Me ame ou me odeie- JJ Maybank

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* Quebra de tempo — 8º mês *

S/N

Entrei um dia em uma farmácia e a atendente me perguntou se eu esperava gêmeos. A barriga já estava tão grande que era difícil acreditar que ainda poderia crescer mais. E olha que o bebê, que agora já tinha cerca de 1,5 kg, ainda dobraria de peso.
De tão grande e apertado lá dentro, de vez em quando dava para ver um pezinho meio Alien se arrastando sob a pele da minha barriga. É tudo ao mesmo tempo assustador e muito engraçado.
O bebê já está de cabeça para baixo e o útero agora está tão grande que pressiona o diafragma, e respirar parece cada mais difícil.
Com retenção de líquidos, meu corpo está inchado. Ao fim do dia, meus pés parecem pantufas.
Estou contando os dias para o final da gestação e não aguento mais de curiosidade para ver que cara o bebê lá dentro tinha.
Também sinto que terei saudade dessa barriga. Afinal, à essa altura eu já aprendi a conviver com ela e é perfeita para apoiar o balde de pipocas durante um filme.
Uma das crendices mais comuns, tentar adivinhar o sexo do bebê pelo formato da barriga é um método sem comprovação científica e é o que tanto eu quanto JJ fazemos 24h por dia.
Apostas loucas que nunca se tem uma resposta exata, mudamos de decisão por segundo. Nunca estamos certos sobre nossas escolhas e isto só aumenta nossa curiosidade.

- Tamanho da barriga... Trinta e dois centímetros. — Jane comemora.
- Uau!! — Exclamamos juntos.
- Mamãe, as contrações de treinamento podem se iniciar agora e isso é totalmente normal, já que o corpo está se preparando para o grande dia. — Ela alerta.
- Mas, sentiu uma contração intensa, bate o telefone: "Doutora, o bebê vai nascer" e eu venho correndo até vocês.
- Já deixa o hospital agendado, sem dia exato, com o meu nome na observação como obstetra principal do parto, ok?
- Este hospital é muito complicado. Me lembro de um parto que precisei fazer às pressas e não tinha licença para atuar no hospital e quase não pude gerenciar a cirurgia. E a gestante entre a vida e a morte, o pai partiu para cima do balconista e tome-lhe murro... Foi um sufoco!. — Jane narra, ofegante.
- Foi o parto da nossa sobrinha. — Digo em meio às risadas.
- Nossa, que coincidência! — Ela sorrir de orelha a orelha.
- Como ela está? Nunca mais tive notícias, espero que esteja bem.
- Ah, ela está. É uma garota incrível. — JJ responde com um sorriso lindo nos lábios.
- Percebam que o bebê de vocês já fica de olhos abertos e se movimenta em direção a luz. Seu cérebro já está completamente formado e quase pronto para nascer. — Jane retorna ao exame.
- Ai que nervoso. — JJ diz, esquentando às mãos uma na outra.
- O vérnix está a todo vapor para cobrir a pele fina e delicada do bebê. Essa camada é uma espécie de gordura natural para proteger a pele do bebê do liquido amniótico.
- Nessa fase de 32 semanas de gestação, a grávida tende a ganhar mais peso e é mais do que comum ganhar mais do que o esperado.
- Parecem dias intermináveis, o cansaço está estampado em seu rosto inclusive pela falta de posição para dormir, mas calma mamãe... — Jane desliga o aparelho e sussurra no meu ouvido.
- Estamos quase na reta final!.
Ouvir esta frase já não me causa calafrios, nem embrulha o estômago ou parece desnortear os meus pensamentos.
Tenho aprendido muito durante a gravidez e se tem algo que digo com firmeza é que: filhos são seres genuínos.
Eles não ligam se a sua casa é grande ou pequena. Se sua casa é de tijolos ou de madeira.
Eles não ligam se você não se parece com as mamães da novela das 20:00. Para eles, você é a mulher mais linda do mundo.
Eles não ligam se você comprou para eles o brinquedo mais caro da loja do shopping ou aquele brinquedinho de R$10,00 da lojinha do canto da rua.
Eles não ligam pra cor da sua pele ou para o quanto você pesa. Ou se você estava sem maquiagem naquela foto de familia.
Eles te amam porquê você é a 'mamãe deles' e ponto.
Nunca foi sobre o que você têm ou o quanto você têm. Mas sobre o que você oferece à eles e de que forma você tem feito isso.
Ser mãe é sobre estar presente quando eles precisarem de você.
É sobre ele/ela, fazer aquele "showzinho" porquê caiu e se machucou, ou simplesmente porquê tá cansado, e você tomá-lo nos braços e dar aquele chameguinho que ele esperou receber.
É sobre você acordá-lo todos os dias com um sorriso no rosto pra que o dia dele já comece bom. E pra que ele saiba que mesmo se não for, você ainda estará lá, pra dar todo o apoio que ele precisa.