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S/N

- Você não acha engraçado? — JJ pergunta fascinado, enquanto subimos a escadaria dos Cameron's.

- O que? — Curiosamente, pergunto

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- O que? — Curiosamente, pergunto.
- Tecnicamente, essa casa é dela e ainda assim é conosco que ela chega. — Ele esclarece.
- Assim parece que somos do baixo clero. — Olho abismada para o meu namorado que sorri abobalhado para a pequena garotinha que sobe a nossa frente.
- Baixo clero? Meu amor, eu sou o tio favorito; Tenha mais respeito.
- J... — Comprimo os lábios na expectativa de segurar a risada.
- Não, é sério. — JJ escancara o sorriso e olha-me de relance.
- Acho que ela prefere o tio J. — Seu olhar brilha como os de uma criança sonhadora.
- Você não pode competir com o Rafe. — Olho séria para ele.
- É o pai dela. — Destaco o óbvio.
- Os fios de cabelos da Emma são loiros como os meus; Quando sairmos na rua fingirei ser o pai dela por pelo menos alguns segundos.
- Você é louco. — Falo incrédula após sua idéia mirabolante.
- E este é o motivo quarenta e três pelo qual você não quer me dá um filho.
- Você fez uma lista? — Meus pés repousam no último degrau.
- Três delas. — Ele dá de ombros.
- Por que? — Instigo.
- Para me conformar. — JJ fala com a maior naturalidade do mundo.
- Três listas para entender o porquê nunca lhe dei um filho? — Um gosto amargo instala-se na minha garganta.
- Exatamente.
- E o que contém nelas? — Mais uma pergunta.
- O que mais teria? Os meus defeitos, é claro. — JJ olha dentro dos meus olhos e sinto uma martelada certeira no meu coração; Doeu.
- Ela nem ao menos me esperou... — Ele muda repentinamente o assunto.
Olho para frente e ao observar a porta da casa aberta é possível enxergar a cena explícita a nossa frente.
- FELIZ NATAL, PAPAI!!!! — Emma debruças-se sobre os braços de Rafe, enquanto o mesmo ajoelha-se no chão para ficarem da mesma altura.
- Feliz natal, princesa. — Seus braços fortes enlaçam a cintura da garota e as mãozinhas pequenas da filha afastam os cabelos que instem em cair sob os olhos do pai.
- Acha mesmo que pode competir com e... — Tento falar, mas sou brutalmente interrompida.
No exato momento em que o breve desvio do clichê entre pai e filha para o meu namorado, meus olhos chocaram-se com pares bastante conhecidos e ao mesmo tempo tenebrosos demais.
Não achei que vê-los novamente provocasse tamanho desconforto quanto o que sinto agora.
Uma voz na minha cabeça grita descontroladamente: "você esqueceu de avisar ao JJ que ele estaria aqui" e por mais que eu tente calá-la a todo custo, sei o peso da veracidade que o meu próprio subconsciente carrega.
Fui informada a mais de uma semana que o desgraçado que tentou e falhou miseravelmente acabar com a minha vida, infelizmente viria ao encontro do nosso natal em família; Passei três longos dias a procura do momento perfeito para notificar ao loirinho, mas não tive coragem.

- O QUE ESSE FILHO DA PUTA ESTÁ FAZENDO AQUI? — O grito de JJ não só extrapola os ruídos da minha audição, como informa a todos da casa nossa chegada.
- J... — Enfio-me em sua frente e seguro firme seu peitoral; JJ estava prestes a pular em cima de Barry.
- Você sabia? — Seus olhos decaem em cima dos meus e seus lábios sussurram para que somente eu possa escutar.
Balanço afirmativamente a cabeça, envergonhada e o ódio enraivece seus lindos olhos azuis.
- VOCÊ NÃO TEM VERGONHA DE COLOCAR UM BANDIDO SOB O MESMO TETO QUE A SUA FILHA? — JJ brutalmente desvencilha da barreira que fiz para impedi-lo e adentra o cômodo.
- TODOS VOCÊS PERDOARAM O QUE ESSE MISERÁVEL FEZ? — Seus olhos percorrem a sala, indignados com todos os convidados.
- ELE AMEAÇOU A SUA MULHER, PORRA!. — Suas mãos firmes empurram com total força o físico inabalável de Rafe.
- JOHN B CARALHO, AONDE ESTÁ O SEU MORALISMO? — Abismado, JJ recorre ao melhor amigo.
- Titia, vamos jantar lá dentro? — Sarah ajoelha-se até Emma; Só então percebo seu rosto molhado de lágrimas e a bandeja de biscoitos que a pequena levou horas preparando, esparramada no chão.
- VOCÊ ESQUECEU, KIARA? DA PÉSSIMA NOITE A QUAL VOCÊ PRECISOU PASSAR NO HOSPITAL GRAÇAS A ESSE MALDITO?
- OU MELHOR, DO CHORO ENQUANTO ELA PRESTAVA O DEPOIMENTO?
As veias em seu pulso tornam-se cada vez mais nítida graças ao punho cerrado e a raiva respinga gotículas de suor em sua testa; JJ está explosivo demais.
- VOCÊ DEVIA APODRECER NA CADEIA, BARRY. — Seu indicador ergue-se diretamente ao marginal que ironicamente, enfrenta JJ com o olhar.
- Você esqueceu quem ele foi para mim? — Rafe pela primeira vez, depois de muito controlar-se, fala alguma coisa.
- Um desgraçado que destruiu a sua vida, tirou todo o seu dinheiro, atirou na sua própria irmã e por pouquíssimo, não matou a sua filha. — JJ responde a altura.
- O Barry, ele... — Rafe controla a respiração.
- É o meu único amigo. — Sua fala veio seguida de um murro certeiro em seu maxilar.
- EU FUI O SEU AMIGO QUANDO PRECISOU DE ALGUÉM PARA ENFRENTAR O DESGRAÇADO E AGORA QUANDO NÃO SOU MAIS CONVENIENTE PARA VOCÊ, ME TIRA DO POSTO?
Em questão de segundos, Rafe inverte a posição, monta em cima de JJ e começa a esmurrar cada partícula do rosto do loiro.
- SE PRESTASSE AO MÍNIMO PARA OUVIR O MEU LADO DA HISTÓRIA, ENTENDERIA QUE POR MUITO TEMPO ELE FOI O MEU ÚNICO AMIGO. — O esbravejo do Cameron, ecoa pela sala.
- PARA RAFE, VOCÊ VAI MATA-LO. — O grito estridente de Wheezie, é o suficiente para desacelerar o irmão.
  Estou estagnada no chão, sem conseguir falar ou fazer nada; Paralisei completamente.
- FILHO DA PUTA, VOCÊ SABIA QUE ATÉ HOJE ELA CARREGA A CICATRIZ? — JJ berra, cuspindo sangue.
- A cicatriz não pode ser sobre uma cirurgia de três anos atrás, pelo amor de Deus. — A fala inusitada de Pope chama atenção de todos.
- Como é? — John B afasta os cabelos da frente dos olhos com a palma das mãos e inclina a cabeça para olhar em direção ao amigo.
- Como você sabe do corpo da minha mulher? — JJ retorna a estaca zero; Novamente está estressado.
  Meu coração gela, por um segundo sinto que parei de respirar.

Me ame ou me odeie- JJ Maybank Onde histórias criam vida. Descubra agora