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S/N

Ele foi embora. Foi sem ao menos ter um motivo, sem despedidas, sem preparo nenhum. Se foi e me deixou sozinha, vazia e triste apenas com um bilhete em uma folha de papel rasgada como se nós não fossemos nada e eu não merecesse no mínimo uma explicação.
Assim que li achei que seria uma das brincadeiras de JJ e o procurei por cada cômodo dessa casa como se estivéssemos brincando de pique esconde.
Depois fui ao castelo de John e nada, nenhuma mísera notícia. Passei noites sem dormir, com o telefone colado de junto ao peito esperando alguma notícia, algum sinal.
Agora já se passaram cinco dias e eu sei, ele não vai voltar.
- Você sabe o que aconteceu, John. — Ouço Kie se exaltando mesmo tentando falar baixo pra eu não escutar.
- Ele foi fraco. Na certa ele viu que estava se apaixonando e fugiu, não é o que o JJ sempre faz? — Ela continua dizendo.
- Você não ouviu, Kie? Ele disse que a amava, fez ela se sentir a mulher mais especial desse mundo. Não se puxa o tapete de alguém dessa forma. O JJ não é assim Kie, eu sei que não. — John fala a última frase sai quase como um sussurro.
- Eu não sei de mais nada John. Eu só sei que a minha melhor amiga está enfiada dentro de um quarto a quase uma semana sem ânimo até pra tomar banho. Sabia que ontem precisei dá comida na boca dela, John? Ele foi embora, tá legal? Ele foi egoísta, fraco e não se importou com os sentimentos dela. A tratou como objeto e foi embora quando se cansou de usar. — Kie explode.
- Acredita mesmo nisso, Kie? — Minha voz sai trêmula.
- s/a... — Kie se envergonha ao notar que escutei o que ela disse.
- Pode ser sincera, Kie. Eu preciso. — Peço.
- Acredito. Acredito que o JJ foi embora porque se cansou de brincar de casinha. — Kie fala e John B olha feio pra ela.
- Não da ouvidos, s/n.— John fala estressado e segura meu rosto com as duas mãos e diz olhando em meus olhos.
- Precisa acreditar nisso aqui. — Ele diz apontando o dedo em meu coração.
- Porque isso aqui, s/n é a única coisa que importa agora. Precisa acreditar e não se esquecer do amor que ele sente por você, do amor que sentiam um pelo outro. — Sinto minhas lágrimas escorrerem e John enxuga com o polegar.
O abraço forte e e John desce junto comigo quando fico sem forças e sento no chão. Ele está apertando meus ombros que agora tremem pois estou chorando descontroladamente e faz carinho no meu cabelo enquanto repete várias vezes: " vai ficar tudo bem, s/a. Eu prometo."

☀️

Vivo como se estivesse em estado vegetativo. Acordo e sempre tem algum lanchinho ao lado da minha cama, tomo alguns remédios pra sono e volto a dormir.
Meus amigos estão preocupados, escuto os cochichos entre eles o tempo todo. Fizeram uma escalação na semana e todos os dias um deles deita na cama ao meu lado, tenta conversar mas no final só consegue enxugar minhas lágrimas até eu dormir.
- Já sei, não preciso falar nada só deitar e dormir. — John fala enquanto deita do meu lado na cama.
- Você não precisa ficar aqui, John. Sério, você não tem outra coisa melhor pra fazer não? — Pergunto estressada.
- Vocês estão com medo de que eu cometa um suicídio? Pois então se vocês continuarem invadindo meu espaço eu vou acabar cometendo um assassinato. — Esbravejo.
- Pode tentar, não tenho nada a perder mesmo. — Ele fala a frase e meu peito se fecha fazendo meus olhos marejarem.
- Desculpa. — John diz baixinho.
- Essa frase dele nunca fez tanto sentido quanto agora. — Digo baixinho e deito a cabeça no travesseiro para tentar dormir e escuto John fazer o mesmo.
- Ele vai voltar, John? — Pergunto já com o choro entalado na garganta.
- Eu não sei, s/n. Estou torcendo muito que sim mas se não... — Ele para pra respirar e pensar no que vai dizer.
- Eu prometo a você que juntamos cada pedacinho do seu coração partido, juntos. — Ele diz e me abraça ao perceber que já estou soluçando de tanto chorar. Fico assim por tempo o suficiente e mais uma noite, choro até pegar no sono.

☀️

Acho que consigo dormir mais ou menos por uma hora até despertar e ficar com insônia novamente.
Levanto e fico um bom tempo andando pela casa, checando as mensagens, a caixa de e-mail, o registro de ligações e nada, nenhum sinal de vida.
Posso me arrepender depois mas agora eu preciso fazer e é justamente por isso que pego o telefone pela primeira vez e telefono para JJ.
Todos os outros já tentaram entrar em contato com ele mas ele continua incomunicável.
Fico sentada esperando a ligação cair para caixa postal e falar tudo o que preciso dizer mas a chamada não vai pra caixa postal porque JJ atendeu.
JJ atendeu a minha ligação. Está em silêncio mas consigo escutar a sua respiração vindo da outra linha. Estou paralisada, não sei o que falar, o que fazer e por receio de que ele desligue logo em seguida ou que tenha atendido sem querer, uma frase solta dos meus lábios sem que eu perceba.

- Volta pra casa. — Peço com a voz chorosa.
- Eu fiz alguma coisa? Foi por causa do dia - mágico? Eu posso devolver o dinheiro do jantar, a gente não precisa mais fazer programa Kook ou infantil, eu prometo deixar você assistir campeonato de Surf no quarto mesmo quando eu já estiver dormindo, não vou me incomodar com o brilho forte da TV ou da toalha molhada em cima da cama. Lembra o que você me disse uma vez? Vamos fazer dá certo. A gente estava dando certo, não estávamos? Porque eu não consigo e nem quero acreditar que você não me ama ou então que mentiu pra mim esse tempo todo porque isso aqui J, isso não é destruição. É o sentimento mais puro e verdadeiro que eu já senti. — Preciso parar pra respirar porque metralhei tudo de uma vez só enquanto choro descontroladamente pelo nervosismo.
- Então por favor, me fala o que aconteceu. Não importa o que seja, eu preciso saber. Eu quero saber porque... — Me descontrolo em meio as lágrimas e respiro fundo para prosseguir.
- Porque eu dei a minha vida por você, J e eu pularia na frente de um urso se fosse necessário porque eu te amo e porque eu sei, mesmo depois daquele estúpido bilhete, que vocês faria a mesma coisa por mim sem nem pensar duas vezes. — Termino de falar e tenho certeza que escutei uma fungada da outra linha e um barulhinho de choro.
Estou pronta pra pedir que ele volte pra casa de novo mas quando olho o visor do celular JJ já desligou a chamada e se foi novamente.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora