, rotina e linguajar.
Acho ainda mais engraçado o quanto aquele homem marrento, grosseiro e egoísta, tornou-se um cara sociável ao ponto de cravar os dentes em meus ombros e brincar com os dedos em minha vulnerabilidade.
As suas brincadeiras, apesar de infantis, desencadeiam risadas gostosas de dentro de mim, o que me surpreende já que nunca me imaginei cultivar uma memória tão boa com Rafe Cameron.

- Admita que serei o padrinho do seu filho e eu juro por Deus que solto você. — Ele diz, em meio as risadas.
- Eu ju-juro! — Respondo, gargalhando ainda mais.
- Ah, mano... Você gaguejou? Foi isso mesmo que eu escutei? — Rafe intensifica as cócegas e minha risada eleva-se ainda mais o som.
- EU PROMETO, RAFE!. PROMETO QUE VOCÊ SERÁ O PADRINHO DO MEU FILHO.
E então, poucos segundos depois de eu admitir isto, a porta da frente é aberta rapidamente.
- Como é, J? Rafe Cameron será o padrinho do seu filho e eu não? — John B arregala os olhos.
- Irmão, nós agora temos um problema... — Pope intromete-se.
- E eu tenho quase certeza de que não conseguiremos resolvê-lo.
- Porque eu sinto que isso foi tudo manipulado? — Arqueio a sobrancelha e o Cameron escancara o sorriso.
- Porque apesar de ter me tornado pai, eu ainda sei persuadir as pessoas. — Ele responde, com um sorriso sarcástico nos lábios.
- Querem parar com a palhaçada? — Pope estressa-se.
- Até porque toda essa porra não está favorecendo UM PINGO de graça. — John esbraveja.
- Eu quero que você admita agora quem de nós batizará o seu filho. — Pope cruza os braços abaixo do peito.
- Quer saber? Vocês tem TODA razão. — Rafe parece compromete-se com a situação.
- Eu lhe dei a minha filha de bandeja, não hesitei quando praticamente implorou para batiza-lá e eu juro que se você não retribuir isso... — Interrompo sua fala, em um grito desesperador.
- EU NÃO SEI, TÁ LEGAL? — Esbravejo, com lágrimas nos olhos.
- EU NÃO CONSIGO ESCOLHER UM DE NÓS, PORQUE CADA UM DE VOCÊS... — Minha voz fraqueja, as lágrimas escorrem, minhas mãos soam descontroladamente.
- FAZEM PARTE DE QUEM EU SOU. ENTÃO SE QUEREM SABER A VERDADE, EU SOU UM FRACO, IMATURO E INCOERENTE QUE NÃO SOU CAPAZ DE DECIDIR OU PRIORIZAR UM DOS MEUS IRMÃOS.
- EU PRECISO DE ALGUÉM QUE SEJA TÃO LOUCO E TÃO IMPULSIVO QUANTO EU, AO PONTO DE SER CAPAZ DE DÁ A VIDA PELO MEU FILHO COMO VOCÊ FARIA, RAFE CAMERON. PORQUE EU SEI, BRO... MESMO QUE NÃO ADMITA, SEI QUE DARIA A VIDA ATÉ POR MIM. — Digo olhando em seus olhos.
- PRECISO DE ALGUÉM COM A ENERGIA RENOVADA, CONTAGIANTE E LEVE COMO A SUA, JOHN. QUE O ENSINE A SER PERSISTE, FORTE E IMBATÍVEL COMO VOCÊ É, COMO O HOMEM QUE VOCÊ SE TORNOU E COM O LEGADO QUE O BIG JOHN DEIXOU PARA NÓS, PARA QUE O
MEU FILHO TENHA O EXEMPLO DE UM SER HUMANO TÃO EXTRAORDINÁRIO QUANTO VOCÊ.
- EU PRECISO DE ALGUÉM COM O INTELECTUAL INDESTRUTÍVEL COMO O SEU POPE, PARA QUE VOCÊ POSSA CRIÁ-LO PARA O MUNDO E SUAS INCÓGNITAS, PORQUE EU NEM AO MENOS SEI O QUE SIGNIFICA ISTO APENAS ESTOU REPRODUZINDO O QUE EU ESCUTO. PRECISO DE UM PADRINHO QUE O GUIE PARA O LADO CERTO DA FORÇA E O FAÇA DESLUMBRAR A MENTE EXTRAORDINÁRIA QUE TEM E FAÇA VOCÊ, POPE HEYWARD, COMO INSPIRAÇÃO DIÁRIA. PORQUE SE TEM ALGUEM QUE EU ESPERO QUE O MEU FILHO TENHA TAMANHA SEMELHANÇA, ESTA PESSOA É VOCÊ.
Grito, chorando freneticamente, enquanto às lágrimas escorrem e ardem os meus olhos ao ponto de deixarem os mesmos tão vermelhos quanto os de um drogado.
- Não consigo escolher um de vocês. — Sussurro baixinho, cabisbaixo.
- Não consigo porque separados somos incompletos e juntos... — Estou falando mas John B tira as palavras da minha boca.
- Somos indestrutíveis, irmão.
Seus braços amparam o meu corpo que de tão fragilizado, praticamente implorava por um abraço.
- Acho que o padre se assustará um pouco e talvez o Papa venha atrás de nós por contrariar todas as ordens religiosas e acatar os dogmas católi... — Pope diz, tão nervoso, ao ponto de falar por segundo.
- Só cala boca, por favor. — Rafe o puxa para um abraço e se junta, com todos nós.
Estamos abraçados, emocionados e chorosos ao ponto de demonstrar tamanha vulnerabilidade uns para os outros.
- Isso foi tão gay... — Kiara diz, em meio as risadas, mas ao suspender o olhar e enxerga-lá encostada na porta, percebo o quão emocionada está tanto quanto nós.
- Se este momento sair deste quarto... — Rafe interrompe o contato, afastando-se, secando os olhos.
- Você jura por Deus que mata todos nós, já sabemos disso. — John B o puxa novamente para abraçá-lo.
Somos humanos, é isso que fazemos: Nós nos importamos.