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JJ

- E então, já decidiram os pedidos? — O garçom pergunta, ao nosso lado da mesa.
- Um milkshake de chocolate com fritas e para ela... A mesma coisa? — Pergunto meio incerto.
  S/n está observando o cardápio em suas mãos com tanta fissura que realmente me assusto com tamanha fome.
- Acho que não. — Ela sorrir, maliciosamente.
- Vou querer dois Steak de churrasco, carne e cheddar duplos!. Uma fritas supreme, recheada com calabresa, queijo e molho da casa... — S/n faz uma pausa mas algo em seus olhos me dá a certeza de que ainda não finalizou seu pedido.
- Três porções de nugget's com molho barbecue, dois milkshake's de ovomaltine e... — Suspira, observa atentamente o fichário em suas mãos e fecha completamente o cardápio.
- Acho que só. — Sorrir.
- Só? — Eu e o garçom respondemos na mesmíssima hora, perplexos.
- A senhora deseja mais alguma coisa?
- Ah, uma água o mais rápido possível. Estou morrendo de sede.
  S/n balança-se na cadeira, como uma criança na fila do brinquedo, esperando sua vez.
  Seus olhinhos apertados, contentes, exalando tamanha felicidade existente neles, com um brilho surreal -capaz de iluminar a cidade inteira e o meu coração-.
  Seu olhar projeta a cor do meu abismo, como a minha dose diária de paz.
  Remexe-se na cadeira, enquanto aguarda ansiosamente o lanche. Hora ou outra futuca a própria barriguinha, sussurra consigo "calma piolhinho, já vamos comer", suspende os olhos e me entrega um sorriso tão lindo quanto as obras de Monet.

- Temos que conversar sobre algo. — Ela inicia a conversa, enquanto pega a garrafa de água que o garçom trouxe em nossa direção.
- Obrigada. — S/n agradece, sorrindo docilmente.
- Precisamos escolher entre a Kie ou a Sa e o John e o Pope.
- Para que? — Pergunto, intrigado.
- Para batizar o nosso bebê.
- Ah para, você nem ao menos é religiosa. — Dou de ombros.
- Eu sei mas se morrermos eu gostaria de saber que pelos concebimentos divinos, alguém tem a obrigação de cuidar do nosso bebê.
- Verdade. — Respondo, reflexivo.
- Essa é fácil, John e Sabrina.
- Acontece que eu já convidei a Kie para batizá-lo... — Ela suspira.
- Ah, droga. — Murmuro, frustrado.
- Eu não quero abrir mão do John. — Bato o martelo.
- Eu não quero abrir mão da Sabrina. — Ela me enfrenta.
- Conheceu ela a o que? Dois dias? — Ironizo.
- Vai se foder. — S/n ergue o dedo do meio.
- Vou dizer ao Pope que você tem preferências.
- Não é questão de preferência e sim afinidade. Heyward sabe o quanto o amo, mas... John é o meu coração fora do peito, me abriga na casa dele desde que me conheço por gente, já removeu uma bala de dentro do meu corpo, ficou acordado noites para se certificar de que eu estava respirando, me ajudou em uma overdose...
- Pense comigo. Amo a Gabi, amo tanto aquela pestinha insolenta... — Sorrio comigo mesmo.
- Mas priorizaria a Kie por questão de tempo, entende? Não que isto signifique algo, entendo que a Sa foi importante para você em um momento tão crucial da sua vida, mas não se esqueça de que a Kiara só não exerceu esse papel porque você não concedeu espaço.
- Então se a minha opinião valha de alguma coisa... — S/n me interrompe.
- Você prefere John B e Kiara, eu entendo... — Ela suspira.
- Pode escolher com o coração, marrentinha. Irei lhe apoiar mesmo que me diga que colocará o Barry como padrinho do nosso filho. — Brinco e sua gargalhada alta ecoa pelo ambiente.
- Você vai fazer a escolha certa, eu sei disso.
Entrelaço minhas mãos nas suas e acaricio seus dedinhos trêmulos.
- Foram aqui que solicitaram o estoque mundial inteiro do Mc? — O garçom ironiza, com duas bandejas nas mãos e mas duas pessoas atrás de si com o restante do nosso pedido.
- Ai meu Deus, esta imagem mais parece uma animação da Disney... — S/n sorrir de orelha a orelha, enquanto observa os lanches serem expostos na mesa.
- Está sentindo isso, Baby? — Sua voz sai um tom infantil a qual nunca havia escutado antes e não consigo segurar a gargalhada.
- Isto é o paraíso em forma de pecado. Mas daqui a alguns meses estarei inchada de qualquer jeito e o seu pai... — Interrompo sua fala.
- Lhe desejarei ainda mais. — Imito sua voz de bebê.
- Ouviu isto, filho? Quando ele aparecer com outra piranha magérrima, mais nova, bonita e gostosa na garupa do carro, espero que se lembre dessa promessa.
- Eu já tenho a garota mais linda do mundo ao meu lado, na garupa do carro, a minha frente no restaurante... — Sorrio, encarando ainda mais os seus olhos que vibram em resposta.
- Acha que alguém se compara a tamanha magnitude?
- Com certeza não. Eu sou espetacular.
  S/n joga os cabelos e sorrir com o canudo da bebida entre os dentes, e o meu coração reage da forma mais esbaforida possível.
  Apreciando-a, tão linda como de costume e tão raramente leve, relaxada e feliz, só consigo enaltecer o ser humano extraordinário que ela se tornou.
  S/n é como música calma que embala o meu coração em batidas frenéticas e calmas, na mesma sintonia que seus cabelos balançam a cada movimento que seu corpo faz.
  Ela é o meu sol, enquanto se delicia com seu milkshake de ovomaltine, a boquinha completamente suja e os dentinhos pretos de chocolate.
  S/n é a flor mais bonita do meu jardim e todos os dias eu preciso e quero rega-lá, cativa-la e protegê-la.
Seu sorriso compõem todas as cores do arco-íris e seus olhos refletem todos os tons do pôr do sol no final de um dia agitado.
É a minha calmaria diária. Só Deus sabe a sorte que tenho em tê-la.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora