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JJ

- Kate! — Chamo sua atenção no exato momento em que avisto a garota saindo do banheiro.
  Ela acena e apesar da distância, é perceptível seu sorriso largo.
  Seus pés movem-se a cada segundo, aproximando-se cada vez mais, até finalmente está ao meu lado.
- Oi, loiro. — Kate expande os lábios, tornando mais ainda perceptível seus dentes.
  Tento fazer a leitura das suas ações mas a garota ainda é uma completa incógnita para mim.
- Oi. — Digo por fim, dando dois passos para trás.
- Está com medo de mim? Eu não mordo. — Ela aproxima-se novamente.
- Só se você quiser.
  Joga a cabeça para o lado e instiga ainda mais o contato visual.
- Isso está longe de acontecer, pode ter certeza. — Respondo firme.
- Então há uma possibilidade? — O brilho estende-se em seus olhos.
- Absolutamente nula. — Dou um basta na situação e percebo a felicidade dissipando-se do seu corpo.
- Cadê a minha prancha?
- Era exatamente sobre isto que precisava falar com você... — Ela suspira.
  Pontos para minha namorada; S/n está completamente certa.
- A pergunta é simples, Kate. Cadê a minha prancha?. — Refaço a pergunta, já com a raiva espalhando-se em meu peito.
- Você não vai gostar muito disso, mas... — Futuca as unhas, como se estivesse criando coragem ao falar e finalmente quando consegue, vomita tudo de uma vez só.
- Minha mãe está muito, muitíssimo chateada com sua 'falta de profissionalismo', ameaçou tirar o Kevin das aulas para afastá-lo de você e exigiu que fosse buscar a prancha lá em casa, pois queria ter uma conversa séria com você.
- Na sua casa? — Arqueio a sobrancelha.
- A sua mãe está lá pelo menos?
- Cla-claro! — Gagueja mas recompõe-se rapidamente.
- É logo neste prédio da frente, vamos? — Kate abre a palma das mãos, na expectativa de que eu tome alguma atitude e entrelace as minhas mas a frustro completamente.
- Vamos. — Digo enquanto ando disparadamente a sua frente, tentando evitar ao máximo qualquer contato sobre nós.
  Essa garota, com toda certeza, não vai desencanar até conseguir o que quer e foder completamente com a minha vida.

🌞

   Abre a porta da frente e o silêncio se instala. Porque diabos parece que só temos nós nesta casa?
- Kate, cadê seus pais?.
  Olho sério para ela, cada vez mais estressado.
- Ah meu Deus... Mãe! Mãe!. — Ela grita, em um ato de encenação, como se não soubesse que estamos completamente sozinhos.
- Ah, Kate... — Jogo a cabeça para trás, cravo as unhas na palma, coço o queixo, passo a mão pelos cabelos e tento a todo custo controlar não só a respiração, como a raiva também.
- Ah, J... — Seus dedos passeiam pelos meus braços, de forma supérflua, em um ritmo sobe e desce.
- Uma mentirinha de nada não mata ninguém... Discorda?.
- Você está começando a vida agora, Kitkat... — Seguro forte seu pulso, interrompendo bruscamente o toque.
- Não estrague-a de uma forma tão baixa quanto essa. — Flexiono os joelhos, para ficarmos da mesma altura e olho profundamente por dentro das suas pupilas.
- Se humilhando para homem, ainda mais comprometido... Você é tão bonita, jovem, inteligente, não merece se submeter a esse tipo de coisa.
- Mereço um homem tão bom quanto você, não acha isso justo? — Seus olhos enchem-se de lágrimas.
- Sou digno somente para uma mulher específica, KitKat... Conforme-se com isso.
  Passo o polegar sob suas pálpebras e seco seus olhos marejados.
- Desculpa, JJ.
- Tudo bem, Kate. Você é só uma criança. — Digo por fim, levantando-me, ficando completamente de pé.
- Novamente, cadê a minha prancha?
- Lá em cima, vem buscar comigo?.
- Vamos, KitKat... — Passo meus braços sob seus ombros e a empurro, juntamente ao meu corpo.
- Prometa que não vai dá mais em cima de mim. — Peço.
- Prometo que não somente enquanto você estiver namorando. — Sua risada ecoa pelos meus ouvidos, logo após sua fala.
  Oh Kate, você é só uma criança...

🌞

S/N

  Demorou algum tempo, na realidade foi necessária algumas situações memoráveis e traumatizante, mas eu finalmente entendi; Quando uma pessoa realmente gosta de você, a gente sabe, a gente sente.
  Não porque nos apegamos a míseras expectativas, desejos carnais ou demonstrações simplórias, mas sim porque cotidianamente a pessoa prova -por sentimentos concretos e verdadeiros- o quanto é magnífica a vida ao seu lado.
  Estou no pedestal e fui colada lá sem precisar me esforçar muito, justamente porque namoro um homem íntegro o suficiente para me amar, enaltecer e apreciar do jeito que sou.
  Sem muitas delongas, dificuldades ou modificações. Me ama do jeito que verdadeiramente transpareço ser e me odeia ao contrário pelo mesmo motivo, sem que eu precise me diminuir ou mover o mundo para caber em sua vida; JJ reservou um espaço exclusivamente meu em seu coração sem que eu nem ao menos precisasse pedir ou implorar.
  Então se agora, o que ele precisa é de um voto de confiança, eu concederei sem problema nenhum e com a total convicção de que ele não irá estragar o que temos.
  JJ é inteligente demais para me perder duas vezes consecutivas.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora