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S/N

  Morta, minha mãe está morta. Já é a terceira vez que minha mente me obriga a lembrar desse fatídico fato (as vezes acho que meu próprio subconsciente é meu maior inimigo) afasto o pensamento e me concentro na paisagem mudando pelo vidro do carro.
  Estou em Outer Banks, minha cidade natal; Como senti falta daqui, desse tom laranja como se tivessem pintado o ar, do vento forte balançando meus cabelos, de brigar com os Pogues e logo após correr pro mar e esquecer da rivalidade, éramos crianças e éramos tão felizes...
  Me pergunto pra qual lado cada um foi, qual caminho seguiram, será que ainda vivem aqui em Obx? Será que se lembram de mim? "Óbvio que não, S/N, vocês tinham 9 anos." É verdade, já se passaram quase 10 anos que fui embora e não mantive contato com nenhum deles, afinal minha mãe fez questão disso, fez de tudo pra apagar Outer Banks da nossa história e do nosso vocabulário como se a época que vivíamos aqui nunca tivesse existido e virasse tabu entre nós.
- É aqui, senhorita? — O motorista me trás de volta a realidade quando paramos em frente a minha antiga casa.
- Isso mesmo, obrigada — Pago a viagem rapidamente e salto do banco como se houvessem pulgas.
  Corro em direção a minha casa com um sorriso e felicidade que não sentia a um bom tempo mas que por uma fração de segundos despertou em mim. Estou em casa. Estou na minha casa, no meu lar.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora